Bienal estimula estudantes da rede pública de ensino para o hábito da leitura ou reforça o costume adquirido em ambiente doméstico

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19/04/2012 às 14:40

Experiência literária

Bienal estimula estudantes da rede pública de ensino para o hábito da leitura ou reforça o costume adquirido em ambiente doméstico

Por

Cinara Lima, da Agência Brasília

O ambiente formado por estandes, peças teatrais, oficinas e shows infantis desperta a imaginação de crianças e jovens da rede pública de ensino que, em sua maioria, participam pela primeira vez de um evento literário. Durante todo o dia, a 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, que começou no último dia 14 e segue até o dia 23 de abril, recebe alunos de várias escolas públicas.
 
Diante da diversidade, eles revelam que sabem o que querem e mostram a relação que têm com a leitura. Alguns adquiriram o hábito de ler em casa, enquanto outros ensinam o bom costume aos pais. Mas a alegria em escolher aquele livro há muito desejado, ou de se encantar pela capa colorida e o título que remete à alguma experiência é privilégio de todos.
 
As palestras, debates e peças teatrais também são um grande atrativo. Para o aluno do 8º ano do Centro de Ensino Fundamental 8, Iago Marçal, 13 anos, o que mais o marcou na Bienal foi descobrir o significado da crônica. “Achei muito legal porque eu não entendia muito bem o que era crônica, agora já aprendi e posso até tentar escrever uma”, disse o aluno que participou do Projeto Terça Crônica, na Arena Infantil Cecília Meirelles. O evento combinou leituras dramáticas com interpretação de canções. A mescla entre narrativa e MPB homenageou o poeta, cronista e jornalista José Carlos Vieira.
 
Para o aluno, a Bienal é um espaço que cumpre o papel do despertar para a leitura. “Acho muito legal este espaço dos livros porque muita gente não tem acesso e não lê. É um incentivo a mais para as pessoas lerem e o Brasil ficar melhor e não ficar burro”, concluiu o jovem.
 
A informalidade do ambiente, observou  a professora do ensino médio, Josilene Silva, favorece a interação dos alunos com os livros e as atividades que são oferecidas. Segundo a professora do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 8 do Guará, visitar um espaço literário não é só um incentivo à leitura, mas também um estímulo à autoestima dos alunos. “Os alunos são muito receptivos e isso aqui para eles é mais do que um passeio, é um status que faz com que eles se sintam importantes e encontrem sentido naquilo que estão estudando”, analisou a professora.
 
Kelly Oliveira, 11 anos, aluna do CEF 8, se mostrou uma entusiasta da Bienal. “Estou achando muito legal, escolhi livros muito bons que vão me ajudar no meu desenvolvimento. Sei que vou aprender várias coisas. Adoro gibis também. Os escritores dos gibis escrevem muitos vocabulários novos e muitas coisas que leio nos gibis são mostradas na escola”, contou a garota.
 
Na opinião da professora do 4º ano da Escola Classe 38 de Ceilândia, Roberta Araújo, o evento é uma oportunidade para aproximar os estudantes da leitura. Para ela, a Bienal estimula o hábito de ler em um mundo em que os computadores e a tecnologia são priorizados.
“A internet e a televisão estão aí. Então, para as crianças, os livros estão ficando cada vez mais distantes. Essa iniciativa retoma e resgata o interesse das crianças de uma forma mais lúdica. Eles estão maravilhados, acho que eles nunca viram tantos livros juntos”, comentou a educadora. Ela lembrou ainda que muitas crianças que visitam a Bienal saem dizendo que vão trazer os pais no fim de semana.
 
Esse é o caso de da aluna do 4º ano da Escola Classe (EC) 38 da Ceilândia, Karen Wine, de 9 anos. “Aqui está muito bom, é a primeira vez que venho. É melhor do que sair procurando livros por aí nas feiras, é muito mais barato. Tem muito livros diferentes. Eu escolhi Alice no País das Maravilhas e Peter Pan. Quero trazer os meus pais aqui, acho que eles vão gostar”, disse empolgada.
 
Hábito familiar – Na família Bezerra, o hábito da leitura passa de geração em geração. A professora Maria do Céu Bezerra, de 49 anos, é a principal incentivadora do costume da filha Laís. Segundo ela, a garota escolhe seus próprios livros desde pequena.
 
“Quando ela começou a se interessar, optava por livros só com gravuras e contava as histórias somente observando as figuras. Agora, que já sabe ler, se tornou muito criteriosa para escolher os livros. Aqui ela está levando a Bíblia, um livro de questões de matemática e outro de literatura”, detalhou a mãe.
 
Maria do Céu afirmou que, atualmente, as biografias são as leituras preferidas da filha. Recentemente, ela leu a da presidenta Dilma Rousseff e a do escritor Monteiro Lobato. “Vou escrever um livro. Será a minha biografia. Quando eu morrer,  as pessoas poderão ler e saber da minha história”, disse a menina.

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Foto: Mary Leal