19/09/2019 às 14:47, atualizado em 19/09/2019 às 14:48

Sinfônica toca Rachmaninoff, o russo que inspirou autores de trilhas de cinema

No concerto de terça-feira (24), no Cine Brasília, também será executada obra de Shostakovich, o autor que sobreviveu à censura do realismo socialista

Por Agência Brasília *

A Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS) está ensaiando para apresentar ao seu público, na terça-feira (24), o Concerto russo. Levará de Sergei Rachmaninoff o Concerto nº 2 para piano e orquestra, com duração de 35 minutos, e a Sinfonia nº 5, de Dmitri Shostakovich, de 50 minutos.

O regente da OSTNCS, Claudio Cohen, lembra que Rachmaninoff é um dos últimos grandes expoentes do Romantismo, estilo em que “a emoção domina o discurso musical por meio de melodias mais sentimentais”.

Nascido em 1873, na Rússia, viveu metade sua vida no ocidente, emigrando depois da Revolução de 1917 para a Escandinávia – e, um ano mais tarde, embarcando para os Estados Unidos com a família, país onde veio a falecer em 1943. 

Isso parece ter ficado refletido em sua música, cuja maioria das peças vem carregada de melancolia, num estilo romântico tardio que lembra o conterrâneo Tchaikovsky, trinta e poucos anos mais velho e dentro do mesmo estilo estético.

Sobre o Concerto para Piano Nº 2 em Dó Menor, Op. 18, Cohen destaca a beleza e o fino acabamento da obra, que fizeram dela um novo modelo estético de concerto romântico para piano. 

Segundo o titular da Sinfônica, o impacto emocional do concerto entusiasmou autores de trilha para cinema. Ele cita o autor húngaro de épicos da MGM Miklós Rosza (Bem-Hur, 1959) e o italiano Nino Rota (do magistral tema de O Poderoso Chefão, 1972).

A solista do concerto será a pianista Simone Leitão. “Esse é o meu debut com a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro e estou muito contente e grata”, afirma. 

Sobre o concerto em si, ela diz que é uma obra incrível. “Provavelmente o concerto de piano mais famoso e mais executado. Eu já o toquei 15 vezes e vai ser uma alegria fazê-lo novamente. Meu professor nos Estados Unidos estudou com um amigo de Rachmaninoff”.

Dmitri Shostakovich
Depois do intervalo no concerto de terça, é a vez de Dmitri Shostakovich (1906-1975), compositor que sobreviveu à censura da revolução comunista em seu país natal.

Quando, em 1932, o Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética lançou uma nova resolução de controle artístico, o compositor nascido em São Petersburgo descobriu que, para sobreviver, precisaria descobrir um modo de transpor a realidade utópica socialista – “realismo socialista” – para a música de concerto.

Assim, conta Cohen, surgiu a Sinfonia nº 5, composta entre abril e julho de 1937. A estreia em 1937, em sua terra natal, foi um imenso sucesso e ajudou a reabilitação de Shostakovich, que havia sido alvo de ataques do Pravda (jornal oficial do partido, responsável pelo patrulhamento ideológico).

“Isso lhe possibilitou encontrar uma linguagem que lhe permitiria continuar a compor, com toda a força de seu talento, por mais 30 anos”, conta o regente. 

 


Serviço

Concerto russo

Sergei Rachmaninoff,  Concerto nº 2 para piano e orquestra (35 minutos)

Intervalo

Dmitri Shostakovich, Sinfonia n°5 em ré menor, Op. 47 (50 minutos)

Data: 24 de setembro

?Maestro: Cláudio Cohen

?Solista: Simone Leitão

Entrada franca por ordem de chegada até a lotação do espaço. Os portões são abertos às 19:15 para idosos e pessoa(s) com deficiência e às 19:30 para o público em geral. Concerto começa às 20h.

Local: Cine Brasília, Entrequadra Sul 106/107

Dúvidas e informações: 2017-4030


* Com informações da Secretaria de Cultura/DF