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21/04/2019 às 11:08, atualizado em 21/04/2019 às 12:35
População do DF – 2.904.030 habitantes, em 2018 – é composta majoritariamente por mulheres, segundo pesquisa da Codeplan. Realidade, porém, muda muito em cada uma das 31 regiões administrativas
Ao completar 59 anos, Brasília se consolida como uma cidade de múltiplas faces, onde os moradores de cada uma das 31 Regiões Administrativas vivem realidades distintas e comuns ao mesmo tempo. A ligeira predominância da população feminina sobre a masculina, a grande quantidade de solteiros e a maioria de nascidos na própria capital compõem o perfil da maioria dos moradores do Distrito Federal segundo a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) 2018, divulgada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal no mês passado.
A PDAD dividiu o DF em quatro grupos de Regiões Administrativas (RAs), definidos a partir do rendimento médio de cada localidade. O grupo 1, de alta renda, é composto por Plano Piloto, Jardim Botânico, Lago Norte, Lago Sul, Park Way e Sudoeste/Octogonal. No grupo 2, de média-alta renda, estão Águas Claras, Candangolândia, Cruzeiro, Gama, Guará, Núcleo Bandeirante, Sobradinho, Sobradinho II, Taguatinga e Vicente Pires. O grupo 3, considerado média-baixa renda, é formado por Brazlândia, Ceilândia, Planaltina, Riacho Fundo, Riacho Fundo II, SIA, Samambaia, Santa Maria e São Sebastião. No grupo 4, de baixa renda, estão Fercal, Itapoã, Paranoá, Recanto das Emas, SCIA – Estrutural e Varjão.
A pesquisa aponta que a população do DF era de 2.904.030 pessoas em 2018 e é composta majoritariamente por mulheres (52,2%). A predominância do sexo feminino se repete praticante em todas as cidades, independente da renda. É praticamente igual nas cidades de alta e de média-alta renda (52,8% e 52,9%, respectivamente) e nas de média-baixa e baixa renda (51,7% e 51,1%, respectivamente).
[Olho texto=”A gente pode fazer tudo a pé. Me sinto muito segura em Brasília, principalmente na Asa Sul. Nunca tive problema com assalto, sequestro, roubo, nada” assinatura=”Liana Vasconcelos Braga, moradora da 306 Sul” esquerda_direita_centro=”direita”]
A corretora de imóveis Liana Vasconcelos Braga, 40 anos, nasceu em Brasília e não se vê morando em outra cidade, apesar de adorar ir à praia. O pai dela veio para o DF do interior de Goiás e a mãe do interior do Piauí. Ambos buscavam uma vida melhor, estudaram e acabaram de se aposentar como servidores públicos federais. A exemplo dos pais, ela vê Brasília como uma terra de oportunidades. “Eu amo essa cidade, ela é maravilhosa e daqui eu não saio. Brasília me deu muitas oportunidades. Eu conheci o pai da minha filha, e tive a oportunidade de ser mãe, de trabalhar. Então é tudo lindo, só tenho elogios”, diz.
Desde criança ela mora na 306 Sul e vive de perto o modelo de cidade planejado por Lúcio Costa. “Aqui eu tenho tudo, o comércio é maravilhoso, as pessoas, os vizinhos são muito solícitos. O ambiente é familiar, ainda parece ser cidade pequena”, diz. Liana também elogia o fato de ter tudo perto de casa. “Aqui tem muito barzinho nas entrequadras, pertinho da minha casa. Tem muita opção, pizzaria, lanchonete, supermercado, academia. A gente pode fazer tudo a pé. Me sinto muito segura em Brasília, principalmente na Asa Sul. Nunca tive problema com assalto, sequestro, roubo, nada”, conta.
Brasilienses
Depois de quase seis décadas de inaugurada, os brasilienses são a maioria na população do Distrito Federal, como Liana. Um total de 55,3% da população do DF nasceu nas próprias 31 regiões administrativas. A proporção de brasilienses é ainda maior nas cidades de média (alta e baixa) e baixa renda. No grupo 2, o percentual de nascidos no DF é de 55,7% e de 55,9% no grupo 4. O índice chega a 58,6% nas cidades do grupo 3 e cai para 43,5% entre os que moram nas cidades de alta renda.
Mas ainda existe uma grande quantidade de moradores (44,7%) que veio de outro Estado. A maioria deles nasceu em Minas Gerais (16,1%), Goiás (12,2%) e Bahia (11,1%). Como Sueli Silva, 39 anos, que veio de Porto Seguro (BA) há 22 anos com a intenção de passar apenas uma temporada com a irmã. Mas acabou gostando de Brasília e nunca mais quis voltar para a terra natal. Moradora de Planaltina, se casou, tem uma filha de 20 anos e hoje é empresária e cozinheira do seu próprio buffet.
“Eu pensei que ia ficar no máximo uns dois meses em Brasília e estou até hoje. Aqui é foi muito melhor para conseguir trabalho, o salário também é muito bom. Além disso, é um lugar bom para morar, o clima é ótimo. Eu não deixo Brasília de jeito nenhum, aqui é a melhor cidade que existe. Nunca fiquei um dia sem trabalho, nem férias eu tive nesses 22 anos. Construí minha casa, tenho meu carro, já tenho outro imóvel, tudo fruto do meu trabalho e das oportunidades que a capital me ofereceu”.
Arranjos familiares
Outra característica habitual no DF é o número de solteiros. Na média do DF, o percentual é de 48,2% de solteiros contra 37,7% de casados e o percentual passa de 50% nas regiões de baixa (56,5%) e de média-baixa renda (52,3%), onde a população é mais jovem. A idade média de quem vive na capital é 33 anos, mas sobe para 39 no grupo 1 e baixa para 29 anos no grupo 4. No grupo de alta renda, onde a quantidade de pessoas acima dos 40 anos é maior, o número de casados tem uma leve predominância (são 46,5% de casados e 37,9% de solteiros) e a divisão é quase igual no grupo de média-alta renda (44,9% solteiros e 40,3% casados).
Para entender como as pessoas estão organizadas dentro dos domicílios, foram criados os seguintes arranjos familiares: unipessoal, monoparental feminino, casais sem filhos, casais com um filho, casais com dois filhos e casais com três ou mais filhos. O arranjo “casal com 1 filho” foi o mais observado no DF, em 19,3% dos domicílios, mas a realidade também é distinta de acordo com a faixa de renda. Nas cidades de alta renda, a maioria dos arranjos familiares é casal sem filho (23%), enquanto nas cidades de baixa renda, 22,2% das famílias são compostas pela mãe e pelos filhos (monoparental feminino).
Em relação à cor da pele, 47,4% dos moradores se declararam pardos, 41,1% brancos e 10% negros. Há uma predominância de brancos nas cidades de alta renda (65,8%) e nas de média-alta renda (47%) e uma maioria de pardos nas regiões de baixa (55,9%) e média-baixa rendas (54,7%). Alvino Pereira, 69 anos, veio de Coribe (Bahia) para Goiânia nos anos 90. Ao chegar lá, não conseguiu trabalho e resolveu tentar uma oportunidade em Brasília. “Comecei a trabalhar de forma autônoma vendendo guarda-chuvas e aos poucos fui construindo as minhas coisas e constituindo família. Consegui minha casa, me casei duas vezes e hoje tenho sete filhos, 12 netos e até bisneto”, conta Alvino, morador da Estrutural há 20 anos. “Minha escolha de vir para Brasília foi a melhor e hoje o meu lar é aqui. ”