22/08/2019 às 10:37, atualizado em 22/08/2019 às 13:07

Meio século do Palácio do Buriti

Sede do Executivo, que compõe complexo administrativo do DF no Eixo Monumental, já abrigou até um presidente da República

Por Hédio Ferreira Júnior, da Agência Brasília

A edificação se destaca pelas linhas que seguem o estilo modernista característico dos prédios públicos do Eixo Monumental | Foto: Lúcio Bernardo Jr / Agência Brasília

O ritual se repetia com pompas de chefe de Estado. Ao parar o carro oficial em frente à sede do governo distrital, no Eixo Monumental, o governador do Distrito Federal descia e subia a pé a rampa em direção ao Salão Branco. Ali, era recepcionado pela guarda da Polícia Militar e conduzido até o gabinete. A cerimônia já não ocorre mais, mas faz parte da história do palácio de traços retos e estilo modernista que compõe a obra a céu aberto projetada por Oscar Niemeyer em Brasília – e que completa 50 anos neste fim de semana.

O Palácio do Buriti recebeu 17 governadores e até um chefe de Estado – virou sede provisória do governo federal em 2008, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva atravessou a Esplanada dos Ministérios e ocupou por três meses o Buriti. Isso ocorreu quando o prédio já não vinha sendo ocupado pelo primeiro escalão do governo e o chefe do Executivo à época, José Roberto Arruda, despachava do centro administrativo em Taguatinga, popularmente chamado de Buritinga.

Projeto do arquiteto Nauro Jorge Esteves, o prédio-sede do Governo do Distrito Federal leva o nome do buriti plantado na praça homônima. Apesar de se tratar de um palácio de arquitetura moderna, abriga a antena e os transmissores da Cultura FM, emissora de rádio pública do Distrito Federal.

A galeria exibe os chefes do Executivo que já ocuparam o palácio | Foto: Lúcio Bernardo Jr / Agência Brasília

Cerimônia

O major da PMDF Wladmir Cuevas foi um dos militares que já recepcionaram a chegada dos governadores. Comandante da Companhia de Guarda do 3º Batalhão da Polícia Militar aos 23 anos, ele era chamado em determinados dias da semana quando o governador Joaquim Roriz saía de casa. Muitas vezes a honraria era dispensada, mas o major estava lá, a postos, caso fosse necessário cumprir esse ritual.

Sempre à direita do chefe do Executivo, Cuevas desembainhava a espada e ficava em posição de sentido. A cerimônia já não ocorria mais com tanta frequência e acabou por ser extinta na gestão de Cristovam Buarque, entre 1995 e 1999. Atual ocupante do Buriti, o governador Ibaneis Rocha fez questão de repetir o gesto ao receber a faixa do antecessor, Rodrigo Rollemberg.

Salões

Denominados Branco e Nobre, os salões principais do Palácio do Buriti são os cenários de diversas solenidades oficiais. No primeiro, mais amplo e localizado no térreo do prédio de três pisos, ocorrem também exposições de arte e cerimônias com maior número de convidados.

O prédio tem suas peculiaridades. Na parte de trás do palácio, um auditório onde ocorriam as solenidades oficiais também chegou a funcionar como cinema para os servidores. Não foram poucos os que assistiram por lá ao seu primeiro filme na vida. O espaço está parcialmente desativado.

Servidores da Casa Militar, Tenisson e Kiko dão aula de jiu-jitsu e defesa pessoal para colegas no Buriti | Foto: Joel Rodrigues/ Agência Brasília

Uma das salas do auditório abriga um tatame para treinos de jiu-jítsu e defesa pessoal a servidores da Casa, projeto idealizado por Olegário Morais, da assessoria especial do governador. Funcionários da Casa Militar, os instrutores Francisco Santoro, o Kiko, de 38 anos, e Tenisson Leone, de 44, aproveitam o horário pré-expediente, das 7h às 8h, para dar aulas gratuitas a pessoas interessadas em aprender um pouco de artes marciais.

A proposta é despertar o interesse de quem desconhece os princípios da luta e quer começar o trabalho com outra disposição. “O que queremos é ajudar no condicionamento de quem tem vontade de lutar e, com o ritmo corrido de trabalho, não tem horário disponível pra frequentar uma academia”, afirma Kiko. “Nosso propósito é dar mais qualidade de vida aos nossos colegas”, completa Tenisson.

A bagagem dos instrutores é grande: os dois são faixa preta de jiu-jítsu 3º dan (grau de maestria). Tenisson também é 3º dan em karatê, formado no Japão, além de dar as aulas de defesa pessoal. Já Kiko foi campeão mundial de jiu-jítsu, 32 vezes campeão brasiliense e tem luta programada com o campeão do mundo em setembro próximo.