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20/09/2019 às 09:48, atualizado em 20/09/2019 às 09:49
Com canudos, fitas adesivas e microcontroladores nas mãos, 30 estudantes de escolas pública vão ao Planetário de Brasília construir seus próprios robôs
A Organização das Nações Unidas (ONU), as mulheres representam apenas 35% de estudantes matriculadas na Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (sigla STEM, em inglês) nas universidades ao redor do mundo. Dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) revelam ainda que, no Brasil, a desigualdade de gênero cresce nos níveis mais elevados das carreiras científicas.
Nesta semana, 30 alunas de escolas públicas do Distrito Federal participaram de uma oficina de robótica e aprenderam que esse espaço da ciência também pode ser ocupado por elas. A atividade “Workshop Tekla” aconteceu no Planetário de Brasília, dia 17, por iniciativa da embaixada da Suécia e do Instituto Sueco, com apoio da Secretaria de Relações Internacionais do GDF e do projeto Meninas.Comp, no âmbito das Semanas de Inovação Suécia-Brasil.
Com canudos, fitas adesivas, microcontroladores e aparelhos eletrônicos nas mãos, as estudantes tiveram a experiência de construir seus robôs. A liberdade criativa contou para que tivessem familiaridade com a proposta. “Essa foi a primeira vez que participei de uma oficina e surgiram ideias extraordinárias com o trabalho em grupo”, conta Maria Eduarda, 15.
Além da parte técnica, a oficina propiciou encontros com jovens cientistas que fazem a diferença na sociedade, como Juliana Estradioto, 19, ganhadora do Prêmio Jovem Cientista 2018. “Eu comecei a fazer ciência aos 15 anos, porque queria ajudar minha realidade local e resolver um problema dos agricultores familiares”, conta ela.
“Eu pegava o lixo do processamento de frutas e os transformava em materiais biodegradáveis com a ajuda da minha orientadora”, relata. “Não só a oportunidade de ajudar a sociedade por meio da ciência é o que me motiva; é estar também em iniciativas que mostram para outras meninas que elas podem fazer o que quiserem”.
Juliana é fundadora do Meninas Cientistas, iniciativa que divulga histórias de garotas na ciência e é a primeira brasileira a conquistar o primeiro lugar na categoria de Ciências dos Materiais da Intel ISEF, maior feira de ciências pré-universitária do mundo. Em seu último projeto, criou um material biodegradável alternativo ao plástico e que agora está sendo investigado para uso medicinal.
Meninas.comp
O projeto Meninas na Computação (Meninas.comp) é outra iniciativa que chamou atenção, por ter viabilizado a participação das alunas no evento. Nele, professoras do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Brasília (UnB) fazem a ponte entre as escolas parceiras e os projetos voltados para a inclusão de meninas de escolas públicas do Distrito Federal em cursos de público majoritariamente masculino.
“A falta de mulheres cientistas tem impactos em pesquisas na economia e em outros setores. Então, precisamos estimular e promover esse tema que é tão importante para nós”, diz Glaucimara Silva, oficial da cultura da Embaixada da Suécia.
Renata Zuquim, secretária-adjunta de Relações Internacionais do GDF, acredita que iniciativas como essa são a materialização da cooperação internacional com a Suécia. “As Semanas de Inovação Suécia-Brasil criam oportunidades de conhecimento sobre ciência, tecnologia e inovação para pessoas afastadas ou com acesso limitado a essas áreas”, lembra. “Quando falamos da questão da sub-representação, é ainda mais importante trazer especialistas brasileiras e suecas para falar de seu trabalho e contar histórias de sucesso”, explica.
Diálogo Tekla
No dia seguinte, 18, ocorreu o Diálogo Tekla, que discutiu, em dois painéis, maneiras de capacitar meninas e mulheres, e sobre como ampliar e fortalecer seus papéis e oportunidades. Algumas das perguntas do dia foram: Quem molda o futuro? Quais e de quem são as responsabilidades no fechamento da lacuna de gênero? Como universidades e empresas de tecnologia podem atrair mais mulheres? E como inspiramos mais jovens a explorar a tecnologia?
Entre as especialistas participantes, Heidi Harman, fundadora da mais antiga rede de tecnologia feminina na Suécia, o GeekGirl Meetup, uma rede para mulheres em STEM, código, design e startups, que agora possui braços em 17 países.
“É muito importante que toda nação tenha uma ampla captação de ideias não só vindas de homens e mulheres, mas de todas as pessoas do país”, ela diz. “Assim você terá a verdadeira inovação e uma economia melhor”.
Também participaram do evento a secretária da Mulher do GDF, Ericka Filippelli; a embaixadora da Suécia, Johanna Skoog; o vice-ministro da Inovação da Suécia, Emil Högberg; e a chefe do Instituto de Ciências Exatas da UnB, Maria Emilia Machado Telles Walter.
* Com informações da Secretaria de Relações Internacionais