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20/10/2019 às 14:18
Em uma área pública de cinco mil metros quadrados, Instituto Horta Girassol é considerado a maior horta urbana do DF
Uma horta orgânica comunitária gera renda e sustento para cinco famílias de produtores em São Sebastião. Em uma área pública de cinco mil metros quadrados, a terra vermelha deu lugar, há 15 anos, a hortaliças e árvores frutíferas, tornando-se o que é considerada hoje a maior horta urbana do Distrito Federal – o Instituto Horta Girassol.
A área utilizada pelo Instituto foi cedida pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) e o termo de concessão de uso está em andamento. Recentemente, eles conseguiram mais cinco mil metros quadrados de área pública para aumentar o empreendimento.
Nesta semana, eles receberam mais uma ajuda. Agricultores da região, com o apoio logístico do GDF, doaram três caminhões de poda triturada, que são utilizadas como adubo na plantação.
Mais do que uma prática saudável, o composto é uma forma de economizar. “Além de economizarmos no adubo, também reduzimos o custo de água, porque esse composto retém a umidade e protege o solo. Quando tiramos o plantio, a poda virou adubo e a terra ficou cheia de matéria orgânica”, explica Hosana Alves de Nascimento, coordenadora do projeto.
Ela conta que tudo começou em agosto de 2005, quando aconteceu um surto de hantavirose na região, que causou a morte de dez pessoas. “Quando ficamos sabendo que a doença era causada pelos ratos ficamos preocupados porque aqui havia um lixão. Daí a comunidade se mobilizou e pedimos a ajuda da administração regional, que limpou o local”, lembra.
A partir de então, para evitar que o lixo voltasse a se acumular no local, a horta foi criada. Inicialmente, foram apenas dois canteiros. A ajuda veio de todos os lados. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) começou a dar assistência, e orientou a comunidade a cercar o terreno. Os recursos para a cerca vieram por meio de emenda parlamentar.
A líder comunitária largou a profissão de doméstica e fez da horta sua fonte de renda. Atualmente, ela trabalha com as plantações, ao lado de um dos filhos e a nora. Outro filho cursa agronomia na Universidade de Brasília (UnB). “Isso hoje é a minha vida. Ver meu filho e nora aqui trabalhando comigo não tem preço. O que era um problema, virou solução e passou a sustentar famílias”, avalia Hosana, antes de ressaltar outra vantagem da atividade.
“Esse trabalho é também uma terapia para mim. Trabalhou meu lado emocional. Era uma pessoa muito nervosa. Aprendi a ter mais paciência e tranquilidade. Hoje entendo que as coisas não acontecem da noite para o dia”, frisa.
O projeto recebe doações de adubos, sementes e outros itens, além de abrir espaço para trabalho voluntário. A renda dos agricultores é fruto da venda dos produtos, que podem ser adquiridos no varejo ou ainda por meio de um sistema de cotas.
Funciona assim: os interessados pagam o valor de R$ 250,00 por mês e podem retirar todos os sábados uma cesta com cerca de 15 itens, dentre frutíferas, hortaliças e legumes, como: alface crespa e americana, pepino, jiló, tomate, banana, abobrinha, coentro, cebolinha, mostarda, alho poró e pimentão.
É que agora eles são uma CSA (Community-Supported Agriculture), que significa Agricultura Apoiada pela Comunidade. São parcerias locais e solidárias entre produtores e consumidores. Atualmente, 20 cotas são responsáveis pela geração de renda e cerca de 90% dos cotistas são professores da rede pública do DF.
Os clientes são moradores de São Sebastião, do Mangueiral e de condomínios da região. O valor é usado para a compra de insumos – quando não há doações – e para a alimentação dos trabalhadores. O restante é dividido entre as famílias.
Reconhecimento
O trabalho já recebeu reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) e a Horta Orgânica Comunitária Girassol foi selecionada para a primeira exibição anual da Feed Your City, que aconteceu em 2016.
Feed Your City é uma iniciativa que busca incentivar a produção agrícola em comunidades de grandes cidades. Sete hortas urbanas foram selecionadas, quatro delas brasileiras, para serem apresentadas em uma exposição, exibida nas Nações Unidas.
As avaliações para o reconhecimento se basearam, dentre outros pontos, nos seguintes critérios: sustentabilidade, inovação, envolvimento da comunidade e segurança alimentar.