14/06/2013 às 13:04

A única torcida que nunca fica triste

Alegria dos japoneses e descendentes moradores de Brasília independe do placar da partida de amanhã

Por Kelly Ikuma, da Agência Brasília

 

BRASÍLIA (14/6/2013) – Japoneses e descendentes, que fizeram do Brasil seu lar, se dizem divididos quando o assunto é o placar do jogo de amanhã, entre Brasil e Japão, já que se sentem gratos pela acolhida que receberam quando chegaram ao nosso país.

 

“Somos muito gratos ao Brasil por ter acolhido a colônia japonesa, por isso, nossa torcida é para o time verde e amarelo em primeiro lugar, apesar de também ficarmos satisfeitos com a vitória do Japão”, destacou o presidente da Associação Rural Cultural Alexandre de Gusmão, em Brazlândia, Shoji Saiki.

 

Nascido no Japão em 1959, Saiki veio para o Brasil com apenas um ano de idade, após a Segunda Guerra Mundial, e fixou residência na capital em 1977 em uma das maiores colônias japonesas do DF, localizada em Brazlândia.

 

O treinador de um time de beisebol do Riacho Fundo, formado por descendentes de japoneses, Eduardo Ono, tem a mesma opinião de Saiki. “Somos brasileiros, por isso nossa expectativa é que o Brasil vença a partida, porém, o carinho pela cultura nipônica segue pelas próximas gerações”, afirmou.

 

Segundo Ono, natural de São Paulo e morador na capital há 30 anos, ele tentou comprar o ingresso para assistir ao jogo, mas como não conseguiu, vai ficar em casa e curtir a partida com a família. “O empate seria uma boa forma de comemorarmos em dobro”, ressaltou bem humorado.

 

O brasiliense Kerley Horikawa, diretor de Esportes do Clube Nipo, garantiu sua presença no estádio logo no primeiro dia de venda de ingressos.

 

“Todo o grupo frequenta o Clube Nipo e demonstrou interesse em participar da partida desde que foi anunciada a venda dos bilhetes. Na nossa torcida têm pessoas que vão torcer pelo Brasil e outros para o Japão, mas tenho certeza que o ingresso terá sido bem pago qualquer que seja o vitorioso”, afirmou Horikawa.

 

EMBAIXADA OTIMISTA – Apesar de não arriscar um placar, o terceiro secretário da Embaixada do Japão, Shuichiro Arafune, aposta em um jogo bem disputado, já que os jogadores japoneses tem melhorado a performance em campo.

 

“A seleção japonesa está melhorando, por isso estamos esperando um ótimo resultado, comparando os jogos do passado, entre as duas seleções”, enfatizou Arafune.

 

Um ponto relevante abordado pelo terceiro secretário da Embaixada é que esse jogo voltará os olhos do Japão para o Brasil. “Essa ocasião contribui muito para que nossos países se conheçam melhor e se interessem ainda mais um pelo outro”, completou.

 

O embaixador do Japão estará presente no jogo no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha junto com o representante enviado pelo governo japonês.

 

HISTÓRIA – Os imigrantes chegaram à futura capital federal em 1958 -50 anos depois dos primeiros japoneses pisarem em terras brasileiras-, a convite do então diretor da Companhia Urbanizadora de Brasília (Novacap), Israel Pinheiro, que conhecia as inovações que eles tinham trazido à agricultura em outros estados.

 

Cinco famílias aceitaram o desafio de transformar a vegetação seca e retorcida da região em terra fértil e produtiva, e firmaram residência por aqui, primeiramente, na área conhecida hoje como Riacho Fundo.

 

Depois, eles fundadas as colônias no Núcleo Bandeirante, em Vargem Bonita e em Brazlândia.