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19/06/2017 às 09:02, atualizado em 19/06/2017 às 09:06
Armazenamento inadequado de água é o principal criadouro do Aedes aegypti no Distrito Federal
A vendedora autônoma Geralda Vieira do Rosário, de 55 anos, tem o hábito de estocar água na chácara onde mora, na Vila Planalto, para compensar os dias de racionamento. “Uso todos os dias para lavar roupa e regar as plantas”, justifica.
Mesmo que o recurso seja utilizado com frequência, o armazenamento inadequado pode significar riscos à saúde: recipientes como baldes e tonéis têm sido, de acordo com a Vigilância Ambiental em Saúde, o principal criadouro no DF do Aedes aegypti, transmissor da dengue, da chikungunya e da zika.
Para evitar a proliferação do mosquito, agentes foram à casa de Geralda e recomendaram a completa vedação de alguns objetos. Entre eles, uma banheira, na qual a equipe despejou hipoclorito de sódio para impedir o desenvolvimento do inseto.
“O importante é manter o recipiente completamente vedado. É necessário fechá-lo imediatamente após o uso”, aconselha Herica Martins, chefe do Núcleo de Vigilância Ambiental Norte, da Diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde.
[Olho texto=”Os locais preferidos do mosquito Aedes aegypti são de cor escura e com água parada — limpa ou não” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Ela ainda indica a limpeza duas vezes por semana, esfregando as paredes com o lado áspero da bucha. Isso porque os ovos do Aedes são aderentes e duram de um ano a 450 dias em ambientes secos. Os locais preferidos do mosquito são de cor escura e com água parada — limpa ou não.
Segundo Herica, responsável pelas vistorias na Asa Norte, na Granja do Torto, no Lago Norte, no Taquari, no Varjão, em Vicente Pires e na Vila Planalto, cerca de 40% dos focos de larvas encontradas pela equipe dela neste ano foram em recipientes para armazenar água.
Na visita guiada a chácaras da Vila Planalto, na semana passada, não foram encontrados rastros do mosquito nos recipientes.
Em uma das residências, porém, havia dezenas de larvas e pupas em uma fossa, fechada parcialmente com uma garrafa pet. Os servidores da Vigilância Ambiental deram ao caseiro uma tela de poliéster, que ele usou para fechar a fossa.
“Não é um recipiente de água para o racionamento, mas a dica é a mesma: mantenha a estrutura completamente vedada”, observa Everaldo Resende, supervisor de campo do Núcleo de Vigilância Ambiental, presente na coleta.
Todas as orientações dadas pela Vigilância Ambiental em Saúde são pontuais, em cima do que as pessoas têm feito no racionamento. A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) recomenda, no entanto, o estoque apenas em caixa d’água.
[Olho texto=”“É preciso parar de encarar a água como um recurso abundante. Ou aprendemos a viver com uma quantidade limitada, ou teremos de buscar água cada vez mais longe”” assinatura=”Karina Bassan, analista em sistemas de saneamento da Caesb” esquerda_direita_centro=”direita”]
“O armazenamento em latas e baldes é muito precário. Muitas vezes, ficam a semana inteira com água, um ciclo de desenvolvimento completo do Aedes aegypti”, observa Karina Bassan, analista em sistemas de saneamento da Caesb. Segundo a engenheira química, o ideal é uma caixa d’água completamente vedada e limpa a cada seis meses.
As normas seguidas pela Caesb incluem os artigos 78 e 135 do Código de Edificações do DF — que em breve será substituído pelo projeto em trâmite na Câmara Legislativa —, o artigo 37 do decreto que regulamenta instalações prediais de água fria, a NBR 5626 da Associação Brasileira de Normas Técnicas e a Resolução nº 14 de 2011 da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa).
Desde antes do rodízio no fornecimento, a Caesb alerta as pessoas para o uso racional da água. Entre as dicas estão banhos de até cinco minutos; torneiras fechadas sem gotejar; e troca da mangueira por balde na lavagem de carro, por vassoura na limpeza de áreas externas e por regadores nas plantas.
Para Karina, o importante é mudar a cultura. “Sabemos como fazer, mas não incorporamos ao dia a dia. É preciso parar de encarar a água como um recurso abundante. Ou aprendemos a viver com uma quantidade limitada, ou teremos de buscar água cada vez mais longe”, afirma.
Edição: Marina Mercante