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17/04/2017 às 11:34, atualizado em 19/04/2017 às 10:21
Gêneros que iriam para o lixo apenas por estarem fora dos padrões estéticos agora complementam a alimentação de aproximadamente 35 mil pessoas em mais de 140 instituições
O programa Desperdício Zero, da Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF), arrecadou, nos três primeiros meses de 2017, mais de 44 toneladas de alimentos. Esse total equivale a 54% do volume movimentado pelo programa em todo o ano passado.
Somente em março deste ano, 20 toneladas de produtos foram distribuídas a entidades cadastradas como beneficiárias dessa iniciativa no Banco de Alimentos da Ceasa.
O combate ao desperdício, como enfatiza o presidente do órgão, José Deval, está entre as prioridades do governo local. Verduras, frutas e legumes, que iriam para o lixo apenas por estarem fora dos padrões estéticos de comércio, servem agora para complementar a alimentação de 35 mil pessoas em mais de 140 instituições.
Deval atribui esse desempenho a duas ações recentes: a compra de um furgão para recolher doações e a criação de infraestrutura para coordenar as arrecadações.
[Olho texto='”O comerciante entra em contato conosco e, em 30 minutos, no máximo, recolhemos os alimentos”‘ assinatura=”José Deval, presidente da Ceasa-DF” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
O processo então ganhou velocidade. “O maior problema era buscar esses produtos com agilidade”, diz Deval. “Atualmente, o comerciante entra em contato conosco e, no máximo em 30 minutos, já recolhemos os hortifrútis”, garante.
Uma equipe percorre as empresas na Ceasa de segunda a sexta-feira. Além disso, os doadores podem pedir que o banco busque os produtos por meio do Disque-doação, no (61) 3363-1204.
Outro canal é o aplicativo WhatsApp, pelo número (61) 99295-1791, ou ainda via e-mail, no endereço bancodealimentos@ceasa.df.gov.br.
Para facilitar o recebimento, todas as segundas e quintas-feiras — dias com venda direta do produtor —, o furgão fica ao lado do Mercado Livre do Produtor (Pedra) durante toda a manhã.
O comerciante Jamal Baclisi, jordaniano radicado no Brasil há 40 anos — há nove atuando na Ceasa —, é um doador assíduo de frutas para o banco de alimentos.
[Olho texto='”São produtos que não servem para o mercado por conta da aparência, mas perfeitos para o consumo”‘ assinatura=”Jamal Baclisi, comerciante” esquerda_direita_centro=”direita”]
Somente na manhã de 3 de abril, uma segunda-feira, ele encaminhou cerca de 150 quilos de mexerica e melão. “São produtos que não servem para o mercado por conta da aparência, mas perfeitos para o consumo”, explica.
De acordo com ele, diariamente ocorrem descartes de alimentos. “São frutas menores ou com a coloração um pouco mais opaca, mas com o sabor e a qualidade preservadas, que não vão mais para o lixo”, conta o empresário.
Ele revela que faz questão de acompanhar o destino da doação. “Sempre me dão retorno sobre os lugares beneficiados com os produtos.”
Depois de recebidos, os alimentos são inspecionados e pesados pela equipe do banco, que faz a seleção dos que podem ser consumidos.
A seguir, distribuem-se os hortifrútis para a rede de instituições assistenciais conveniadas, de acordo com a quantidade de pessoas atendidas.
O Instituto Vicky Tavares Vida Positiva recebe doações há três anos. A entidade, na Asa Sul, beneficia 17 crianças portadoras do vírus HIV e também assiste 52 famílias.
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O gerente do instituto, Ricardo Moraes, calcula que as doações representam 50% dos alimentos servidos aos beneficiados. De acordo com ele, se não as recebesse, teria de comprá-las, o que seria um peso grande no orçamento da entidade.
Para reduzir ainda mais o desperdício, a Ceasa prevê implementar em até 120 dias um projeto para processar alimentos. A ideia é empregar partes melhores no preparo de receitas, desprezando as estragadas. “Muitas vezes, mais de 90% do produto ainda serve para o consumo”, explica o presidente da Centrais de Abastecimento do DF.
O projeto passa pela avaliação de um engenheiro para a elaboração de termo de referência. Posteriormente, a meta é adaptar a câmara fria e contar com ajuda da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF) para o manuseio da comida.
Segundo Deval, existe emenda parlamentar do deputado Joe Valle (PDT) destinada a essa operacionalização.
Como se cadastrar como entidade beneficiária das doações
Para o cadastro de entidades de assistência social, o interessado deve acessar o site da empresa, preencher o formulário de inscrição e entregar, juntamente com os documentos exigidos, ao banco.
Edição: Vannildo Mendes