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04/07/2016 às 16:54, atualizado em 11/05/2017 às 16:13
Durante treinamento em campo, alunos aprendem a usar motobomba com jato d’água que permite enfrentar o fogo por quatro horas, em média
Versátil, fácil de transportar — mesmo com 25 quilos — e de ser fixada em terrenos e com capacidade para interligar até 23 mangueiras. Essas são algumas das características da motobomba canadense destacadas pelos 40 alunos que a usam no treinamento do curso do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal de prevenção e combate a incêndio florestal, que ocorreu no fim de junho.
“Ela foi desenhada especificamente para combate a incêndio florestal. Tem uma potência muito boa, podemos usar mais de mil metros de mangueira [altura de um prédio de cerca de sete andares]”, ilustra o primeiro-sargento Edinelson do Amaral Serpa, há 20 anos na corporação e um dos instrutores da disciplina sobre organização de materiais e de pessoal para extinguir fogo em áreas verdes.
No treinamento, o grupo foi dividido em equipes para manusear seis das oito motobombas da corporação. O galão de combustível acoplado para o funcionamento da máquina suporta até 20 litros, que permitem, em média, quatro horas diretas de combate. A água pode vir de caminhões-pipa ou mananciais, por exemplo.
O curso, que começou em 6 de junho, auxilia a operação Verde Vivo, já que quando terminar, em agosto — um dos meses mais críticos em incêndios florestais —, os militares estarão preparados para colocar em prática o que vivenciaram nas salas de aula e nas lições em campo.
“É importante para aperfeiçoar as técnicas, para saber lidar melhor com as ocorrências”, destaca a aluna e cabo do Corpo de Bombeiros Militar Amanda Moura, de 28 anos. Além de aprender sobre os equipamentos específicos, como motobomba, abafadores e motosserras, os alunos recebem instruções de orientação e navegação terrestre, de sobrevivência e de prevenção a incêndios florestais, por exemplo.
Na quarta-feira (6) de manhã, no Gama, o grupo fará treinamento com queima controlada. À tarde, haverá combate direto com abafadores e bombas costais.
As atividades do curso terminarão com a formatura da turma, no fim de julho. Antes, porém, os alunos passam uma semana em acampamento. “É um curso pesado, porque também há uma parte de sobrevivência; no combate, muitas vezes a gente pode virar uma noite sem alimentação, sem água, então temos de aprender técnicas para isso”, detalha o coordenador, major do Corpo de Bombeiros Militar Ronaldo Lima de Medeiros.
A seleção é concorrida. Para se inscrever, deve-se aguardar divulgação de edital interno de chamamento. Antes de garantir uma vaga, no entanto, é necessário passar pelo teste de aptidão física, com provas de barra e de flexão, por exemplo. Há também o teste específico, que consiste em percorrer 5 quilômetros, em até 45 minutos, com uma bomba costal que tem capacidade para até 20 litros de água.
“Muito é exigido, mas todos sabem do profissionalismo, de como que é feito, então o aluno sai falando bem, e a cada edição temos mais procura”, diz o primeiro-tenente Hugo Silva, auxiliar de coordenação do curso e instrutor. Segundo ele, cerca de 150 candidatos participaram do último curso.
Foi exatamente a propaganda um dos fatores que despertaram a vontade de se capacitar no soldado primeira classe da Força Aérea Brasileira Mateus Sena Costa, de 23 anos. “Gosto sempre de buscar novos conhecimentos, testar meus limites. O que me motivou, principalmente, foi ver um dos meus colegas de trabalho que fez o curso em 2013 desempenhar a atividade”, conta, ao falar da experiência, que considera ímpar.
[Olho texto=”“Quando se vai para o meio ambiente, o animal, a espécie da planta, o vegetal não vão agradecer, mas sabemos que estamos fazendo um excelente serviço não só para o meio ambiente, mas para toda a população.” ” assinatura=”Major do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal Ronaldo Lima de Medeiros, coordenador do curso”]
Do total de vagas, algumas são destinadas ao público externo que se relaciona com a atividade de combate a incêndio florestal. Neste ano, participam três militares da Força Aérea Brasileira.
São 424 horas-aula, que vão além do treinamento, como explica o coordenador, major Ronaldo Lima de Medeiros. O curso inclui o trabalho de educação ambiental, que mostra a importância do Cerrado para esta e futuras gerações.
“Nós vamos a uma ocorrência, fazemos uma atuação e a pessoa fala: ‘Muito obrigado, você salvou meu filho, você apagou o incêndio da minha casa’. Há uma pessoa para agradecer; isso é um reconhecimento muito importante para nós”, confessa. “Quando se vai para o meio ambiente, o animal, a espécie da planta, o vegetal não vão agradecer, mas sabemos que estamos fazendo um excelente serviço não só para o meio ambiente, mas para toda a população. Por mais que não tenha um agradecimento de quem está sendo protegido, é extremamente importante”, compara o major.
Biólogo, o primeiro-tenente Vinícius Fiuza Dumas, de 33 anos, está há quatro anos e meio na corporação e diz que sempre teve afinidade com o tema. “Assim que entrei no Bombeiro, tive a instrução, continuei me identificando com a área e decidi tentar o curso justamente pela parte de identificação pessoal e pela profissional, já que é um crescimento na nossa carreira”, destaca. O primeiro-tenente conta ainda que procura a especialização para futuramente poder comandar uma operação Verde Vivo.
A Verde Vivo tem como objetivo prevenir e minimizar os danos causados ao meio ambiente pelo fogo. Neste ano, começou em março e vai até novembro. “[O curso] faz parte de todo o planejamento que a Verde Vivo é. Ocorre para especializar cada vez mais profissionais da corporação no combate aos incêndios florestais”, resume o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar, coronel Hamilton Santos Esteves Junior.
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Edição: Raquel Flores