28/02/2018 às 08:59, atualizado em 28/02/2018 às 09:01

Programa de despoluição do Lago Paranoá será apresentado no Fórum Mundial da Água

Novas estações de tratamento de esgoto contribuíram para a Caesb conseguir aumentar de 50 centímetros para 2 metros a transparência do principal espelho d’água de Brasília

Por Renaro Cardozo, da Agência Brasília

Criado em 1959, com o represamento do Rio Paranoá, o principal espelho d’água de Brasília já foi considerado impróprio para recreação.

A Estação de Tratamento de Esgotos Sul.

A Estação de Tratamento de Esgotos Sul. Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

Hoje, porém, o Lago Paranoá tem aval até mesmo para abastecer algumas regiões do Distrito Federal, como o Lago Norte, o Paranoá, o Itapoã e o Taquari.

Essa mudança de cenário foi possível graças ao Programa de Despoluição do Lago Paranoá, da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb).

Ele é uma das iniciativas bem-sucedidas do governo local que serão apresentadas ao público do 8º Fórum Mundial da Água, de 18 a 23 de março. O encontro internacional deverá reunir 45 mil pessoas no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha.

Qualidade da água foi prejudicada por esgotos tratados inadequadamente

No fim da década de 1970, a qualidade da água do Lago Paranoá foi severamente deteriorada por causa do derramamento de esgotos domésticos tratados inadequadamente.

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“A população de Brasília sempre cresceu acima da média. Por isso tivemos um problema ecológico no lago”, lembra o analista do sistema de saneamento da Caesb, Fernando Starling.

Esse derrame fez aparecer os sintomas indesejáveis da eutrofização — processo em que surgem níveis altos de nutrientes na água, provocando o posterior acúmulo de matéria orgânica em decomposição —, como excesso de algas e peixes mortos.

Para resolver a situação, o Programa de Despoluição do Lago Paranoá foi implementado no início da década de 1990.

A iniciativa consiste, entre outras ações, no controle do fósforo, elemento químico que pode causar desequilíbrios no ecossistema. “O fósforo é como um combustível desestabilizador”, explica Starling.

Com o programa, o Lago Paranoá passou a receber 70% a menos desse elemento — de 418 quilos de fósforo por dia, em 1992, baixou para níveis próximos de 100 quilos por dia a partir de 1995 até os dias atuais. Nessa quantidade, o resultado é benéfico, pois contribui para o equilíbrio do ecossistema.

O que é o Programa de Despoluição do Lago Paranoá

O programa consistiu, principalmente, na construção das Estações de Tratamento de Esgotos Sul e de Tratamento de Esgotos Norte.

Elas substituíram os antigos pontos de tratamento, nos mesmos locais — finais da Asa Sul e da Asa Norte, respectivamente —, e focaram na retirada de nutrientes.

[Olho texto=”A qualidade melhorou tanto que a ANA já considera a água do Lago Paranoá nos mesmos padrões dos demais mananciais que abastecem o DF” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]

Com isso, as microalgas, que cobrem a superfície como se fossem uma nata verde, foram reduzidas a níveis ecologicamente aceitáveis.

Porém, segundo Starling, como a quantidade de fósforo no fundo do lago era grande, o processo de limpeza demorou mais do que o esperado.

“Foram necessárias outras ações, como o controle de retenção da água (descarte do excesso comprometido) e a biomanipulação da área”, acrescenta o analista da Caesb.

Água boa para o consumo

“Em 1999, conseguimos entregar um lago que passou de 50 centímetros de transparência para 2 metros”, compara Starling.

A qualidade da água melhorou tanto que a Agência Nacional de Águas (ANA) já considera o conteúdo do Lago Paranoá nos mesmos padrões dos mananciais que abastecem os reservatórios dos Sistemas Torto-Santa Maria e Descoberto.

Inscrições para o fórum estão abertas

Quem quiser acompanhar os debates do 8º Fórum Mundial da Água no Centro de Convenções pode se inscrever por meio do site oficial do evento, na aba Inscrições.

Os ingressos dão direito à participação da abertura, do encerramento, das sessões do fórum, dos almoços e dos eventos culturais na exposição e na feira.

O segundo lote será vendido até esta quarta-feira (28). Brasileiros e cidadãos de países que não integram a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) têm 50% de desconto no cadastro.

Estudantes usufruem de abatimento de até 80%. A partir de quinta-feira (1º), começa a venda do terceiro lote de ingressos.

O que é o Fórum Mundial da Água

Criado em 1996 pelo Conselho Mundial da Água, o fórum foi idealizado para estabelecer compromissos políticos acerca dos recursos hídricos.

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Em Brasília, ele é organizado pelo Conselho Mundial da Água, pelo governo local — representado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa) — e pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio da ANA.

O fórum ocorre a cada três anos e já passou por: Daegu, Coreia do Sul (2015); Marselha, França (2012); Istambul, Turquia (2009); Cidade do México, México (2006); Kyoto, Japão (2003); Haia, Holanda (2000); e Marrakesh, no Marrocos (1997).

A escolha de Brasília como sede da 8ª edição se deu em 26 de fevereiro de 2014, na reunião de governadores do Conselho Mundial da Água, na Coreia do Sul. Será o primeiro fórum no Hemisfério Sul.

8º Fórum Mundial da Água

De 18 a 23 de março

No Centro de Convenções Ulysses Guimarães e no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha

Inscrições abertas no site oficial do evento

Edição: Raquel Flores