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25/03/2014 às 15:30
Objetivo é ajudar na ressocialização dos detentos; pela primeira vez, presos do regime fechado poderão participar do curso de qualificação
BRASÍLIA (25/3/14) – Esperança é a palavra com que muitos detentos do Complexo Penitenciário da Papuda definem a nova padaria da unidade. O local, inaugurado nesta terça-feira (25), empregará 40 internos e terá uma produção diária de 80 mil pães. Foram investidos no espaço cerca de R$ 2 milhões com recursos provenientes da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso e da Secretaria de Segurança Pública.
“Essa inauguração é muito significativa para todo o sistema penitenciário, pois possibilita a qualificação profissional e ajuda na ressocialização dos detentos, que podem seguir com a atividade aprendida quando cumprirem a pena e, dessa forma, ajudarem suas famílias. Nosso objetivo é ampliar oportunidades como essa. Esse é o papel do sistema prisional”, afirmou o governador Agnelo Queiroz.
O sucesso de iniciativas como essa é notado no índice de criminalidade dentro das penitenciárias. “Em três anos, não tivemos nenhum homicídio no sistema prisional. Essa é mais uma maneira de dar condições para que o reeducando possa se profissionalizar e tocar a vida adiante com melhores condições, pois não faltam vagas para quem quer trabalhar”, avaliou o secretário de Segurança, Sandro Avelar.
De acordo com o diretor-executivo da Funap, Adalberto Monteiro, serão selecionados para fazer o curso de panificação os internos com bom comportamento e que tenham interesse em trabalhar nessa área. Esta é a primeira vez que detentos em regime fechado serão beneficiados com o aprendizado, que era oferecido somente para aqueles que cumprem regime semiaberto no Centro de Internamento e Reeducação (CIR).
“Para aprender a função é preciso que a vontade venha em primeiro lugar, pois a cozinha é um espaço que necessita de sentimento para se trabalhar. É muito gratificante ensinar essas pessoas em um ambiente moderno como este e saber que aqui eles terão uma oportunidade para mudar suas vidas. A outra padaria (do CIR) tem mais de 20 anos de uso e precisava mesmo de uma ajuda”, destacou Monteiro.
Metade da produção diária, uma média de 40 mil unidades, será vendida para as próprias empresas que fornecem a alimentação aos presídios, e o restante deve ser adquirido por programas sociais do governo. A oficina terá duração de dois meses e, após esse período, deverá ter um rodízio para que outros interessados tenham também a oportunidade de aprender o ofício.
Os trabalhadores receberão uma remuneração a partir de R$ 543, ou seja, 75% do salário mínimo. Com o tempo de trabalho e dedicação, esse valor pode chegar a 100%, um montante de R$ 724. O detento receberá parte em espécie; outra parte será revertida para um beneficiário escolhido pelo trabalhador; e o restante será depositado em uma conta poupança administrada pela fundação.
Outro benefício é que a cada três dias trabalhados, um dia é reduzido na pena. Esse foi o ponto que mais chamou a atenção de J.M.A, de 29 anos, um dos selecionados para a oficina. “Meu maior interesse, além de aprender a profissão, é sair o mais rápido possível daqui, pois sou casado há 12 anos e tenho uma filha de 9. Outro ponto positivo é sair da ociosidade”, relatou o detento que cumpre pena de 15 anos por homicídio.
(K.I./M.D*)