01/06/2016 às 20:22, atualizado em 09/08/2016 às 15:35

Projeto de música para alunos do sistema socioeducativo é ampliado

Antes restrita aos internos de Brazlândia e São Sebastião, iniciativa passa a incluir jovens do DF que estão em regime meio aberto e de semiliberdade

Por Guilherme Pera, da Agência Brasília

Nesta quarta-feira (1º), adolescentes das unidades de atendimento de meio aberto e de semiliberdade do sistema socioeducativo do Distrito Federal começaram a ter aulas de música no teatro da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, no Setor de Diversões Sul. O projeto Orquestra Plena Harmonia antes era restrito a jovens que cumprissem o regime interno em Brazlândia e em São Sebastião. Desde 2012, quando foi implementado, ofereceu para cerca de 300 adolescentes aulas de viola, violoncelo e violino, com instrumentos doados pela Escola de Música de Brasília.

No primeiro dia de aula, os 33 novos alunos ouviram três músicas executadas por jovens das unidades de Internação de Brazlândia e de São Sebastião. No momento da Ode à Alegria, parte da Nona Sinfonia, a plateia ficou de olhos atentos ao palco. “Quando eles tocaram a última música, de Beethoven, fiquei arrepiado”, disse um adolescente que cumpre medida socioeducativa em meio aberto.

Unidades no DF

O Distrito Federal tem sete unidades de internação para menores infratores, com capacidade para abrigar 873 internos ao todo – 853 vagas estão preenchidas. Outros 144 jovens cumprem medidas nas cinco unidades de semiliberdade, nas quais têm de estar a partir das 18 horas. Não há uma conta para o número de adolescentes que cumprem medidas nas 15 unidades de atendimento de meio aberto.

Integração

O professor Mafá Nogueira, idealizador do programa e maestro da orquestra.

O professor Mafá Nogueira, idealizador do programa e maestro da orquestra. Foto: Gabriel Jabur/Agência Jabur

Os profissionais envolvidos acreditam no poder transformador da música.  “Já trabalhei com teatro, mas a música é realmente diferente. Ela incentiva os jovens a quererem melhorar”, afirma Mafá Nogueira, idealizador do programa e maestro da orquestra.

A ideia é que o projeto, que pertence à Secretaria de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude, amplie ainda mais sua atuação.  “O programa será continuado e até aqueles que terminarem de cumprir suas medidas poderão continuar a tocar”, diz Nogueira.

Presente no evento, o secretário de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude, Aurélio de Paula Guedes Araújo, falou da importância do programa. “A música mexe com a autoestima e tem papel central para quem está em processo de ressocialização. No cumprimento do ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente], temos de buscar projetos de transformação de vida”, explica.

Um dos integrantes da Orquestra Plena Harmonia, interno de São Sebastião, entrou no sistema socioeducativo sem saber tocar nenhum instrumento. “É difícil explicar, mas é como se a música desse sentido às coisas, deixasse tudo mais bonito”, conta, após tocar violino para outros adolescentes.

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Transporte sem custo

A Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) fechou parceria com a pasta por meio do Cartão Solidário. Os participantes que apresentarem o cartão terão gratuidade nas 24 estações de metrô a partir de uma hora antes das aulas e até uma hora depois. “A causa é nobre e os custos não passam de R$ 3 mil”, justifica o diretor-presidente do Metrô-DF, Marcelo Dourado, que também estava no Dulcina de Moraes.

Compareceram à apresentação o subsecretário do Sistema Socioeducativo, Paulo Távora, e a coordenadora das Medidas de Meio Aberto, Danielle Pereira — ambos da Secretaria de Políticas para Crianças — e o presidente da Fundação Brasileira de Teatro, Marco Antônio Schmidt.

Edição: Gisela Sekeff