30/12/2014 às 20:02

Coragem para mudar

GDF enfrentou o cartel dos donos de empresas de ônibus e renovou inteiramente a frota que estava toda sucateada

Por Da Redação

BRASÍLIA (30/12/14) – O Distrito Federal chega ao final de 2014 com a frota de ônibus inteiramente nova. Para quem conhece um pouco da história do transporte urbano da capital federal é uma façanha, fruto do enfrentamento a um dos maiores problemas da cidade, um cartel de empresas que dominava o transporte urbano há quase 50 anos.

 

O resultado é mais conforto e segurança para passageiros e rodoviários, que passaram a contar com veículos zero quilômetros, menos poluentes e com itens como monitores de TV, ar-condicionado, piso antiderrapante e bancos estofados. Ao todo, foram entregues três mil ônibus, o que representa uma renovação completa do sistema.

 

“Já vi muitos acidentes em ônibus por estarem velhos demais, com cadeiras quebradas e barras de metal soltas. Agora, com os novos veículos, não tem isso. É tudo novinho”, destacou a arquiteta e usuária do transporte Fernanda Moreira, 29 anos. Ela ressaltou, ainda, que o tempo de espera diminuiu bastante.

 

Quem trabalha no sistema de transporte público do DF também agradece as mudanças. “Os veículos são mais leves e mais novos, por isso, não quebram mais. Isso facilita muito o nosso trabalho”, observou Valdemar dos Santos, 50 anos, motorista de uma linha que sai da Rodoviária do Plano Piloto para São Sebastião.

 

Tudo começou com a realização da nova licitações para a escolha das empresas que estariam habilitadas a fazer o serviço. Houve protesto das antigas empresas – o GDF foi obrigado a fazer intervenção em duas delas para manter o serviço com um mínimo de qualidade. Os donos das empresas tentaram de todas as maneiras barrar a nova licitação; impetraram mais de 180 ações judiciais para tentar evitar o processo, mas foram derrotados.

 

Para fazer a renovação total da frota, o Distrito Federal foi dividido em cinco áreas, e em cada uma delas atua uma empresa diferente. A Bacia 1 atende as regiões de Brasília, Sobradinho, Planaltina, Cruzeiro, Sobradinho II, Lago Norte, Sudoeste/Octogonal, Varjão e Fercal.

 

São 417 ônibus da Viação Piracicabana. Com 640 veículos, a Viação Pioneira atende a Bacia 2, composta por Gama, Paranoá, Santa Maria, São Sebastião, Candangolândia, Lago Sul, Jardim Botânico, Itapoã e parte do Park Way. A Bacia 3, sob responsabilidade do Consórcio HP-ITA, tem uma frota de 483 ônibus e atende as regiões do Núcleo Bandeirante, Samambaia, Recanto das Emas, Riacho Fundo I e Riacho Fundo II.

 

Taguatinga, Ceilândia, Guará, Águas Claras e uma parte do Park Way são atendidas pela Auto Viação Marechal, que atua com 464 ônibus. Outros 576 veículos, da Expresso São José, vencedora da concorrência para a Bacia 5, atende as regiões de Brazlândia, Ceilândia, SIA, SCIA, Vicente Pires e parte de Taguatinga.

 

MENOS POLUIÇÃO – Os novos ônibus emitem 180 vezes menos partículas poluentes que os antigos. Outra vantagem é que eles são rastreados via GPS, o que significa que quando o novo sistema de transporte urbano estiver inteiramente implantado, haverá um melhor controle de cumprimento de horários.

 

Os novos ônibus do DF também são equipados com monitores de TV, ar-condicionado e câmbio automático. Têm piso equipado com elevador ou plataforma para embarque e desembarque para pessoas com deficiência e superfície antiderrapante. As portas também são mais largas, e os bancos, estofados.

 

O motorista recebe aviso sonoro quando a porta está aberta ou quando a velocidade do veículo está acima do permitido na pista. Os veículos ainda contam com câmeras que gravam as imagens de tudo que ocorre dentro dos ônibus. Esses vídeos são de responsabilidade de cada empresa que opera no sistema e, sempre que necessário, podem ser disponibilizados, seja por questão de segurança pública ou para monitoramento do próprio DFTrans.