Em conversa com a AGÊNCIA BRASÍLIA, artistas, que se apresentaram nessa terça-feira (10) no 1º FestiArte, falam sobre suas carreiras e a relação com Brasília

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11/01/2012 às 03:00

Entrevista: Gilberto Gil e Ellen Oléria

Em conversa com a AGÊNCIA BRASÍLIA, artistas, que se apresentaram nessa terça-feira (10) no 1º FestiArte, falam sobre suas carreiras e a relação com Brasília

Por

Ailton Mesquita e Felipe Romero, da Secom

A semana começou ao som de muita música brasileira no 1º Festival Internacional de Artes de Brasília (FestiArte). Gilberto Gil e a cantora brasiliense Ellen Oléria se apresentaram na noite de ontem (10) no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. A AGÊNCIA BRASÍLIA entrevistou os artistas antes do show. O baiano Gilberto Gil, às vésperas dos 70 anos, falou sobre sua relação com a capital federal e a importância da iniciativa do Governo do Distrito Federal na disseminação da cultura na cidade. Já a brasiliense Ellen Oléria, que tem fortes raízes na periferia do Distrito Federal, falou sobre suas origens e o papel da gratuidade e descentralização do festival.
 
Perguntas para Gilberto Gil

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Como é sua relação com Brasília?

Brasília é uma cidade dormitório e escritório, a gente se locomove da casa para onde trabalhamos. Essa é a visão de alguém como eu, que veio para Brasília para trabalhar. Para as pessoas que nasceram aqui, moram aqui, para os meninos que se juntaram e fizeram os grupos de rock, tantos que surgiram aqui… Brasília tem uma cena musical muito forte. Para eles, Brasília sem dúvida alguma tem muitos outros atrativos, muitas outras rotinas, além da rotina do trabalho, do serviço público, mas para mim era rotina de servidor público.
 
Mas quando você ia da sua casa pro ministério, passava pela Esplanada…

Sempre, sempre um lugar muito bonito. Com a catedral de um lado, agora mais recentemente o museu, que é um lugar bonito, interessante do ponto de vista de espaço e de acervo também. Acervo de pinturas, esculturas e instalações, um acervo muito interessante. E mesmo os ministérios, a maneira como estão colocados, aquele leve declínio que vai chegando lá pra baixo, até o Itamaraty, um dos edifícios mais bonitos do Brasil. Da arquitetura moderna de Niemeyer é o mais bonito de todos. Eu sou completamente apaixonado por ele e pelo prédio do Itamaraty.

Se você fosse dar uma dica de um lugar para as pessoas visitarem em Brasília, qual seria?

O prédio do Itamaraty é um deles. É uma boa visita pelo lado externo, para apreciar as linhas, as curvas, o corte, as perspectivas, aquela lâmina d’água na frente, é muito bonito. Em 15, 20 minutos você pode fazer esse passeio. A Catedral também é imperdível, você tem que ir, tem que estar embaixo daqueles vitrais, sentir aquela atmosfera profunda que se tem lá. Sábado e domingo é bom ir para a beira do lago, uma série de clubes com belas instalações. E o pôr do sol da cidade todos os dias na estação da seca, agora chove direto, mas na seca é lindo. Venham, os que estão aqui, vivam Brasília. Os que vêm de fora, como eu, também, vivamos Brasília.

Este festival é gratuito e busca levar a cultura a quem não tem acesso. Como você vê iniciativas como esta do GDF?

Atribui-se aos governos (municipais, estaduais, federais) a tarefa, a obrigação de promover coisas gratuitas, enfim, para a democratização, abrangência de cultura a segmentos sociais mais amplos. Mas acho que é uma coisa que o próprio mundo privado pode fazer, já que tem dinheiro. O dinheiro hoje no mundo está basicamente na mão dos setores privados, do mundo financeiro, industrial, do mundo agrícola etc. Eu acho que as empresas podem muito bem, por meio dos seus departamentos de marketing, abraçar, apoiar projetos que sejam gratuitos, e mais do que isso, que se espalhem geograficamente pelo Brasil. No caso do Brasil, com um território tão grande como este, um dos grandes problemas não é só a questão econômica, é também a questão territorial. Tudo é muito concentrado no Sudeste, nas grandes cidades que ficam quase todas elas no Sudeste. É preciso interiorizar a cultura, propiciar acesso a populações rurais, na Amazônia, no Pantanal, nas regiões remotas da Bahia, de Pernambuco, do Rio Grande do Sul. Isso é muito importante.
 
Perguntas para Ellen Oléria
 
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Qual a sua relação com a música de Brasília? Como artista local de destaque, qual a sua opinião sobre o 1º Festival Internacional de Artes de Brasília?
O meu imaginário é todo construído aqui, com as árvores, prédios e a realidade daqui. Brasília está presente na poesia como está na minha alma. A música é componente muito importante na memória coletiva da cidade. É um privilégio participar desta iniciativa, que não é apenas nossa, mas também da comunidade, que respira esta música. Só temos a ganhar.

Você tem uma relação muito forte com a cultura da periferia do Distrito Federal. Como é levar este estilo de vida para um público tão variado?

Isso é o que é mais natural em mim, mais próximo. Espero não me limitar a essa temática, mas, é claro, nunca abandoná-la. Minha origem, meu começo e meu final são o mesmo lugar. De alguma forma a musica transcende nossas fronteiras. Por exemplo, quando eu falo sobre a Feira de Ceilândia, sinto que, em todo lugar que tem feira, as pessoas se identificam. A gente parte de uma região, mas a música extrapola todas as fronteiras porque ela é muito maior do que nós. Ainda bem!

O 1º Festival Internacional de Artes de Brasília está trazendo, gratuitamente, diversos tipos de manifestações artísticas, além de levar os eventos para as Regiões Administrativas. Qual a influência que essa aproximação com o público provoca?

Nada mais justo do que devolver para todas essas pessoas, que influenciaram as minhas ideias, tudo aquilo que recebi, toda a minha poesia. E mais, devolver da forma como recebi: gratuitamente. Não existe rei sem súditos. Se Gilberto Gil é quem ele é, foi por gerar essa empatia na gente, assim como todos os grandes nomes que estão passando pelo Festival!