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29/11/2019 às 12:52
Trio vai treinar em São Paulo durante 15 dias. Esporte é modalidade desenvolvida exclusivamente para pessoas com deficiência visual.
Destaque nos Jogos Paralímpicos de Londres, em 2012, a seleção brasileira de goalball voltou para casa com a medalha de prata. Na ocasião, os jogadores de Brasília, como os irmãos Leandro e Leomon Moreno, visitaram o Centro Olímpico e Paralímpico (COP) de São Sebastião para incentivar os alunos deficientes visuais do local. Foi o primeiro contato do profissional de educação física Gabriel Goulart com a modalidade. Desde então, ele começou a se dedicar integralmente. Sete anos depois, ele comemora a convocação de três atletas da sua turma para a seleção nacional.
Kátia Aparecida Ferreira Silva, 24 anos, Ana Paula Santos, 22, e Mizael Castro Souza, 20, viajam dia 1º de dezembro para São Paulo. No Centro de Treinamento Paralímpico, treinam por cerca de 15 dias. “As meninas têm muito potencial, já trabalham o goalball há três ou quatro anos. Mizael também, ainda novo, treina bastante para chegar ao ápice, que é representar o país na seleção brasileira”, destaca Gabriel. O trio faz parte do grupo de 14 atletas de alto rendimento que treina, de segunda a sexta, das 9h às 12h, no ginásio da unidade esportiva.
Todos são orientados por Gabriel Goulart, que trabalha com modalidades paralímpicas desde 2011. Quando foi convidado para ser treinador da equipe de goalball série B, começou a estudar as regras e preparar os jogadores para os campeonatos regionais e nacionais, sendo professor voluntário do Centro de Treinamento de Educação Física Especial (Cetefe) aos sábados. Com ele, no masculino, a turma conseguiu ser campeã em 2015, vice em 2016 e terceiro em 2018. Nos regionais, foi o primeiro lugar nesses anos.
Grupo de treinamento
Simultaneamente, desde 2014, Gabriel também desenvolveu o grupo de treinamento do COP de São Sebastião, que foi crescendo aos poucos. O atendimento começou individual, somente com Jéssica Gomes, deficiente visual com apenas 5% da visão no olho direito e 10% no olho esquerdo, considerada atualmente uma das melhores jogadoras da modalidade no continente americano e presença quase garantida nas Paralimpíadas de Tóquio 2020.
Jéssica treina, diariamente, com o grupo do COP de São Sebastião. Entre eles, Kátia, Ana Paula e Mizael. As meninas moram, respectivamente, no Areal e em Ceilândia Norte, e precisam pegar seis conduções, todos os dias, para chegar na unidade esportiva. Kátia nasceu com glaucoma e teve a visão reduzida ainda na infância. Desde os 13 anos, quando teve o diagnóstico definitivo, começou a se adaptar à nova realidade. Por indicação de uma vizinha, começou a frequentar o Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (CDV) e, com uma amiga em comum, conheceu o goalball.
“Ela me chamou para assistir uma partida de goaball. Quando eu vi essa alegria, essa comunicação entre eles, a bolinha azul rolando para lá e para cá, eu me apaixonei na hora. Quando o Gabriel fez uma seletiva, em 2016, consegui passar e estou com ele até hoje. Neste ano, começamos a jogar muito e fomos campeãs. Acho que foi aí que eu me destaquei. Essa convocação veio na hora certa, quando estava questionando o retorno que o goaball estava me dando. Já que não estava conseguindo conciliar com os estudos”, conta Kátia, que atua como pivô.
[Olho texto=”O goalball é uma modalidade desenvolvida exclusivamente para pessoas com deficiência visual. A quadra tem as mesmas dimensões das de vôlei – 9 metros de largura por 18 metros de comprimento. As partidas são divididas em dois tempos de 12 minutos. Cada equipe conta com três jogadores titulares e três reservas que são, ao mesmo tempo, arremessadores e defensores. ” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Rotina intensa
Já Ana Paula, que tem baixa visão devido aos problemas surgidos ainda na gravidez da sua mãe, foi apresentada à modalidade por uma colega da escola há sete anos, na Asa Sul. A rotina intensa não a fez desanimar dos treinamentos e, hoje, se dedica exclusivamente ao goaball. “Não estava esperando essa convocação, me pegou de surpresa. Fiquei em choque por alguns dias até entender. Mas ela veio depois de muito esforço. Minha expectativa é crescer cada vez mais, voltar com mais experiência, tenho muito ainda para fazer dentro do esporte”, destaca a ala.
Mizael, que também nasceu com baixa visão, diz conhecer cada esquina de São Sebastião. Devido à deficiência visual, passou a treinar atletismo, há três anos, no Centro Olímpico e Paralímpico da cidade, mas logo trocou de modalidade a convite de Gabriel. “A gente tem nossas limitações e precisa o tempo todo das pessoas. Aqui, nessa quadra, me sinto livre”, diz. Ele ressalta que esportistas locais conhecidos da modalidade o motivaram a persistir nos treinos. Com a convocação, Mizael intensificou a preparação física com foco de permanecer na seleção.
Saiba Mais
O goalball é uma modalidade desenvolvida exclusivamente para pessoas com deficiência visual. A quadra tem as mesmas dimensões das de vôlei – 9 metros de largura por 18 metros de comprimento. As partidas são divididas em dois tempos de 12 minutos. Cada equipe conta com três jogadores titulares e três reservas que são, ao mesmo tempo, arremessadores e defensores. De cada lado há um gol posicionado, de 9 metros de largura por 1,30 metro de altura. Com a proposta de balançar a rede adversária, o praticante faz um arremesso rasteiro com a bola. Há um guizo em seu interior para facilitar sua localização.
*Com informações da Secretaria de Esporte e Lazer