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31/07/2019 às 19:04, atualizado em 01/08/2019 às 10:03
Mayara Noronha fez discurso emocionado em cerimônia de entrega de perucas para pacientes
A produtora de eventos Mércia Andrade Amorim, 63 anos, recuperou sua autoestima e a vontade de se olhar no espelho nesta quarta-feira (31). Ela foi uma das 32 mulheres com câncer que receberam perucas da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brasília, em campanha de doação de cabelo humano para quem sofreu efeito colateral em razão do tratamento. O ato de amor ao próximo foi realizado nesta quarta-feira (31) no Hospital de Base.
A entrega aconteceu durante a inauguração de um banco de perucas da Rede Feminina. O espaço funcionará no corredor 5 do ambulatório do HB, no qual ficarão disponíveis algumas perucas para as próximas pacientes que se cadastrarem.
Em tratamento há oito meses, Mércia conta que foi muito difícil perder os cabelos. “Procuramos alternativas de lenço e chapéus, mas nada substitui o cabelo. Estou muito feliz”, frisa.
Para as mulheres que estão em tratamento, ela deixa uma mensagem: “Tenham fé, não se assustem. Peça força a Deus. Vamos vencendo a cada dia. Não se desanimem. Deus vai nos fortalecer”.
Mércia descobriu a doença quando sentiu um caroço na mama. Fez os exames e recebeu o diagnóstico. “Esse é o pior momento. A princípio fiquei muito abalada, fazer quimioterapia não é fácil. Mas consegui tratamento rápido e estou superando”, testemunha.
Já a dona de casa Ana Luciene de Carvalho Santos, 38 anos, passou de paciente para voluntária da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brasília. “Aqui dou o amor e carinho que foi passado para mim. Muitas mulheres pegam o resultado dos exames e às vezes não têm alguém por perto para dar uma força. Estou aqui para isso.”
Diagnosticada com câncer de mama aos 34 anos, ela conta que sofreu muito preconceito. “Tem gente que olha para nós como se fôssemos transmitir a doença para eles. As máscaras que usamos são para nos proteger. Precisam saber que o câncer não é transmissível”, acrescenta.
[Olho texto=”Procuramos alternativas de lenço e chapéus, mas nada substitui o cabelo. Estou muito feliz” assinatura=”Mércia Andrade Amorim, paciente” esquerda_direita_centro=”direita”]
Presente à solenidade, a primeira-dama do DF, Mayara Noronha, falou da alegria de participar da cerimônia. “É uma honra estar aqui. Queremos unir forças. O câncer não escolhe classe social, não sabemos quem será a próxima vítima. Essa ação dá empoderamento para essas mulheres que precisam de atenção. Deus certamente está trazendo a cura para todas elas”, discursou.
Mayara ressaltou que o fornecimento de peruca e as demais ações do grupo são um apoio valioso para as pacientes – o carinho das equipes de atendimento incluíram maquiagem e retoques de beleza após a colocação da peruca. “O banco de perucas veio como incentivo para as mulheres que precisam. Me comoveu bastante. A iniciativa tem que ser estimulada, queremos que as pessoas comecem a participar e trate o tema de uma forma mais importante”, destacou.
A primeira-dama lembrou ainda que o índice de mulheres com câncer é alarmante. Ela informou também que a segunda edição do projeto Mulheres pelo DF, no dia 21 de agosto, vai tratar do tema.
“Vamos fazer um debate aberto com a comunidade para entender os anseios das mulheres que estão passando por esse momento. Minha intenção é amenizar o sofrimento durante o tratamento. O que pudermos fazer para unir forças para amenizar o sofrimento dessas mulheres nós faremos. Esses esforços não serão medidos”, avisou Mayara, que também ajudou a colocar a peruca nas beneficiadas.
Efeito colateral
O secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, destacou que a quimioterapia é um tratamento pesado e muito agressivo para as pacientes. “Trabalhar a autoestima delas é fundamental para que possam resgatar a vontade de viver e de mudar utilizando os medicamentos e o tratamento. Isso traz para a pessoa mais vontade de viver. Ela se sente bonita e viva e busca que a cura esteja mais próxima dela”, enfatiza.
O diretor-presidente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), Francisco Araújo, ressaltou que a orientação do governador Ibaneis Rocha é garantir que as pessoas sejam bem acolhidas e atendidas com dignidade. “É um gesto simples ceder esse espaço, mas é um local que irá possibilitar dignidade para as pessoas que estão em tratamento. São coisas pequenas, mas que estão revestidas de solidariedade. Nossa meta é cuidar de vocês para que tenham vitória no tratamento.”
A presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brasília, Maria Thereza Falcão, fundadora da instituição há 22 anos, também discursou na solenidade. “Hoje é um dia muito especial. Estamos inaugurando nosso espaço, que é muito importante para as mulheres com câncer. A mulher é vaidosa e passa momentos difíceis. Não conseguimos passar por um espelho sem dar uma olhadinha”, pontuou.
Doação
O brilho da solenidade não ficou apenas na distribuição das perucas e na alegria de quem as recebeu. Abraão Silva do Santos, de sete anos, chegou para doar o cabelo que nunca havia cortado, e chamou a atenção de todos os presentes.
A mãe, a autônoma Severina Maria da Silva, 45 anos, conta que teve complicações no parto e fez a promessa de cortar o cabelo do filho quando ele tivesse sete anos, com o objetivo de doar as mechas para uma instituição que cuidasse de pessoas com câncer. “Fiquei sabendo desse evento hoje e o trouxe para cortar os cabelos.”
Além das perucas, a rede também doa 340 cestas básicas por mês para as pacientes.
O que é a Rede
A Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brasília é uma instituição sem fins lucrativos criada para prestar assistência a pacientes carentes portadores de câncer. A intenção é oferecer acolhimento, apoio emocional e material, esclarecimentos e informações, além de procurar a integração com a equipe médica para o melhor atendimento dos pacientes.
A instituição possui um projeto chamado Oficina de Perucas e recebe doações de cabelos para confeccionar o objeto, que será doado para pacientes em tratamento oncológico no DF. As pacientes são cadastradas na instituição. Para fazer o cadastro, é preciso ir até a sala da instituição no Hospital de Base para preencher ficha e apresentar cópia de biópsia. Os horários de atendimento são entre 8h e 12h e entre 14h e 17h.