Maior centro de referência de saúde no Distrito Federal, o Hospital de Base de Brasília estará todo informatizado até fevereiro de 2012 e quer ser modelo no atendimento às vítimas de trauma

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02/01/2012 às 03:00

Atendimento de qualidade

Maior centro de referência de saúde no Distrito Federal, o Hospital de Base de Brasília estará todo informatizado até fevereiro de 2012 e quer ser modelo no atendimento às vítimas de trauma

Por

    Da Redação

    A grande diferença nesta nova gestão é que temos o apoio integral do governador Agnelo Queiroz e do secretário de Saúde, Rafael Barbosa.
    Julival Ribeiro Diretor do Hospital de Base do DF

    Toda e qualquer doença passa pelo Hospital de Base de Brasília (HBDF). É lá que são atendidos os casos mais graves de acidentes de trânsito, as vítimas de violência e também onde são feitos transplantes e tratamentos para a cura do câncer. Em 2011, a nova gestão assumiu o complexo, que recebe em média 600 mil pessoas por ano e cerca de 15 mil por mês só na área de emergência. À frente da equipe de 3,5 mil servidores está o infectologista Julival Ribeiro, 58 anos. Ex-chefe da cirurgia e do Hospital Regional de Ceilândia, o médico foi transferido para o HBDF em 1991 e de lá acha que não sai mais.
     
    A dedicação à saúde o fez assumir sem medo o convite para dirigir um dos maiores centros de saúde do Brasil. Em um ano de gestão, Julival Ribeiro comemora a instalação de projetos simples, como a informatização – que acabará com a perda de prontuários e agilizará a marcação de consultas – e a instalação de um Centro de Trauma e Telemedicina em parceria com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Sua expectativa e desejo para 2012 são traduzidos em uma só palavra: revolução. Mas que venha acompanhada de mais leitos, mais agilidade no atendimento e prestação de serviço humanizado.  
     
    Em entrevista à AGÊNCIA BRASÍLIA, Julival Ribeiro faz um balanço do trabalho realizado no HBDF e destaca as perspectivas para 2012.
     
     
    Apesar de todas as dificuldades, seja de fila, espera ou falta de médicos, o Hospital de Base de Brasília é referência para todo Brasil…
    Sim, principalmente na área do trauma, que são os acidentados e as vítimas de violência, seja por arma de fogo ou branca. O Hospital de Base recebe pacientes de todo o Distrito Federal, do Entorno, do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste. Em abril inauguramos o Centro de Trauma e Telemedicina e trouxemos a equipe de enfermagem do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para trabalhar em parceria com os nossos médicos. É um serviço que funciona 24 horas, todos os dias, é revolucionário e inédito na história desta unidade de saúde. Com isso, demos um salto altíssimo de qualidade em termos de atendimento.
     
    E como funciona o Centro de Trauma e Telemedicina?
    São duas salas: uma vermelha, para os pacientes mais críticos, e outra amarela, para os que não estão em risco. Também há uma ala que funciona como se fosse uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) provisória e, claro, uma sala de recepção para os familiares. É uma sala simples, mas fundamental para receber e tranquilizar as pessoas.  
     
    Quantos atendimentos faz o HBDF?
    Uma média de 15 mil pacientes por mês só na emergência. Somos um dos poucos hospitais brasileiros com todas as especialidades de emergência funcionando 24 horas durante toda a semana. E, além do Centro de Trauma e Telemedicina, entregaremos à população, em 2012, o Centro Neurovascular, para as vítimas de acidente vascular encefálico, conhecido como derrame cerebral, e enfarto agudo do miocárdio, o chamado ataque do coração. Nós já atendemos essas especialidades, mas o novo centro funcionará nos moldes do atendimento da Unidade de Trauma, inclusive com a participação do Samu. Acredito que no final de janeiro já estaremos em funcionamento.  
     
