28/11/2013 às 10:03

Área rural de Ceilândia tem maior produção de búfalos do DF

Em 279 hectares de terras, criadora trata animais com carinho e direito a área de lazer

Por Fábio Magalhães, da Agência Brasília


. Foto: Mariana Raphael

BRASÍLIA (28/11/13) – Embora seja uma cidade conhecida principalmente por ser o berço dos nordestinos e ter a maior população do DF, Ceilândia, no auge dos seus 42 anos, permanece com riquezas pouco conhecidas em sua vasta área rural. A região, além de abrigar belezas naturais, é o local de maior criação de búfalos do DF, com aproximadamente 500 cabeças.

 

Longe dos edifícios, dos monumentos e dos olhares dos moradores, a Fazenda Babaçu, no Núcleo Rural Boa Esperança, situado às margens da DF-180, em Ceilândia, foi a localidade escolhida, há 15 anos, pela paulista Leni Cândido da Cruz, 68 anos, para a criação dos búfalos.

 

“Antes de criar os búfalos eu criava bois, mas tinha muita alergia a carrapatos e o rebanho atraia muito esses bichos. A minha sorte foi que descobri que búfalos não têm carrapatos e então comecei a criá-los. De início, foram 15 fêmeas e um macho, e hoje chegamos a quase 500 cabeças”, explicou.

 

Divididos em vários piquetes –pequenas áreas de pasto-, o rebanho ocupa boa parte dos 279 hectares da propriedade rural que é cercada por eucaliptos e cortada por veios de água que saem de 11 nascentes –três delas descobertas pelos búfalos.

 

Foto Mariana Raphael 06

 

Para a criação, são oferecidos diariamente cerca de 60Kg de alimentos a cada um dos animais e para manter a fazenda abastecida, mensalmente, são adquiridas 7,5 toneladas de milho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), quantidade que é complementada por silagem produzida na propriedade.

 

Apesar de serem animais de grande porte, que pesam entre 600kg e 900kg, a criadora garante que são “extremamente dóceis” e mais fáceis de lidar do que bois. Por isso, as cercas dos currais não ultrapassam 1m de altura e os búfalos ainda contam com “áreas de lazer”, com sombra e água fresca.

 

“Criar búfalos é muito agradável, porque eles são mansos e tranquilos. Eles têm uma cara fechada, feia, que assusta, mas isso é só fachada. Dá muito prazer estar todo dia ao lado desses animais”, frisou.

 

PAIXÃO – Mesmo os bubalinos sendo grandes e colocarem medo em quem os vê pela primeira vez, Leni conta que eles são “curiosos e ótimos companheiros”, tanto que revelou que às vezes, para se desligar da correria do dia a dia, vai passear com o búfalo preferido, o de número 1083.

 

“Esse búfalo é o mais mansinho. Ele é o meu psicólogo. Quando preciso, vou passear pela fazenda e conversar com ele, e ele sempre me escuta com atenção e também encosta a cabeça em mim, como quem entende o que o outro sente. Ele é bem tranquilo e só tem 680kg, quase um filho”, brincou.

 

A tranquilidade dos animais, no entanto, é motivo de pânico para pessoas que invadiram a propriedade. Uma vez -lembrou Leni aos risos-, vendedores entraram com um veículo na fazenda e antes mesmo de chegar a sede foram interceptados pelos animais, que cercaram o carro e impediram a movimentação dos vendedores.

 

Nesta ocasião, segundo a criadora, foi necessário a presença de um dos ajudantes da fazenda para “libertar os vendedores acuados”.

 

PRODUÇÃO – Dados da Associação Brasileira de Criadores de Búfalos revelam que a carne desses animais possui características superiores à bovina. Se comparados, os bubalinos possuem 55% menos calorias, 40% menos colesterol e 12 vezes menos gorduras. Outro índice que torna a carne de búfalos mais indicada para o consumo é que ela possui 11% a mais de proteínas e 10% a mais de minerais.

 

Diante de todas essas propriedades da carne, demanda não falta, segundo a criadora. Porém, a oferta da carne ainda é pouca no Distrito Federal e conforme ela revela, poucos frigoríficos se interessam em vender esse alimento devido às exigências de qualidade feitas por ela.

 

“Temos uma dificuldade enorme para vender e também mão de obra para criar, para tirar o leite e para o abate. Ainda enfrentamos muita dificuldade, mas, mesmo assim, compensa criar esses animais”, disse Leni, que mantém um laticínio parado, desde 2010, por falta de mão de obra.

 

Mesmo diante das dificuldades, a criadora não desanima e conta sempre com o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater) que visita frequentemente a propriedade para acompanhar o desenvolvimento do rebanho.

 

Na fazenda, em uma paisagem exuberante, Leni afirma ser muito feliz ao lado de seu rebanho, na cidade que a acolheu para que pudesse tornar realidade o sonho de criar animais.

 

“Na época em que vim para Ceilândia essas terras eram o que tinha de melhor. Então, começamos a trabalhar, tivemos todo o cuidado com o meio ambiente e tornamos realidade tudo o que temos hoje. Sou muito grata a essa cidade”, finalizou a criadora.

 

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(F.M./M.D.)