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03/02/2017 às 16:51, atualizado em 20/03/2017 às 13:25
Equipes são formadas por crianças e jovens de 8 a 19 anos em situação de vulnerabilidade social
Ter uniforme para cerca de 120 alunos da Escolinha Esportiva La Coruna era um sonho antigo que Jairo de Miranda Rocha, de 34 anos, conseguiu realizar. Morador de Santa Maria há quase duas décadas, ele representa um dos 11 projetos sociais que receberam da administração regional a doação do conjunto com camiseta e calção. O material foi confeccionado pela Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap).
Rocha toca com dificuldade o projeto social desde 2012 e atende gratuitamente garotos de 6 a 18 anos. Para ele, a doação é um estimulo para seguir com a causa e afastar as crianças e os adolescentes dos crimes. “Vivemos em uma área vulnerável socialmente, mas eu quero que os alunos acreditem no caminho certo, que, se não forem jogadores famosos, vejam como é lindo ser um pai de família, um pedreiro, um empresário.”
A Funap confecciona 748 uniformes, por meio de contrato com a Administração Regional de Santa Maria, que recebeu R$ 50 mil de emenda parlamentar. As peças, para um total de 800 alunos, serão doadas a 34 times de futebol de Santa Maria — a distribuição se iniciou em dezembro e segue conforme a produção. As equipes que receberão o material têm jogadores com idade de 8 a 19 anos, dos sexos masculino e feminino.
[Olho texto='”Vivemos em uma área vulnerável socialmente, mas eu quero que os alunos acreditem no caminho certo, que, se não forem jogadores famosos, vejam como é lindo ser um pai de família, um pedreiro, um empresário”‘ assinatura=”Jairo de Miranda Rocha, responsável pela Escolinha Esportiva La Coruna” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
A ideia, segundo o administrador regional de Santa Maria, Hugo Gutemberg, é que a parceria com a Funap se estenda para que outras equipes sejam beneficiadas. “Acreditamos que o esporte é uma das melhores formas de socialização e de ressocialização, além de auxiliar a integração entre o governo e a sociedade.”
Além do material, a administração promove torneios de futebol entre as escolinhas. O trabalho social, na maioria dos casos, é patrocinado também por comerciantes locais, e todas as aulas ocorrem em campos sintéticos públicos. “Com essa doação, elas conseguem usar o dinheiro do patrocínio para outras coisas, como lanche para as crianças.”
A Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso atende cerca de cem pessoas e oferece seis oficinas de profissionalização nas áreas de marcenaria, corte e costura, serralheria, panificação e serigrafia, além de serviços no setor agrícola, na Fazenda da Papuda.
De acordo com o diretor-executivo da Funap, Nery do Brasil, a ideia é que sejam fechadas também parcerias com outras regiões administrativas. “Essas pessoas saem daqui profissionais e poderão trabalhar com o que aprenderam”, destaca.
Para ser selecionado para a Funap, o detento precisa atender a alguns critérios, como bom comportamento. Eles recebem uma bolsa-ressocialização mensal no valor aproximado de R$ 750. A remuneração é fracionada em três partes: uma para a família, outra para uma poupança (à qual eles só têm acesso quando deixam o sistema fechado) e a última para o sentenciado.
Edição: Paula Oliveira