19/03/2019 às 08:53, atualizado em 19/03/2019 às 08:57

Apesar de transtornos, moradores e comerciantes de Vicente Pires apostam nas obras

Valorização de imóveis e ampliação de comércios devem ser alguns dos resultados com a construção de rede de drenagem e pavimentação

Por Hédio Ferreira Júnior, da Agência Brasília

Águas das chuvas captadas pelas redes de drenagem vão desaguar nas lagoas até chegarem aos córregos de Vicente Pires. Foto: Lúcio Bernardo Jr./ Agência Brasília

Há dois anos, o comerciante Elder Nudes de Sousa, de 35 anos, se mudou com a família da Cidade Estrutural para Vicente Pires. Queria ter o próprio negócio e aproveitar a crescente expansão da região com elevado poder aquisitivo do Distrito Federal. Abriu uma padaria na rua 4, sob a qual irá passar um dos principais canais de drenagem da cidade. A via é uma das mais castigadas em períodos de chuvas, com perda de camadas de asfalto e formação de inúmeros buracos.

[Olho texto='”O transtorno nessa fase é inevitável, mas é preciso ter paciência porque irá melhorar bastante a infraestrutura da cidade”‘ assinatura=”Elder Nudes de Sousa, comerciante” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

A determinação de emergência nas obras inéditas de infraestrutura da cidade fez com que o Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Estado de Obras, iniciasse a instalação da tubulação do canal de drenagem ainda no período de chuvas. A interdição de ruas e faixas de trânsito, inclusive na saída de condomínios, tem causado mudanças na rotina dos moradores e comerciais.

[Numeralha titulo_grande=”75 mil” texto=”moradores beneficiados” esquerda_direita_centro=”direita”]

A confiança de que as alterações são passageiras e devem ser suportadas fez com que o servidor público Leonardo Steferson, de 29 anos, aproveitasse o preço de um imóvel na rua em obras para se mudar de Samambaia com a mulher e o filho e ficar mais perto do trabalho, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). “É um contratempo previsível e que acarretará em melhorias. Depois disso, meu imóvel será até valorizado”, aposta.

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Empresários
Na última sexta-feira (15), o governador em exercício Paco Britto e secretários e presidentes de autarquias e entidades do Executivo apresentaram a comerciantes de Vicente Pires as obras que estão sendo feitas na cidade. Os empresários, por sua vez, mostraram uma pauta com cinco reivindicações que foram discutidas e encaminhadas na reunião.

[Olho texto='”É um contratempo previsível e que acarretará em melhorias”‘ assinatura=”Leonardo Steferson, servidor público” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

A primeira delas foi a proposta de negociação com o governo de um incentivo de apoio fiscal para empresários para minimizar as perdas e quedas de vendas durantes a obstrução de vias em obras pela cidade. De acordo com a Associação Comercial de Vicente Pires, mais de 150 empresas foram fechadas no final de 2018.

Os empresários pediram também a desburocratização na emissão de licenças e concessão de alvarás de funcionamento, ação já prevista pelo Destrava DF, programa da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação. O item três da pauta foi solicitação para que imóveis comerciais também possam ser vendidos dentro do programa de regularização de terrenos feito pela Terracap na região. A inclusão de 120 famílias no programa de regulação da empresa – que eram impedidas de participar – estava entre o pedido dos empresários. Já ao Banco de Brasília (BRB) foi requerido um programa de financiamento para recuperação de crédito de empresários em dificuldade financeira.

[Numeralha titulo_grande=”450 empregos diretos” texto=”e 1,2 mil indiretos” esquerda_direita_centro=”direita”]

Todas as demandas foram encaminhadas e serão discutidas separadamente com a associação comercial pelos órgãos e entidades ao longo desta semana. Paco Britto afirmou que o governador Ibaneis Rocha fará todo o possível para corrigir os mal feitos dos governos passados em Vicente Pires. “Mas não vamos culpar ninguém que não fez. Vamos olhar para frente e fazer.”

Vicente Pires sofre com a ocupação sem ordem nem planejamento. Área de terreno fértil, abrigava pequenos agricultores em chácaras a partir do final da década de 80. Vinte anos depois, já em 2008, diante de uma nova ocupação de moradores e da construção acelerada de condomínios, se desmembrou de Taguatinga para se tornar uma região administrativa independente. Diante do povoamento, porém, casas e prédios foram erguidos e o solo foi perdendo a permeabilidade. Isso faz com que qualquer chuva mais forte arranque camadas de asfalto e forme buracos. Habitada sem planejamento, cresceu em meio à desordem – situação que o governo Ibaneis Rocha se mobiliza para mudar.