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28/05/2017 às 10:28, atualizado em 29/05/2017 às 14:12
Treinamento ocorre no Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais de Educação, com 47 docentes de 15 escolas da rede pública. Com a multiplicação do projeto, a estimativa é chegar a cerca de 2 mil alunos
Livros de mulheres líderes, com histórias de superação ou de grandes feitos, serão trabalhados na capacitação de 47 professores da rede pública de ensino do Distrito Federal no projeto Mulheres Inspiradoras. Para isso, 63 exemplares de Eu sou Malala, O Diário de Anne Frank e Quarto de Despejo — Diário de uma Favelada foram comprados com recursos do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).
O treinamento dos docentes para multiplicar a proposta nas escolas em que trabalham já começou. O primeiro foi em 22 de maio, e o último será em 30 de julho, sempre às segundas-feiras. Os encontros ocorrem no Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais de Educação (Eape), na 907 Sul, em dois turnos: das 8 às 11 horas e das 14 às 17 horas.
Os educadores vão discutir temas como empoderamento feminino, machismo nas escolas, equidade de gênero, representação feminina na mídia, combate à violência contra a mulher, diversidade e direitos humanos. Além disso, aprenderão a metodologia do Mulheres Inspiradoras.
De acordo com a Secretaria de Educação, a meta era alcançar 30 docentes. O número de inscritos ultrapassou o estipulado porque muitos profissionais demonstraram interesse na capacitação.
Foram selecionadas 15 escolas de diversas regiões administrativas, entre elas Ceilândia, Gama, Taguatinga, Riacho Fundo e Santa Maria.
A Universidade de Brasília (UnB) entrou como parceira e colocou à disposição, sem custo adicional, dois mestrandos, três doutorandos e um graduando do programa de pós-graduação em linguística. Os pesquisadores vão acompanhar a execução do projeto com o intuito de aprimorá-lo para as próximas edições.
Por ser uma experiência piloto, a pedido do CAF, o Mulheres Inspiradoras passará por um processo de avaliação. Depois, a proposta é dar continuidade e levá-lo para outras regiões brasileiras e outros países. “Em outras regiões também existem mulheres inspiradoras para serem honradas e valorizadas”, justifica a idealizadora, Gina Vieira de Albuquerque.
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Professora e coautora do projeto, Vitória Régia de Oliveira diz que “o treinamento não é uma receita pronta, em que o professor fica amarrado”. Segundo ela, a ideia é que cada um se aproprie do trabalho que fez.
Por isso, o produto final a ser apresentado não precisará ser necessariamente um livro — como ocorreu na primeira edição em Ceilândia — mas poderá ter a forma de um desfile, um documentário ou até mesmo de uma peça teatral.
Professora da rede pública há mais de 26 anos, Gina estava desmotivada por perceber a dificuldade de interação entre docentes e alunos. Pensando em desistir da profissão, constatou que o modelo educacional aplicado a jovens deveria ser atualizado para despertar o interesse desse público.
Decidida a mudar esse cenário, em 2014, optou por trabalhar na parte de diversidade de projetos do Centro de Ensino Fundamental 12 de Ceilândia. Com o apoio da coordenadora pedagógica da unidade, Vitória Régia, conseguiu estreitar o diálogo com os estudantes e alinhá-lo a práticas pedagógicas com a criação de uma rede social.
[Numeralha titulo_grande=”2 mil” texto=”Quantidade de estudantes que deverão ser atendidos pelo Mulheres Inspiradoras com a capacitação dos professores” esquerda_direita_centro=”direita”]
Depois disso, incentivou leitura de obras de mulheres de grande representatividade e incumbiu os alunos de entrevistar e produzir matéria com uma mulher de seu vínculo social que julgassem ser uma inspiração.
O resultado foi a produção de 95 textos, escritos em 2014 e 2015, reunidos em um livro, com título homônimo. As duas professoras organizaram a obra e a lançaram em 2016, no Dia Internacional da Mulher (8 de março).
Desde então, o projeto passou por duas edições, ambas no Centro de Ensino Fundamental 12 de Ceilândia, com a participação de 480 alunos. Agora, com a multiplicação, a estimativa é que chegue a cerca de 2 mil estudantes.
O Mulheres Inspiradoras recebeu várias premiações, entre as quais o 4º Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos da Presidência da República (2014); o 8º Prêmio Professoras do Brasil, do Ministério da Educação (2014); e o 1º Prêmio Ibero-Americano de Educação em Direitos Humanos da Organização dos Estados Ibero-americanos (2015).
Edição: Raquel Flores