Em junho, taxa registrada foi a menor da série histórica da Pesquisa de Emprego e Desemprego. PED aponta ainda queda no tempo de procura por vagas de trabalho
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27/07/2011 às 03:00
Em junho, taxa registrada foi a menor da série histórica da Pesquisa de Emprego e Desemprego. PED aponta ainda queda no tempo de procura por vagas de trabalho
Victor Ribeiro, da Agência Brasília
A taxa de desemprego no Distrito Federal caiu 9,3% na comparação entre junho de 2010 e o mesmo mês deste ano. Com isso, o índice alcançou o menor valor para junho desde o começo da série histórica da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), iniciada há 19 anos. O levantamento foi realizado pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que detectou avanço na distribuição de renda.
Em relação a maio, houve a criação de 7 mil novos postos de trabalho, mas o desemprego apresentou apenas uma leve queda, variando 0,3 ponto percentual, de 13% para 12,7%. Com essa redução, o Distrito Federal tem agora 178 mil desempregados. Para os coordenadores da pesquisa, o aumento da população economicamente ativa (PEA) no período pressionou o índice.
Em 12 meses, no entanto, a PEA diminuiu em 3 mil pessoas, enquanto o mercado abriu 16 mil novos postos de trabalho, o que fez o desemprego reduzir de 14% em junho de 2010 para 12,7% em junho deste ano.
“O que faz a PEA aumentar ou diminuir é, basicamente, a quantidade de pessoas que saem da inatividade e entram no mercado de trabalho. Por exemplo, uma pessoa que vai estudar e precisa trabalhar para pagar a escola ou a faculdade. Ou, então, um marido ou uma mulher que não trabalha e decide procurar emprego para ampliar a renda da família”, explicou o diretor de informações da Codeplan, Júlio Miragaya.
Para Miragaya, a aceleração da inflação é um dos fatores do aumento pela busca de emprego. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que impacta prioritariamente famílias com renda entre um e seis salários mínimos, subiu 3,70% entre os meses de janeiro e junho deste ano. Já o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que se refere a famílias com renda mais alta, acumula alta de 3,87% no mesmo período.
Entre as sete regiões metropolitanas pesquisadas, o Distrito Federal ocupa a terceira posição no ranking do desemprego. Em primeiro lugar está Salvador (BA), com 15,5% de desemprego, seguida por Recife (PE), com 13,9%. São Paulo (SP) marcou 11% em junho, Fortaleza (CE) teve 9,7%, Porto Alegre (RS), 7,8%, e em Belo Horizonte, o desemprego fechou o mês de junho em 7,7%.
Há vagas – Entre os setores que criaram vagas de trabalho no Distrito Federal durante o mês de junho, destaca-se o de serviços, que cresceu de 1,6% – o correspondente a 10 mil ocupações geradas. Dentro desse segmento o que mais empregou foi o creditício, formado por instituições financeiras, com ampliação de 6,9% em relação a maio e 10,7% em comparação com junho de 2010.
A administração pública cresceu 2,7%, com a criação de 5 mil vagas. A indústria teve expansão de 2,1% e abriu mil postos de trabalho, enquanto o setor de construção civil criou outros mil e ampliou 1,5%.
Não há vagas – O setor que mais demitiu foi o comércio, que recuou 3,9% e fechou 8 mil postos de trabalho. A sazonalidade pode explicar essa variação. “Provavelmente esse índice vai continuar estável ou com pequena queda até o fim do ano”, avaliou a analista do Dieese Adalgiza Lara Amaral. Como o comércio é um dos setores mais fortes da economia do DF, a perspectiva é de que a taxa de desemprego se mantenha próxima à estabilidade até o último trimestre, quando começam as contratações temporárias para o Natal.
O agregado “outros setores”, que reúne atividades menos expressivas, encolheu 2% e perdeu 2 mil vagas.
Redução das desigualdades – A PED mostrou que, apesar da tímida redução do desemprego entre maio e junho, a distribuição de renda melhorou. Entre os trabalhadores assalariados (que estão formalmente no mercado de trabalho), o salário dos 10% mais pobres da população aumentou 7,4% no mês, enquanto os 10% mais ricos apresentaram redução salarial de 10,3%.
Já em relação aos trabalhadores ocupados (como autônomos ou que recebem o pagamento em espécie), a distribuição de renda foi ainda maior: os 10% mais pobres tiveram aumento de 35,4% em seus salários, enquanto os 10% mais ricos perderam 7,1% do ganho mensal.
De acordo com os técnicos, o setor público influencia diretamente a melhoria na distribuição de renda. “O nível de emprego no serviço público permanece estável, mas todos os meses temos a aposentadoria de funcionários que, no fim da carreira, têm rendimentos muito altos. Ao mesmo tempo, novos servidores entram, com salários de início de carreira”, acrescenta Miragaya.
Menos tempo na fila – Seguindo a tendência das pesquisas anteriores, a PED de junho constatou que o tempo médio de procura por trabalho reduziu de 47 semanas em junho de 2010 para 35 semanas em junho deste ano. Os homens levam vantagem: passam, em média, 35 semanas na fila por uma vaga de trabalho, enquanto as mulheres costumam esperar 50 semanas.
Novo estudo – O secretário de Trabalho do DF, Glauco Rojas, lembrou que o mercado de trabalho do DF sofre pressão da Região do Entorno, uma vez que os moradores das cidades vizinhas trabalham no Distrito Federal. Mesmo assim, a PED ainda não considera a população que mora no estado de Goiás.
“Como a pesquisa é realizada por domicílios e coordenada pelo GDF, só fazemos dentro do quadrilátero. A partir de outubro levaremos a PED para o Entorno, em caráter experimental”, anunciou Rojas. O objetivo do governo é realizar essa pesquisa piloto nos meses de outubro, novembro e dezembro, e divulgar o resultado em janeiro do ano que vem.
A PED incluirá o Entorno, cumprindo um protocolo de intenções assinado no último dia 22 entre as secretaria de Estado do Trabalho e de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal, o Dieese, a Codeplan e o Conselho Regional de Economia (Corecon-DF).