Um encontro entre música erudita e popular marca o início das comemorações culturais do Dia Internacional da Mulher em Brasília, em espetáculo baseado no único cordel de Carlos Drummond de Andrade

" /> Um encontro entre música erudita e popular marca o início das comemorações culturais do Dia Internacional da Mulher em Brasília, em espetáculo baseado no único cordel de Carlos Drummond de Andrade

">

07/03/2012 às 03:00

Estória de João Joana encanta brasilienses

Um encontro entre música erudita e popular marca o início das comemorações culturais do Dia Internacional da Mulher em Brasília, em espetáculo baseado no único cordel de Carlos Drummond de Andrade

Por

Cinara Lima, da Agência Brasília

A dificuldade de ser mulher no sertão dos anos 1960 é o tema do espetáculo Estória de João Joana, que abriu, na noite dessa terça-feira (6), a programação dos eventos culturais do Governo do Distrito Federal em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março.

Com reapresentações hoje e amanhã na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Claudio Santoro, às 20h, a primeira apresentação do espetáculo encantou o público com as interpretações de Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Sérgio Ricardo, Marina Lutfi e João Gurgel.

No palco, eles foram acompanhados por 80 músicos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro. Sob a regência do maestro Cláudio Cohen, o espetáculo contou a história relatada no único poema de cordel escrito por Carlos Drummond de Andrade. Musicado pelo cantor e compositor paulista Sérgio Ricardo, a pedido do poeta, o cordel ganhou composição orquestrada por Radamés Gnatalli.

A cantora Elba Ramalho destacou que o musical é também uma forma de preservação da obra do escritor brasileiro. “Eu venho fazer esse trabalho com muita alegria. É um cordel antigo, um poema de Carlos Drummond de Andrade, um poeta que eu admiro bastante, e as obras de qualidade a gente deve preservar”, comentou a intérprete.

O espetáculo relatou a história verídica da vida de uma menina criada pela mãe como menino. A mãe acreditava que, daquela maneira, a menina teria chances de viver com dignidade. A saga de João Joana se passou no interior do Brasil durante os anos 1960.

A apresentação composta por ritmos brasileiros como maracatu, samba e baião se dividiu em quadros, representados pelas canções. Cada um dos quadros tem uma dramaticidade específica. O espetáculo contou ainda com recitativos que surgiam como lentas melodias cantadas por um dos seis intérpretes e acompanhadas por todos em uma espécie de procissão.

Emocionada, a plateia vibrou com a canção da revelação de João como mulher. “Aquela cena imprevista; causou a maior surpresa; o que tanto se ocultara; se mostrava sem defesa; João deixara de ser João; por força da natureza”, diz o cordel. Ao final do show, quando o público pediu bis, essa foi a música escolhida pelos artistas para ser tocada novamente.

Homenagem – O show conduz a uma reflexão acerca do papel social da mulher nesta semana na qual é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Para Marina Lutfi, cantora do musical, a história verídica é muito atual. “Essa história é antiga, mas acho que ainda hoje isso deve acontecer muito. Não é a toa que há muitos movimentos a favor das mulheres”, afirmou a cantora.

Quem não teve oportunidade de assistir ao espetáculo poderá retirar os ingressos gratuitamente na bilheteria do Teatro Nacional para o musical que será reapresentado às 20 horas.

A programação cultural Março Mulher segue durante todo o mês com shows, mostra cinematográfica, exposições, poesia e debates. O Dia Internacional das Mulheres será celebrado com o show da cantora Maria Bethânia no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, às 21h. Os ingressos deverão ser retirados gratuitamente na Secretaria de Cultura.

00022628