17/08/2013 às 11:05

Saúde oferece atendimento especial para gestantes usuárias de drogas

HMIB é referência na rede pública do DF

Por Da Redação, com informações da Secretaria de Saúde


. Foto: Pedro Ventura – 14/04/2013

BRASÍLIA (17/8/13) – A equipe do Núcleo de Atendimento Terapêutico (NAT), do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), estuda a criação do primeiro protocolo médico e psicossocial brasileiro de atendimento a gestantes usuárias de álcool e outras drogas para atender à crescente demanda registrada no país.

“Estamos enfrentando um problema grave. Segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 2 milhões de brasileiros são dependentes de drogas”, relatou hoje o diretor de Saúde Mental, da Secretaria de Saúde, Augusto César de Farias.

No hospital foram destinadas três profissionais formadas em psiquiatra, psicologia e assistência social para tratar os casos de gestação de risco por entorpecentes, e hoje elas atuam principalmente nos momentos de crise.

Quando as mães são admitidas na emergência, a equipe do Centro Obstétrico solicita o atendimento. O período de internação geralmente é ampliado para até seis semanas e, além disso, as profissionais fazem a sensibilização para a adesão ao tratamento e à desintoxicação.

De acordo com a chefe psiquiatra do NAT do HMIB, Marjorie Moreira de Carvalho, ainda não há no Brasil um protocolo específico para o atendimento das gestantes usuárias de drogas e também faltam referências bibliográficas.

“Por isso estamos criando um protocolo médico e psicossocial com a equipe multidisciplinar para discutirmos e criarmos o melhor fluxo de atendimento para assistir a essas mulheres e suas especificidades, porque a demanda tem aumentado gradualmente”, explicou.

Após a alta hospitalar, a rede de saúde oferece suporte das Varas de Infância, os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas e as Comunidades Terapêuticas.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), um terço da população diagnosticada como dependente química são mulheres em idade reprodutiva. Dados do Ministério da Saúde apontam que 9% a 12% da população brasileira são dependentes de álcool e até 2% de crack.

“Antes essas mães passavam pelo Hospital São Vicente de Paulo e depois no Hospital de Base, mas o HMIB possui obstetras especializados em gravidez de alto risco que geralmente é o caso dessas mães, portanto, elas devem ser encaminhadas ao HMIB assim que for detectada a gestação”, complementou a psiquiatra Maria Marta Freire.

O fluxo de atendimento dessas mulheres foi adaptado para atender a mudança do perfil das usuárias que passaram a utilizar o crack em vez de merla, com quadros de agressividade extremada.

Apesar de apresentarem níveis socioeconômicos variados, geralmente são moradoras de rua e têm patologias como tuberculose, sífilis, aids, hepatites.

A psicóloga do programa Marina Kohlsdorf afirmou que o uso de drogas provoca alterações no organismo e que essas mulheres sofrem com o preconceito, exclusão social e apresentam histórias de abandono, negligência e todo tipo de violência.

“Por causa dessa especificidade, a criação do vínculo e a adesão ao tratamento são questões problemáticas no sucesso da intervenção. A dependência orgânica é tão forte que a motivação é boicotada”, reforçou.

BEBÊS – O tratamento também se estende aos recém-nascidos que geralmente apresentam diversas complicações como prematuridade, baixo peso, complicações respiratórias, má formação e abstinência. Em geral, os sinais de Síndrome de Abstinência Neonatal incluem irritabilidade, disfunção gastrintestinal, sucção exagerada e choro agudo nos bebês.

“A abstinência em recém-nascidos depende das drogas, do tempo de uso, da quantidade e do metabolismo materno. Esse estado pode se resolver sem medicação, a não ser quando se associa ao uso de múltiplas drogas e ao curto tempo entre o uso materno da droga e o nascimento”, descreveu o neonatologista Paulo Margotto.

A equipe planeja fazer treinamentos nas unidades dos hospitais, principalmente com os profissionais que trabalham nas emergências, com o objetivo de oferecer na rede pública um tratamento integral e preventivo e não só para intervenções em crise.

Onde encontrar ajuda:

Centros de Referência de Assistência Social (CRAS),

Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS)

Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas 24 h (CAPS AD III)

POP

SAMU

(I.F/T.V)