Primeira etapa de reforma do Jardim Zoológico de Brasília está concluída. Até 2012, todos os recintos serão reformulados

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03/09/2011 às 03:00, atualizado em 12/05/2016 às 17:48

Zôo de cara nova

Primeira etapa de reforma do Jardim Zoológico de Brasília está concluída. Até 2012, todos os recintos serão reformulados

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Zoológico de Brasília
Zoológico de Brasília. Foto: Mary Leal

Ailane Silva, da Agência Brasília

Depois de anos sem passar por reforma, a Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB) concluiu no último dia 31 a primeira etapa de uma reforma que incluirá todos os espaços até 2012. Nesta primeira fase, foram contemplados cerca de 40 recintos dos blocos dos Pequenos Primatas, Pequenos Carnívoros e Galeria Àfrica.

O diretor-presidente do Zoológico, José Belarmino, conta que o final do ano o Bloco dos Pequenos Primara será ampliado com conceitos modernos, evitando também que as pessoas alimentem os bichos. Além disso, serão construídos recintos para receber os felinos apreendidos em operações da Polícia Ambiental. Os recintos dos cervídeos passarão por reforma.

Entre outras melhorias conquistadas neste ano, está a racionalização de recursos hídricos. Um levantamento realizado em 2011 revelou que a qualidade da água de alguns lagos, no que se refere a alcalinidade, não estava adequada. Além disso, o gasto era descontrolado.

“Desde junho estamos reduzindo o consumo de água. Se compararmos os novos dados com os de 2010, a economia é expressiva”, comentou o diretor. Em agosto de 2010 o consumo foi de 14.280 m³, caindo para 9.243 em 2011. Os dados de abril indicam queda de 15.113 m³ para 11.870 m³, do ano passado para este ano. A meta é gastar apenas 4.000 m³ por mês. Cinco poços artesianos foram legalizados.

Atualmente, o Zôo conta com uma equipe de técnicos, engenheiros florestais e civis, agrônomos, tratadores, monitores, biólogos e veterinários, entre outros profissionais. O diretor afirma que um dos maiores esforços da equipe é para que os animais tenham qualidade de vida.

Uma das medidas para elevar esse padrão foi a pesquisa realizada pelos  nutricionistas do Zôo, que permitiu concluir que a alimentação dos animais estava sendo realizada incorretamente. “Alguns animais recebiam alimentação apenas uma vez ao dia, ao invés dessa quantidade ser distribuída duas ou três vezes. Em paralelo a isso, trabalhamos com o enriquecimento ambiental para que o espaço se torne o mais natural possível”, contou o direto, ressaltando o relevante auxílio dos paisagistas.

Outro avanço é quanto ao conceito de segurança sanitária, que está mudando gradativamente por meio de qualificação dos serviços. Entre as alterações em andamento estão a forma de preparar e acondicionar os alimentos servidos aos animais; o manuseio e o contato entre animais de diferentes espécies, especialmente quando um deles está adoentado; a organização e a higienização dos espaços, além da instauração de uma Comissão de Controle de Vetores e Roedores, o que permitiu identificar a presença de ratos.

Pessoal – O diretor José Belarmino adiantou ainda que até o final do ano sairá edital para contratação de pessoal. “Já estamos em negociação com a Secretaria de Administração para que tenhamos pronto, pelo menos, o edital. A medida auxiliará na continuidade dos trabalhos, já que significativa parte dos trabalhos deixará de ser rotativa”, comentou. Atualmente, dos 323 profissionais, 32 são servidores e o restante comissionado.

Já o espaço de 1.500m² para a construção de um complexo veterinário, com centro cirúrgico, leitos para internação, UTI e laboratório já está com a terraplanagem pronta. Na obra será investido cerca de R$1,5 milhão.

Outra melhoria é a implantação de uma Unidade de Produção de Alimentos para cultivo de capim, hortaliças, frutas e verduras para os animais, o que diminui os gastos. A previsão é de que até o final do mês de outubro aconteça o plantio da capineira e, em seguida, o cultivo de hortaliças e frutas.

O trabalho é resultado da parceria entre a Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER). Mais da metade das frutas e verduras que fazem parte do cardápio dos animais serão produzidos onde antes havia um depósito de lixo.

