Atendida pelo Convivência de Brazlândia, Zilda Ferreira voltou a ter gosto pelos livros aos 66 anos; outras cem pessoas também frequentam o espaço 

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Atendida pelo Convivência de Brazlândia, Zilda Ferreira voltou a ter gosto pelos livros aos 66 anos; outras cem pessoas também frequentam o espaço 

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08/04/2014 às 12:04

Leitura como resgate da autoestima

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Atendida pelo Convivência de Brazlândia, Zilda Ferreira voltou a ter gosto pelos livros aos 66 anos; outras cem pessoas também frequentam o espaço 

Por Fábio Magalhães, da Agência Brasília


. Foto: Pedro Ventura

BRASÍLIA (8/4/14) – Aos 66 anos de idade, dona Zilda Ferreira Lima, moradora de Brazlândia, nunca havia lido um livro. O motivo do desinteresse pela leitura começou ainda na infância, logo após parar os estudos, na 4ª série, para trabalhar e ajudar no sustento da família. Realidade que mudou depois que ela começou a participar dos encontros do Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos da cidade, onde despertou o gosto pelo conhecimento.

 

“Eu sou muito vergonhosa e ainda não sei ler muito, só o suficiente. Eu pegava panfleto, muitas vezes, e nem lia. Jornais também não tinha o hábito de ler. Depois que entrei no Centro de Convivência, há pouco mais de um ano, minha vida mudou. Já fiz muitas amizades e voltei a gostar de ler”, contou a aposentada, à Agência Brasília.

 

Vivendo sozinha em um pequeno cômodo alugado há 11 anos, Zilda, que tem quatro filhos, se diz alegre com a vida simples, porém divertida. Ela, que antes de conhecer o centro de convivência passava boa parte do tempo em casa, agora visita os amigos e participa de bailes promovidos pelo local todas as sextas-feiras.

 

A mudança, no entanto, vai além do ciclo de amizade e dos compromissos sociais. Foi uma transformação na autoestima que impactou diretamente no intelectual, já que depois que passou a se interessar pela leitura e pelos estudos, dona Zilda chegou a ganhar o segundo lugar em um concurso de soletração feito pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda, no último ano.

 

“Fazia muito tempo que não lia e, de repente, me convidaram para soletrar. Recebi uma apostila, comecei a estudar e até achei difícil a pontuação. Me dediquei e consegui o segundo lugar”, contou a dona de casa, ao exibir, com orgulho, uma pequena medalha de honra ao mérito exposta em uma das paredes de casa.

 

Mas esse não foi o único prêmio conquistado por Zilda. O centro a presenteou, em um concurso, com uma faixa de “Miss Simpatia”. O título faz jus ao dia a dia da aposentada que, com um sorriso estampado quase sempre, cativa todos que estão ao seu redor.

 

Para a educadora social do programa em Brazlândia, que acompanha Zilda e outros 110 idosos que procuram atendimento na unidade, Priscila Eller Aranha, a transformação que aconteceu na vida da aposentada é semelhante ao constatado também nos outros assistidos.

 

“Temos muitos casos de idosos que moram só ou ficam muito tempo sozinhos, sem companhia. Este espaço, então, serve para eles conversarem, encontrarem colegas de mesma idade, criarem relações de amizades fortes. Eles deixam de fazer qualquer coisa para participar das atividade aqui”, explicou.

 

O CENTRO – O Distrito Federal conta com 17 centros de convivência instalados em diversas regiões administrativas. Nesses locais, crianças, jovens, adultos e idosos recebem acompanhamento de educadores sociais e profissionais de educação física.

 

Para ter acesso às atividades dessas unidades, é necessário que o interessado procure um dos 27 Centros de Referência em Assistência Social (Cras), disponíveis em várias regiões administrativas do DF, e pegar o encaminhamento.

 

Após a efetivação da participação, o assistido passa a frequentar o Centro de Convivência, onde terá acompanhamento para o fortalecimento de vínculos que, segundo a educadora social Priscila Aranha, tem como principal impacto a melhora da autoestima e da qualidade de vida.

 

(F.M./M.D*)