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09/07/2015 às 12:30
Vazio sanitário reduz incidência de pragas e, consequentemente, o uso de agrotóxicos. Restrição vai até 30 de setembro
Criado para dificultar a disseminação de pragas nas lavouras de soja e de feijão no Distrito Federal, o vazio sanitário — período em que é proibido o plantio dessas espécies — tem contribuído para reforçar a produção rural de outros gêneros no Distrito Federal. Imediatamente após a colheita da soja e a limpeza do terreno — em fevereiro e março —, muitos produtores dão início a uma nova safra no ano, em geral de milho, aveia ou sorgo (grão usado, sobretudo, no preparo de ração animal).
Até mesmo o feijão, que também passa por um período de vazio, pode substituir a soja, desde que colhido até 20 de setembro, início da proibição temporária do plantio. Para a soja, a suspensão do cultivo vai de 1º de julho a 30 de setembro. Em ambos os casos, as medidas quebram o ciclo de desenvolvimento de doenças na lavoura e beneficiam os produtores com o aumento da produtividade, a redução do uso de fungicidas, inseticidas e de custos.
“Aqui está todo mundo de bem com o vazio”, brinca Jacó Paulo Bonato, produtor rural da região do Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (PAD-DF). “Antes usávamos de quatro a cinco aplicações de defensivo agrícola na soja. Com o vazio, passamos a usar duas ou três”, compara. Para a segunda safra deste ano na Fazenda Sinuelo das Coxilhas, ele escolheu o sorgo e o feijão. A medida protetiva do feijoeiro teve um impacto ainda mais significativo, comemora Bonato, que eliminou pelo menos cinco aplicações de inseticidas a cada safra.
“No começo foi difícil, mas agora os produtores já enxergaram que o benefício é grande”, comenta o gerente do escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) no PAD-DF, Marconi Moreira Borges. Segundo ele, por ser mais curto, o vazio do feijão não representa um tempo hábil para uma segunda safra, mas garante a redução do uso de agrotóxicos, como constatado na prática por Bonato.
Entenda
Adotada em outras 11 unidades da Federação, em períodos diferentes, a proibição de plantio da soja em Brasília segue até 30 de setembro, tempo suficiente para eliminar a incidência do fungo da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi).
O vazio sanitário do feijão vai de 20 de setembro a 20 de outubro e tem o objetivo de matar o vírus causador da doença conhecida como mosaico dourado do feijoeiro, propagado pela mosca-branca. Também válida em Goiás e Minas Gerais, a medida dura menos que a da soja devido ao ciclo de vida mais curto do agente patógeno.
“Os organismos que causam as doenças só sobrevivem em plantas vivas, então o vazio sanitário impede o seu desenvolvimento e evita que os patógenos cheguem à próxima safra”, explica Lara Line Souza, chefe do Núcleo de Sanidade Vegetal, da Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural. Ao reduzir a incidência da doença e, consequentemente, o uso de agrotóxicos, diminuem-se também os custos de produção.
Sanções
A não observação do vazio sanitário pelos agricultores pode resultar em multas entre R$ 15 mil e R$ 50 mil — que podem dobrar em caso de reincidência — e até na determinação judicial de destruição da lavoura. A época do ano, de pouca chuva, não é boa para o plantio de soja ou feijão, o que facilita o cumprimento da restrição.
A plantação de outras culturas, entretanto, também implica cuidados, já que o agricultor é responsável pelas plantas que germinam espontaneamente no solo, mesmo sem o cultivo — resultado, por exemplo, de sementes que caem pelo campo durante a colheita. Por isso, é importante ficar atento.
“No início houve uma certa resistência dos agricultores, mas eles perceberam os benefícios e têm aderido mais”, destaca a chefe do Núcleo de Sanidade Vegetal. Em 2013, oito deles foram notificados e multados por não eliminarem as plantas de soja, e três receberam sanções por descumprir o vazio do feijão. Em 2014, só houve uma notificação com multa para cada cultura.
Lara ressalta que não adianta um produtor cumprir o vazio se o vizinho não aderir, já que a doença pode se espalhar entre as propriedades. “Essa é uma medida que tem de ser tomada em conjunto”, reforça.
Denúncias
Qualquer pessoa pode alertar as autoridades sobre suspeitas de descumprimento dos vazios sanitários. Para isso, a Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural oferece um disque-denúncia pelo telefone (61) 3051-6422.
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