    O senhor está à frente do HBDF desde janeiro. Qual a avaliação desse primeiro ano?
    Vivemos o tempo do diagnóstico e das propostas de soluções. A partir de 2012 vamos à execução. Todos os diretores que me antecederam procuraram fazer o melhor, disso eu não tenho dúvidas. Mas a grande diferença nesta nova gestão é que temos o apoio integral do governador Agnelo Queiroz e do secretário de Saúde, Rafael Barbosa. Os dois são médicos e vivenciaram o dia a dia deste hospital. São pessoas que sabem como funciona esta máquina, pois eles trabalharam aqui. Em 2011 entregamos obras que estavam paradas há mais de quatro anos. Alguns andares totalmente interditados. Isso não existe mais. Hoje, todos os leitos estão abertos à população porque há um gerenciamento.
     
    E o que é o gerenciamento de leito?
    Ao todo são 833 leitos no Hospital de Base, mas não podemos ter uma emergência com cerca de 200 pacientes e leitos vazios nas enfermarias. A gerência de leitos faz um monitoramento diário do que está vazio e do que está ocupado. Veja bem, isso nunca aconteceu anteriormente. É a primeira vez que essa medida é tomada. Para nos ajudar nessa missão, até o final de fevereiro, todo o hospital estará informatizado. Todo mesmo, inclusive o pronto-socorro. Também tiramos todas as agendas dos profissionais de saúde que estavam nos ambulatórios e criamos 20 guichês informatizados para marcação de consultas. Só com essa mudança vamos oferecer de 30% a 40% mais consultas em relação a 2011.
     
    Por falar nisso, em dezembro de 2011, houve problemas com esse sistema.  Formaram-se filas enormes na área de marcação de consultas.
    Sim, houve excesso de demanda no setor de marcação de consultas para o ano de 2012. Determinadas especialidades como urologia, oncologia, neurocirurgia e neurologia, por exemplo, são atendidas somente pelo Hospital de Base, e mais nenhum outro hospital público. E como já falei, nossa demanda de pacientes vai além do Distrito Federal. Em apenas oito dias tivemos 6,2 mil consultas agendadas para 2012. Mas a boa notícia é que, após a total informatização, o paciente já sairá do Hospital de Base sabendo a data do retorno. A ideia é que esta fila seja totalmente extinta. Outra boa notícia é que a neurocirurgia, que funcionava juntamente com a UTI de emergência, foi transferida para um andar próprio. Com o espaço que hoje está vazio vamos construir em torno de 50 a 60 leitos de terapia intensiva, voltados para o atendimento de trauma e tratamento de coração. Não vamos resolver em 100%, mas em 80% a situação do paciente politraumatizado.  
     
    E o Hospital de Base é o primeiro ponto de chegada dos politraumatizados, das pessoas que sofreram acidentes graves de trânsito ou foram vítimas de armas de fogo…
    Muito boa observação. Infelizmente, os acidentes de trânsito estão aumentando de forma assustadora. Estamos fazendo uma análise dos números para propor campanhas e políticas públicas de conscientização sobre os perigos do trânsito. Hoje as pessoas fazem de seus carros verdadeiras armas. É triste a quantidade de jovens que chega ao Hospital e que perde suas vidas por conta do excesso de velocidade e de outras imprudências. Dos que não perdem a vida, muitos ficam paraplégicos. Posso assegurar que acidentes e homicídios são as principais causas de mortes de jovens no Brasil. São 58 mil óbitos por ano. No Vietnã foram mais de 50 mil óbitos durante os 15 anos de guerra.  
     
    A Secretaria de Saúde e o HBDF firmaram um acordo com o Ministério da Saúde para integrar o programa SOS Emergência. O senhor pode falar mais sobre isso?
    É uma parceira de gestão e ação muito importante. Por meio do programa, 11 hospitais de todo o Brasil, incluindo o HBDF, firmaram acordo para otimizar o atendimento de emergência. O hospital vai receber uma verba inicial de R$ 3 milhões para investimentos, além de R$ 300 mil mensais para o setor. Hoje temos em média 180 pacientes internados, quando a capacidade é de 96 leitos.  A meta estabelecida para 2012 é ter menos de 96 pacientes e dar uma solução, em até 48 horas, para os excedentes: ou interna, ou trata, ou remove. Esse é o maior desafio da nossa gestão e tenho a absoluta certeza de que vamos superá-lo.

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    O HBDF inaugurou em abril o Centro de Trauma e Telemedicina, trazendo a equipe de enfermagem do Samu para trabalhar em parceria com os médicos

    Foto: Brito