Governador Agnelo Queiroz garante a preservação de sete jardins do paisagista Burle Marx em Brasília
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23/07/2011 às 03:00
Governador Agnelo Queiroz garante a preservação de sete jardins do paisagista Burle Marx em Brasília
Dalila Góes, da Agência Brasília
As praças de Roberto Burle Marx, o paisagista que segundo a pintora Tarsila do Amaral era um poeta dos jardins, ganharam este mês o reconhecimento do Governo do Distrito Federal. No último dia 15, o governador Agnelo Queiroz assinou o decreto que determina o tombamento de sete obras do artista em Brasília. Com a medida, fica determinado que os jardins são parte do projeto urbanístico elaborado por Lucio Costa para o Plano Piloto.
“É um reconhecimento jurídico e administrativo que dá mais responsabilidades ao Poder Público”, destaca Beatriz Couto, arquiteta da Diretoria de Gestão do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (DIGEPHAC), da Secretaria de Estado de Cultura.
Em Brasília, a genialidade de Burle Marx pode ser vista na Praça dos Cristais, que fica no Setor Militar Urbano; na Praça das Fontes, ali no Parque da Cidade, além dos jardins internos do Itamaraty e dos palácios da Justiça e do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República. São dele também o projeto de paisagismo da quadra 308 Sul, os jardins do Teatro Nacional e os do Tribunal de Contas da União, além dos jardins das embaixadas da Alemanha, Estados Unidos, Irã e Bélgica.
Artista completo – Nascido em São Paulo em 1909, Burle Marx foi o paisagista mais importante do Brasil e um dos mais reconhecidos do mundo. Bastante observador, ele pensou na topografia, no meio ambiente, na arquitetura e na plasticidade para tirar suas obras do papel.
“Antes de Burle Marx não havia a especificidade do jardim moderno, não havia campos de cor de desenhos que reproduzem a estética da pintura moderna. O detalhamento dos projetos era, por si só, uma obra de arte”, lembra Haruyoshi Ono, paisagista e diretor do escritório Burle Marx & Cia, que tem sede no Rio de Janeiro.
Ono, que trabalhou diretamente com o artista, recorda que à época da construção de Brasília ele e Burle Marx exploravam o cerrado à procura de espécies nativas que pudessem ser transportadas para os jardins modernistas. Esse “transplante de vegetação”, visto muitas vezes como uma verdadeira loucura, foi o que levou os buritis para a área interna do Palácio do Itamaraty, por exemplo. “Ninguém pensava em usar aquelas árvores que eram consideradas somente mato”, admira-se Ono.
Burle Marx aprendeu sozinho sobre botânica, a ciência que estuda as plantas. O amor à natureza começou quando ele tinha 19 anos e visitou em Berlim, na Alemanha, um jardim de espécies tropicais. Em 1991, o trabalho de Burle Marx foi homenageado em Nova York (EUA). Um ano depois, ele ganhou um título da Universidade de Florença, na Itália, concedido apenas a grandes personalidades. O paisagista morreu em 4 de junho de 1994, aos 84 anos, vítima de um câncer. Sua obra, porém está eternizada em Brasília e em mais de 20 países.
Confira, ao lado, a galeria de fotos dos jardins de Burle Marx
As obras de Burle Marx
Confira as áreas que foram tombadas e que ficam sob proteção do GDF com o decreto:
– O projeto original do paisagismo da SQS 308 e a área implantada de aproximadamente 65.016,00m²;
– O projeto original dos jardins do Palácio do Itamaraty e a área implantada de aproximadamente 44.812,46m²;
– O projeto original dos jardins da Praça dos Cristais, no Setor Militar Urbano, e a área implantada de aproximadamente 108.024,00m²;
– O projeto original dos jardins do Palácio da Justiça e a área implantada de aproximadamente 8.214,00m²;
– O projeto original dos jardins do Tribunal de Contas da União e a área implantada de aproximadamente 42.438,52m²;
– O projeto original dos jardins do Palácio do Jaburu e a área implantada de aproximadamente 231.074,00m²;
– O projeto original dos jardins do Teatro Nacional Claudio Santoro e a área implantada de aproximadamente 58.287,00m²;
– O projeto original do paisagismo do Parque da Cidade (Parque Recreativo Dona Sara Kubitschek) e a área implantada de aproximadamente 3.745.826,00m²;
– O projeto original dos jardins do Banco do Brasil, no Setor Bancário Sul, e a área implantada de aproximadamente 21.035,00m².