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29/08/2019 às 15:13, atualizado em 30/08/2019 às 14:46
Prestes a completar 50 anos de existência, espaço religioso conhecido pelos portentosos vitrais, também é ponto de peregrinações de fiéis e turistas
Surgidos no Oriente, durante o século IX, os vitrais chegaram ao Ocidente pelo Mar Mediterrâneo. Naquele lado do mundo, a arte se fortaleceu, sendo usada como instrumento de fé divina e espiritualidade por meio da beleza translúcida de suas formas e cores. Um conceito que transborda em exuberância visual no Santuário do Bosco, prestes a completar 50 anos de existência em 2020. Projetado pelo arquiteto mineiro Carlos Alberto Naves o espaço sagrado foi construído por salesianos para homenagear o padroeiro da cidade, Dom Bosco.
“O santuário tem a característica de ser um marco histórico no local onde o santo fundador sonhou que seria criada esta cidade”, comenta o pároco da igreja, Jonathan Costa, mencionando os paralelos 15 e 20 da profecia que, para muitos, deu origem a Brasília.
Localizado em área central do Plano Piloto, na 702 Sul, o santuário, até por sua natureza conceitual, é recheado de uma mística religiosa que toca milhares de fiéis. Cerca de cinco mil turistas passam pelo espaço todos os meses. Não há alma que não se encante com a beleza celestial transmitida pelos 12 tons de azul que embelezam as 80 colunas de 16 metros dos vitrais projetados pelo arquiteto Cláudio Naves e fabricados pelo artista belga Hubert Van Doorne.
O enorme lustre de 3,5m de altura, formado por 7.400 peças de vidro murano, simboliza aquele que é a luz maior da fé cristã: Jesus. Portas produzidas em ferro e bronze, com baixos-relevos, lembram a vida de Dom Bosco. Como quase toda obra de arquitetura moderna, o projeto da igreja é marcado pela leveza dos traços e das cores.
“Os vitrais são como um universo de céu estrelado, daí os tons de azuis que, para nós cristãos, sempre tiveram uma referência bíblica”, explica o padre Jonathan. “Cristo é a Luz do mundo, o sol nascente que veio nos visitar, a única luz que ilumina todo o universo é Cristo. A igreja é construída por meio dessa tradição”, continua o religioso.
Eleito uma das setes maravilhas de Brasília, em 2008, pelo Bureau Internacional de Capitais Culturais (IBOCC), entidade sediada em Barcelona, o Santuário Dom Bosco é, também, um templo de peregrinações. Em qualquer horário do dia ou da noite, quando não há celebrações, tem gente transitando pelo local. E elas veem de várias partes do Brasil e do mundo.
“Só conhecia a igreja de fotos, é linda, estou encantado com a luz, as cores”, resume o espanhol, Sérgio Muñoz, de passagem por Brasília com os pais. Gaúcha há anos radicada no Rio de Janeiro, Maria Glacy da Silva tem parentes em Brasília. Todas às vezes que visita o DF, faz questão de ir ao Santuário. Para ela, católica dedicada, é sempre uma experiência mágica. Mas este ano foi especial por conta da surpresa da cripta. Inaugurado há dois anos, o pequeno espaço, localizado no subsolo da igreja, é um aconchegante antro de oração.
Ali encontra-se uma estátua em tamanho natural de Dom Bosco com um pedaço de osso do braço direito do santo, uma relíquia. O mesmo que ele usava para abençoar os fiéis que chegava perto dele.
A imagem foi um presente do reitor-mor da Congregação Salesiana, padre Ángel Fernández Artime, e veio definitivamente para Brasília depois de um longo périplo pelos cinco continentes. “Trata-se de uma composição única em toda a América do Sul”, observa padre Jonathan.
“Da última vez que vim aqui a cripta não existia, fiquei muito emocionada com a novidade, essa catedral mexe muito com a gente, conforta nossa alma, nos dá a dimensão exata do grão de areia que somos”, elogia a gaúcha Maria Glacy.
Pastoral do turismo
Atento ao potencial turístico do espaço, o pároco Jonathan Costa trabalha junto à comunidade e outros setores da sociedade, como o Sebrae, na construção de ações que destaquem a presença dos peregrinos no templo. Uma das ideias é valorizar a pastoral recém-criada que visa a evangelização das pessoas que estão em turismo na cidade.
“Todo turista é um peregrino, Jesus era um peregrino. Só que em suas andanças ele evangelizava e a Pastoral do Turismo visa isso”, destaca padre Jonathan. “Tentar dar uma experiência às pessoas em suas andanças também ajuda a fazê-las entender a dimensão da fé nos ambientes que visitam”, emenda.
Outro trabalho em andamento no sentido de apoiar o turismo religioso é a formação de guias especializados no tema. Alguns encontros já foram estabelecidos com a classe. “Para que eles compreendam a dinâmica do turismo religioso, o próximo encontro será no Dia Mundial do Turismo, em 27 de setembro”, adianta.