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19/06/2018 às 09:05, atualizado em 19/06/2018 às 09:10
Semanalmente, bichos passam por treinos que os acostumam a procedimentos imprescindíveis para a saúde
Tucha atende pelo nome, entra e sai do cambeamento (área de confinamento) quando é solicitada e não estranha se precisam fazer algum exame que exija toque. A zebra, que chegou à Fundação Jardim Zoológico de Brasília em 1997, há cinco anos faz treinos semanais de condicionamento operante com reforço positivo.
O método consiste em instruir o animal a fazer determinadas atividades em troca de alimentos de que ele goste. No caso de Tucha, sua recompensa favorita é a rapadura.
Atualmente, quase todos os animais do plantel têm rotina de condicionamento, com exceção de algumas aves e dos répteis, que começarão com os procedimentos ainda neste ano. Feitos pelas biólogas da fundação, todos os exercícios respeitam a vontade do bicho e contam com o apoio de tratadores.
“Se eles não quiserem fazer, não fazem. Não serão castigados por isso”, esclarece a agente de Conservação e Pesquisa do Núcleo de Bem-Estar Animal, Marisa Carvalho. Ela conta que os procedimentos variam de acordo com as necessidades do animal e, por isso, podem ser diferentes a cada dia.
As tarefas ficam mais complexas à medida que os treinos passam. Elas podem ajudar na aproximação, na consulta do bem-estar e no manejo dos bichos, sem a necessidade de uma interferência maior.
No caso dos hipopótamos fêmeas que dividem um dos recintos da Galeria África, o condicionamento trabalha principalmente a saída da água e a abertura da boca. Quando veem a equipe se aproximar, saem do tanque e se dirigem à grade onde os exercícios ocorrem.
“Eles ficam mais na água do que no solo. Então, isso é importante para checar se não há ferimentos, se está tudo bem”, exemplifica Marisa, ao completar que a medida garante manejos para a limpeza dos recintos ou para outros cuidados da saúde dos bichos.
Com muita comunicação e comandos claros, Marisa consegue que os hipopótamos mantenham a boca aberta para o cuidado dos dentes, que são cuidadosamente escovados com frequência. O desafio, ela conta, é fazê-los permanecer de 10 a 15 minutos na posição. Isso facilita para quando as presas precisarem de tratamento.
[Olho texto=”Animais em estágio mais avançado treinam tarefas ainda mais específicas, com a simulação de exames como de sangue ou de toque” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
A girafa Yaza é outra que fica animada ao ver a movimentação característica da equipe. Hoje, por conta de mudanças feitas em seu cambeamento, os treinos são para que ela volte a se acostumar com o espaço.
Com um bastão com uma bola na ponta, a agente de conservação aponta onde quer que o animal vá e lhe entrega a recompensa. Animais em estágio mais avançado treinam tarefas ainda mais específicas, com a simulação de exames como de sangue ou de toque.
É o caso de Tucha. Sem resistência, a zebra permite que todo o corpo seja examinado, com uso de estetoscópio, escova e até agulha.
Edição: Marina Mercante