26/04/2019 às 10:01, atualizado em 21/10/2019 às 15:17

Rafaela Albuquerque – “Por mais vidas preservadas no trânsito”

Sexta edição da campanha Maio Amarelo, ação mundial de conscientização sobre a violência no trânsito, terá lançamento oficial em Brasília na próxima segunda-feira (29), no Palácio do Buriti

Por Lúcio Flávio, da Agência Brasília

Rafaela Albuquerque, diretora do Detran, fala sobre o Maio Amarelo. Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

No trânsito, a cor amarela simboliza sinal de alerta, atenção, advertência. Para a Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2011 essa pigmentação ganhou dimensão social abrangente no Brasil e no mundo. Foi quando a Assembleia-Geral da entidade internacional decretou os nove anos seguintes como a “Década de Ações para a Segurança no Trânsito”. Nascia assim, o Maio Amarelo, o mês de conscientização sobre a violência no trânsito.

Com abertura nacional da campanha realizada na última quarta-feira (24), em Vitória (ES), e lançamento oficial em Brasília programado para acontecer na próxima segunda-feira (29), às 10h, no Salão Branco do Palácio do Buriti, há seis anos o movimento vem mobilizando o poder público e a sociedade civil no país com o objetivo, entre outras coisas, de despertar a atenção para o alto índice de mortes e feridos no trânsito.

Trata-se de uma ação em favor da vida e da valorização de escolhas conscientes individuais fundamentais que refletem no coletivo. São atitudes que ajudam a manter um ambiente seguro tanto para o condutor do veículo, quanto para pedestre, enfim, todos os atores envolvidos. Preocupações, diga-se de passagem, norteadas, este ano, pelo tema: “No trânsito, o sentido é a vida”.

Diretora de Educação de Trânsito do Detran DF (Direduc) e uma dos dois únicos representantes da causa em Brasília, Rafaela Albuquerque comenta que as ações preventivas e educativas da campanha Maio Amarelo têm contribuído de forma eficiente para reverter quadro tão preocupante. Dados do Detran-DF mostram que, comparando os quatro primeiros meses entre 2018 e 2019, até agora, a redução de mortes fatais foi de 30% e acidentes 28%. “Nosso desafio é, por meio de nossas ações, conseguir plantar a sementinha da conscientização. O foco maior é a vida de todos no trânsito”, destaca a servidora.

Ainda em entrevista à Agência Brasília, a diretora da Direduc fala do poder missionário das crianças na conscientização de tema tão vital, os desafios do trabalho educativo na área e como a criação de leis mais rigorosas têm ajudado no sucesso da ação. “São iniciativas que contribuíram para garantir uma proteção e segurança maior no trânsito”, assegura.

 

Que reflexão você acredita que a sociedade possa tirar do lema deste ano: “No trânsito, o sentido é a vida”?

Com o slogan deste ano a população deve acreditar que nós somos muito mais do que um carro, moto ou bicicleta, que é algo material. A ideia é trazer a questão para o lado subjetivo, emotivo. Mostrar que ali, por trás do veículo, existe uma pessoa e, consequentemente, uma vida. Estamos lidando com vidas a todo momento e é isso que realmente faz sentindo no trânsito. E o nosso foco maior é a vida de todos no trânsito.

Qual o grande desafio de vocês que trabalham com a educação no trânsito?

Nosso desafio diário é, por meio das campanhas, de nossas ações pontuais, palestras educativas e cursos, conseguir plantar a sementinha da conscientização, enfatizando sempre o quão importante o trânsito é na vida do ser humano. Também, sensibilizar as pessoas a mudarem seus comportamentos inadequados para proporcionar um ambiente seguro para todos. E o Detran vai além, no sentido de que, para a autarquia, uma vida vale muito. Utopicamente, o nosso grande sonho, missão visionária, é de que não tenhamos mais acidentes fatais.

No mês de maio as atividades na educação de trânsito serão mais intensas?

Durante esse período trabalhamos de forma nacional num regime de força-tarefa, aonde diversos órgãos que compõe o Sistema Nacional de Trânsito são mobilizados de forma direcionada em prol do Movimento. No que diz respeito a nossa parte posso dizer que estamos com muitas ações, tanto por parte da diretoria de policiamento, quanto da diretoria de educação, inclusive integrando nossas diretorias internas e com parcerias governamentais e não governamentais. Uma logística que nos permite explorar vários focos de demandas com ações de conscientização voltadas para os motociclistas, pedestres, ciclistas, celular, etc.

[Olho texto=”Temos um projeto chamado Detran nas Escolas que é um verdadeiro sucesso. Ele abraça instituições da rede pública onde capacitamos professores e alunos. Os envolvidos recebem um material virtual, são convidados a se capacitar com a gente e depois vão semear esse aprendizado nas escolas. ” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

O envolvimento das crianças no trabalho de educação no trânsito é fundamental, sobretudo, pela mensagem de conscientização que elas levam aos pais. Com funciona isso na prática?

Temos um projeto chamado Detran nas Escolas que é um verdadeiro sucesso. Ele abraça instituições da rede pública onde capacitamos professores e alunos. Os envolvidos são convidados a se capacitar conosco e depois vão semear esse aprendizado nas escolas. A ideia é que a educação de trânsito seja trabalhada de forma transversal, assim as crianças estão aprendendo matemática, português, mas também estão abraçando as causas do trânsito. Paralelamente a esse projeto, também fazemos visitas às escolas visitamos às escolas durante as campanhas De Volta Às Aulas, por exemplo, conscientizando pais e alunos. Também realizamos ações pontuais nas escolas que nos demandam, onde realizamos atividades interativas e lúdicas.

Como a garotada tem recebido essa iniciativa já que se trata de uma temática adulta?

As crianças adoram se sentir envolvidas no contexto do trânsito e são as nossas maiores semeadoras, educando seus pais, tios, avós, enfim, toda a família, da importância do respeito às normas de trânsito. Atendemos todas as faixas-etárias. Aquelas que não sabem ler ainda, trabalhamos com material lúdico, atividades como jogo da memória, quebra-cabeça e teatro. As que já sabem ler interagem por meio de livros e informativos.

O Brasil está entre os países com o maior número de vítimas no trânsito. Em que sentido movimentos como o Maio Amarelo contribuem para reverter esse quadro?

Ajuda de forma massiva tendo em vista que a educação é a base de tudo. É através dela que podemos modificar comportamentos inadequados no trânsito e, assim, dos atores ativos deste contexto viário. É importante que cada um tenha consciência do papel que exerce no trânsito, com conhecimento dos seus direitos e deveres.

No Brasil, a questão da violência no trânsito está intimamente relacionada à falta de conscientização e de educação das pessoas? Se cada um fizesse sua parte a realidade seria outra bem diferente…

Por meio de nossas campanhas tentamos trabalhar, principalmente, a questão da autorresponsabilidade do motorista, ciclistas, pedestres, enfim, dos atores ativos deste contexto viário. Se não agirmos de forma correta, estamos sujeitos a cometer um acidente de trânsito que irá afetar diretamente a si próprio e ao próximo. É importante que cada um tenha sua consciência e a necessidade de conhecimento do papel que exerce no trânsito, com conhecimento dos deis diretos e deveres.

[Olho texto=”É importante que cada um tenha sua consciência e a necessidade de conhecimento do papel que exerce no trânsito. ” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Como as mudanças nas leis de trânsito com normas mais rigorosas têm ajudado o trabalho de vocês na educação no trânsito?

Foi de extrema relevância essa rigidez. Vejo como iniciativas que contribuíram para garantir uma maior proteção e segurança no trânsito com medidas pontuais e acertivas.