Central da polícia e dos bombeiros recebeu 234 mil chamadas falsas em 2011. No Samu, são cerca de 32 mil trotes todos os meses

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18/01/2012 às 03:00

Trotes atrapalham serviços

Central da polícia e dos bombeiros recebeu 234 mil chamadas falsas em 2011. No Samu, são cerca de 32 mil trotes todos os meses

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    Renato Ferreira, da Agência Brasília

    Prestar atendimento rápido e eficiente é fundamental para serviços de emergência como o Centro Integrado de Atendimento e Despacho (Ciade) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Mas nem sempre essas opções de ajuda à população são acionadas da forma como deveriam. No Distrito Federal, são registrados milhares de trotes todos os dias.
     
    No Ciade, que concentra o atendimento dos policiais civis e militares e dos bombeiros, foram recebidos 3,8 milhões de telefonemas entre janeiro e novembro de 2011. Destes, 233.939 mil (6% do total) foram trotes. Das cerca de 14 mil ligações registradas todos os dias, em média, pelo Ciade até novembro do ano passado, 700 (5% do total) também se configuraram em trotes.
     
    Os dados mostram uma diminuição no total destes telefonemas falsos em relação a 2010, quando foram registradas 4,03 milhões de chamadas (4.034.368 no total) e 511.810 mil trotes (12%) para o Ciade durante o mesmo período. A média de ligações diárias foi de 14.777 em 2010, com 1.532 falsas chamadas (10%). Mesmo com a melhora, a situação ainda é preocupante.
     
    Perigo – De acordo com o secretário de Segurança Pública do DF em exercício, Suamir Santana, o prejuízo representado pelos trotes é imenso. “Quando se perde tempo com um falso telefonema, ocorrências reais deixam de ser atendidas. Alguém que está em perigo e realmente precisa do auxílio da polícia ou dos bombeiros pode ficar sem atendimento por causa de uma chamada mentirosa”, comentou.
     
    Segundo Santana, nem sempre os policiais que atendem as ligações conseguem identificar que se trata de um trote. Assim, não raro equipes policiais são mobilizadas e se deslocam para o suposto local da ocorrência.
     
    O secretário em exercício lembrou que a prática é crime. No Código Penal, o tema é tratado como comunicação falsa de crime ou contravenção. A pena prevista para quem for condenado varia de um a seis meses de prisão ou multa. No Ciade, os servidores conseguem identificar a origem de todas as ligações, mesmo que sejam a cobrar.
     
    Para que o Ciade possa concentrar todos os seus esforços no atendimento das reais demandas da população, Suamir Santana pede que a sociedade se atente para os males provocados por esse tipo de fraude. “As pessoas deveriam ter uma visão mais humana, cidadã. É preciso responsabilidade em relação a um serviço como este, que pode ajudar a salvar inúmeras vidas se corretamente acionado”, defendeu.
     
    SAMU – No Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que é gerido pela Secretaria de Saúde do DF em conjunto com o Ministério da Saúde, a realidade não é diferente. Das cerca de 100 mil ligações recebidas por mês, 32 mil são trotes e 33 mil, enganos. Os atendentes passam a maior parte do tempo ocupados com chamadas que não são o foco do trabalho.
     
    Segundo o gerente do Samu no DF, Rodrigo Caselli, a situação piora nos períodos de férias escolares. Nessas épocas, como agora no mês de janeiro, são registrados, todos os dias, diversos trotes feitos por crianças. Como no Ciade, as chamadas falsas fazem com que demandas que realmente necessitam de auxílio médico tenham dificuldade em conseguir o atendimento.
     
    Os atendentes do Samu também são treinados para identificar se a ligação se trata de um trote. Mas quando os funcionários são enganados por quem está do outro lado da linha, ambulâncias com médicos, enfermeiros e até mesmo Unidade de Terapia Intensiva (UTI) são deslocadas sem necessidade.
     
    “Passar trote para o Samu é um desrespeito à vida. Crianças, adultos, jovens, toda a sociedade, enfim, deve ter bem claro que o trabalho desenvolvido pelos profissionais desse serviço é complexo e precisa ser feito no menor período de tempo possível, para que obtenha êxito. Um trote pode representar a possibilidade de não se conseguir salvar uma vida”, afirmou Caselli.
     
    Contatos – Tanto o Ciade quanto o Samu funcionam todos os dias, 24 horas. A população pode entrar em contato com o Centro Integrado de Atendimento e Despacho pelos telefones 147 (Polícia Civil), 193 (Corpo de Bombeiros Militar) ou 190 (Polícia Militar). Independente do número para o qual se ligue, é possível falar com qualquer uma das três corporações.
     
    O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência também possui atendimento ininterrupto, sete dias por semana. No Samu estão sempre a postos para atender a população 36 ambulâncias – sendo seis delas equipadas com Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) –, nove motocicletas e duas bicicletas, que estão sendo usadas para atendimentos pré-hospitalares no Parque da Cidade, além de dois helicópteros.

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    Foto: Mary Leal