01/09/2012 às 13:43

Arraiá setembrino

O Ceilambódromo é palco da 5ª edição do Maior São João do Cerrado que reúne famílias e resgata raízes deixadas no Nordeste

Por Lúria Rezende, da Agência Brasília


. Foto: Brito

Uma vila com 12 casas baixas e coloridas é cartão de boas-vindas a quem entra no Maior São João do Cerrado, no Ceilambódromo. Uma parte do Nordeste se deslocou para Ceilândia e, até domingo, shows, artesanato, cultura, lazer e gastronomia têm endereço marcado.

Um dos grandes atrativos da festa, o Sítio do Seu João reproduz com fidelidade um pedaço de terra do interior do sertão. Com direito a chancela, monjolo, casa de farinha, espaço para animais, bodega e Casa das Primas (com vitrola de ficha e mesa de sinuca), o local emociona o visitante. “Muita gente chega aqui e fala do cheiro, dos detalhes. Acredito que remeta à infância de muitas pessoas”, comenta a produtora do espaço, Tetê Alcândida.

Segundo a produtora, o sítio é resultado de uma leitura de vivências. “A linguagem é bem brasileira, e os elementos têm toda a humildade poética do sertão. Acredito que isso comova ainda mais as pessoas”. Reduto de nordestinos, Ceilândia concentra o maior número de pessoas dessa região. Para Tetê, a festa não poderia acontecer em um lugar melhor. “Isso aqui é apenas uma pequena estrutura para fazer carinho ao visitante”, assume.

A casa é de reboco, e, da porta, um senhor de 74 anos sorri e convida quem passa para conhecer a arte do barrista mestre Vitalino. Seu Toninho de Assis é divulgador da arte do artista de Caruaru (PE), que inspira, segundo ele, 30 mil artesãos no Brasil. Conhecedor da obra de mestre Vitalino, seu Toninho declara a arte no barro imensurável e se emociona ao ver uma festa com os valores nordestinos tão agregados. “Nesses cinco anos em que participo do São João, nunca vi tanta gente emocionada com a música, com o abraço. São pessoas revivendo o tempo todo a trajetória da infância nesse pequeno mundo que foi montado aqui”, observa o artesão.

Pela primeira vez na festividade, a artista Ana Cristina de Souza, 33, é moradora de Sobradinho e admite nunca ter visto uma reunião de pessoas tão harmônica. “Estou emocionada com o movimento das famílias. O lugar está muito bem trabalhado na cultura nordestina”, comenta.

O casal Juliano Coelho, 31, e Andresa Oliveira, 30, trouxeram os dois filhos, André Gomes, 12 e o pequeno Samuel, de cinco meses, para conhecerem a festa. “Nós vimos na TV mais cedo e ficamos com muita vontade de conhecer o sítio com os animais. Os repentistas do coreto e o artesanato também foram cruciais para pegarmos as crianças e virmos pra cá”, valoriza Andresa.

Estrutura – Não é só a arena de shows que demonstra a grandiosidade da festa. Um parque de diversões foi montado com direito a carrossel e roda-gigante. Logo ao lado da ribalta, um circo garante a diversão da criançada. A praça de alimentação reúne todas as iguarias regionais como tapioca, carne de sol, cuscuz, além da singular cajuína. O Sítio do Seu João é uma dinâmica à parte. A roça foi trazida diretamente para o Ceilambódromo, e, no coreto, ao final da vila dos artesãos, a dupla de repentistas Rock & Terezinha demonstra, em forma de poesia, o que o Maior São João do Cerrado tem a oferecer.

Shows – Segundo Tetê Alcândida, o Maior São João do Cerrado recebe nesta edição, aproximadamente 30 mil pessoas por dia. “Só na parte dos shows, acredito que a festa consiga concentrar umas 20 mil pessoas”, constata. Neste sábado, quem comanda a festa é Elba Ramalho. No domingo, a Banda Calypso encerra o arraiá. Os portões abrem a partir das 18h. A entrada é franca.