Outra novidade é a Fazendinha, que será um centro de educação para capacitação em técnicas agropecuária. No local, será desenvolvido um projeto de compostagem de resíduos sólidos e também a criação da estufa para hortaliças e frutas, bem como, o cultivo destes alimentos no campo. Lá também serão criados animais domésticos como ovinos, suínos e aves, entre outros. Os bichos entrarão no projeto Zoo Toque (ação que envolve animais vivos nas atividades com deficientes visuais).

Riqueza
O Zoológico de Brasília possui 139 hectares de extensão, mais de 1.120 animais, além do borboletário com cerca de 30 espécies diferentes. Os visitantes podem encontrar girafas, hipopótamos, elefantes, jacarés, tigres, leões, ariranhas, aves e borboletas de várias espécies, entre outros.

José Belarmino ressalta que o espaço não serve apenas como um “museu de animais vivos” para proporcionar o lazer. “Aqui, também trabalhamos fortemente a educação ambiental, por meio de projetos, além de viabilizar a reprodução para conservação das espécies ameaçadas ou em extinção”, ressalta o diretor.

Reprodução para conservação
Um trabalho ainda pouco conhecido, mas extremamente importante para a sobrevivência de algumas espécies é a reprodução de animais em extinção no Zôo. Vários profissionais se empenham para proporcionar condições adequadas para a reprodução natural dessas espécies.

Algumas delas, como o lobo-guará, já mostram o resultado deste trabalho. Uly, encontrada com poucos meses de nascida na rua e levada para o Zôo para ser tratada na mamadeira, com seu companheiro, apelidado de Lobinho, tiveram quatro filhotinho só no mês passado. Ao total, já nasceram nove lobos-guará neste ano.

Outra espécie que se reproduziu no espaço recentemente foi o tamanduá-bandeira. No dia 23 do mês passado, nasceu um filhote. Ao total, já foram 18 novos tamanduás. Os visitantes também podem encontrar novos integrantes na família dos emus, que são aves australianas. Desta nova ninhada de 16 ovos, que são chocados pelo macho, nasceram cinco. A expectativa é de que, em breve, nasça o restante.

Segundo o diretor, o trabalho será ampliado para o macaco muriqui, encontrado na Mata Atlântica, e o cachorro-do-mato-vinagre, animal do cerrado que controla a presença de roedores. Ambos estão em extinção. “Sem esse trabalho certamente algumas espécies já teriam desaparecido”, avalia Belarmino.

Atualmente, todos os animais apreendidos no DF pela Polícia Ambiental do Centro de Triagem de Animais Silvestres do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) que precisam de tratamento mais complexo, por estarem fraturados ou lesionados, dentre outros problemas de saúde, são tratados no Jardim Zoológico de Brasília. “Diariamente chegam animais com esse histórico”, revela o diretor.

Projetos
O Zôo possui mais de 10 projetos em execução. Um deles é o Zôo Toque, que permite às crianças com deficiência visual tocarem os animais.  Em uma experiência piloto, mais de 100 crianças visitaram o lugar e tiveram contato com animais que são próprios para realizar a oficina. Para isso, funcionários do Zôo receberam capacitação, promovida em parceria com a Secretaria de Educação do DF.

Outros projetos para a educação ambiental focados no aprendizado de crianças da rede pública, ensino especial e instituições carentes são pintura de rosto, oficina de origami e plantio de mudas (só neste ano foram 500 mudas).

Há também o Zôo Vai à Escola, Zôo Camping, Zôo Noturno, Zôo Capoeira, Visitas Monitoras e Visitas não Monitoradas. Mais de 23.830 pessoas foram atendidas nesses projetos, de janeiro a maio deste ano.

Atividades
Além dos animais vivos, o espaço abriga os museus de Zoologia, Sensorial e Arqueologia. O primeiro possui mais de 500 peças entre animais taxidermizados, esqueletos, pele e partes anatômicas. O Sensorial é um espaço reservado para pessoas com deficiência visual, mas visitantes comuns também são convidados a participar – eles têm os olhos vendados para terem a mesma percepção dos visitantes com deficiência.

A  Arqueologia no Zôo é uma atividade que tem o compromisso de levar a criança ao entendimento da importância das escavações arqueológicas e da necessidade de pesquisar e conhecer os fatos do passado que levaram muitas espécies à extinção.

Serviço
Jardim Zoológico de Brasília
Funcionamento: Terça a domingo – 9h às 17h
Entrada: R$ 2 por pessoa (Crianças até 10 anos, maiores de 60 anos e pessoas com deficiência não pagam)