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27/11/2017 às 08:59, atualizado em 28/02/2018 às 11:18
Em Samambaia, quantidade de demanda espontânea saltou de 32 pacientes em agosto para 160 no mês passado. Simone Mathias Telles foi uma das atendidas em novembro
Simone Mathias Telles, de 47 anos, tem crises de alergia há cinco meses. Acostumada a sempre procurar o pronto-socorro do Hospital Regional de Samambaia ou a unidade de pronto-atendimento (UPA) da região, nas últimas semanas ela tem sido acompanhada na Unidade Básica de Saúde (UBS) 7, mais perto de casa e, segundo ela, com mais rapidez.
A diferença no atendimento impressionou a diarista, que agora faz exames para descobrir qual é a causa do problema. “Antes, me davam remédio, o problema passava, mas depois voltava. Aqui, o médico vai me passar o tratamento adequado e resolver de vez a situação”, diz.
Investigar as causas das doenças e tratar os pacientes integralmente é um dos princípios da Estratégia Saúde da Família, modelo base da atenção primária da rede. “Ainda passamos por mudanças, mas estamos muito mais preparados hoje do que os prontos-socorros em termos de acolhimento e acesso”, explica a coordenadora da Atenção Primária, Alexandra Gouveia.
[Olho texto=”“Ainda passamos por mudanças, mas estamos muito mais preparados hoje do que os prontos-socorros em termos de acolhimento e acesso”” assinatura=”Alexandra Gouveia, coordenadora da Atenção Primária” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Na UBS 7, por exemplo, todas as pessoas que procuram atendimento são avaliadas, e, a depender da gravidade do caso, têm a consulta marcada, são atendidas imediatamente ou até encaminhadas para outro nível de atenção da rede.
No último caso, também há o acompanhamento da unidade básica. “Quando é grave, conseguimos estabilizar o quadro aqui e chamar o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência]”, explica a gerente de Serviços à Atenção Primária da unidade, Leonor Costa.
A Portaria n° 77, de 2017, que estabelece a nova política de atenção primária no DF, sugere que 50% do atendimento nas unidades básicas de saúde sejam destinadas a consultas marcadas e outros 50% à demanda espontânea, ou seja, pessoas sem horário agendado.
[Olho texto=” 50% do atendimento nas unidades básicas de saúde são destinadas a consultas marcadas e outros 50% à demanda espontânea” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]
A medida garante que os pacientes que precisem ser consultados no mesmo dia tenham acesso. Foi o caso de Taline Keiler, de 29 anos. A dona de casa levou o filho Nicolas, de 7 meses, à unidade para tratar uma gripe. “Aqui, quase não espero e sempre sou atendida. Só vou ao hospital quando não tem outro jeito”, diz.
Graças a isso, a quantidade de pessoas que procuram a unidade quando se sentem mal mesmo sem marcar consulta tem aumentado. Em agosto, esse número chegava a 32 pacientes e, em setembro, 120. No mês passado 160 pessoas procuraram o lugar por demanda espontânea.
De acordo com Leonor, a adequação da atenção primária no modelo da Estratégia Saúde da Família é o primeiro passo para a organização de todas redes de atenção à saúde. Exemplo disso é a Portaria n° 386, que, entre outras coisas, reorganiza o atendimento nos prontos-socorros do DF.
Agora, quem procurar um hospital da rede pública de saúde em situações de baixa complexidade é orientado a buscar a unidade básica de saúde mais perto de casa.
[Olho texto=”Quem procurar um hospital da rede pública de saúde em situações de baixa complexidade é orientado a buscar a unidade básica de saúde mais perto de casa” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
“Isso porque, no pronto-socorro, o paciente concorre com outros de maior gravidade, que vão ser prioridade. Na atenção primária, ele vai ser acolhido de uma forma diferente, vai ter sua necessidade mais bem avaliada”, explica Alexandra.
Essa mudança, ela conta, tem sido possível de maneira mais organizada em locais onde a Estratégia Saúde da Família já estava mais bem consolidada, no entanto a queda de pessoas com quadro clínico sem gravidade em UPAs e prontos-socorros já pode ser notada em vários locais.
Na UBS de Samambaia, por exemplo, construída há mais de quatro anos, com equipes de saúde da família, o processo tem sido positivo. A quantidade de demanda espontânea tem aumentado.
O local tem seis equipes de saúde da família e atende uma população de 29 mil pessoas. Atualmente, a cobertura da estratégia em Samambaia é de 90%, sem contar com as equipes que estão em transição. Com elas, a conta chega a 100% de cobertura.
Outra mudança para garantir o acesso da população às UBS foi a ampliação no horário de funcionamento dos locais com mais de três equipes de saúde da família. Vinte e quatros unidades estão abertas de segunda a sexta-feira das 7 às 19 horas e aos sábados até meio-dia.
Outras 55, que passam pelo processo de transição, até o fim do ano também devem migrar para o novo horário. Atualmente, elas funcionam de segunda a sexta-feira, de 7 as 18 horas. As 86 unidades rurais ou com até três equipes funcionam de segunda a sexta-feira, das 7 às 17 horas.
Edição: Paula Oliveira