12/12/2019 às 10:58, atualizado em 12/12/2019 às 13:06

Em ação contra desigualdades sociais e de gênero

Oficina promovida pela Secretaria da Mulher e Codeplan destaca a importância de pesquisas que ajudem a elaborar políticas públicas  

Por Agência Brasília *

Durante a oficina, pesquisadores debateram ações a serem empreendidas para combater disparidades de tempo gasto entre mulheres e homens em atividades domésticas | Foto: Secretaria da Mulher / Divulgação

Cerca de 40 pessoas, entre servidores da gestão pública do GDF e pesquisadores, participaram da oficina “As variáveis de uso do tempo: conceitos e aplicabilidade para estudos e políticas de gênero”, promovida pela Secretaria da Mulher e pela Companhia de Planejamento (Codeplan) na Escola de Governo (Egov).

O encontro foi planejado após uma análise da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad). Elaborado pela Codeplan em 2018, o estudo identificou disparidade no tempo gasto nas atividades domésticas entre homens e mulheres em todo o território do Distrito Federal.

Segundo a pesquisa, as mulheres gastam, em média, 12,6 horas a mais por semana na realização de tarefas domésticas. Por conta dessa demanda, elas enfrentam dificuldades em encontrar ocupações formais, com período estendido de permanência nos postos de trabalho.

[Numeralha titulo_grande=”12,6″ texto=”Total de horas a mais gastas pelas mulheres, por semana, em tarefas domésticas, em comparação ao tempo que os homens dedicam a essas atividades” esquerda_direita_centro=”direita”]

Políticas públicas

“O debate sobre o uso do tempo nas questões de gênero é um fator primordial para que mais mulheres sejam inseridas no mercado de trabalho e, a partir daí, possamos tirá-las de situações de vulnerabilidade econômica e diversos outros tipos de violência”, destacou a secretária da Mulher, Ericka Filippelli.

Com base na avaliação da Pdad, a Secretaria da Mulher identificou a necessidade de trabalhar em pesquisas que possam aprofundar essas informações. A meta é aperfeiçoar os instrumentos que auxiliem na elaboração de políticas públicas de gênero e qualidade. Antes do início da pesquisa, haverá outras oficinas para subsidiar a seleção de variáveis e indicadores a serem utilizados.

Uma das ferramentas a ser empregada nesse trabalho no próximo ano foi apresentada, durante o encontro, por Ericka Filippelli: o Observatório da Mulher, que servirá como base para qualificação de dados e análise da realidade das mulheres do DF. Também em 2020, a Codeplan fará outra pesquisa sobre o uso do tempo e gênero no DF, para detectar dados sobre as diferentes dinâmicas de alocação do tempo por mulheres e homens na capital federal.

Recortes da pesquisa

 “Temos certeza que a coleta de dados sobre o uso do tempo das mulheres será importante para construção de políticas públicas e de mudança no patamar de análise e desconstrução das desigualdades de gênero no Distrito Federal”, reforçou o presidente da Codeplan, Jean Lima. Presente à abertura da oficina, ele destacou o trabalho que a Secretaria da Mulher, com base em evidências, tem feito no combate à violência doméstica.

Representante do Ministério da Economia, Mariana Almeida, uma das debatedoras do evento, ressaltou que a pesquisa deve considerar os recortes de classe social e raça. Ela sugere considerar que o tempo de deslocamento ao trabalho pode ser diferente para mulheres negras e pobres.

“Precisamos sair do quantitativo para o qualitativo”, emendou a professora e pesquisadora Carla Antloga, da Universidade de Brasília (UnB0. “Já ocupamos muitos lugares de trabalho, numericamente, mas que lugares são esses?”, questionou.

[Olho texto=”“Já ocupamos muitos lugares de trabalho, numericamente, mas que lugares são esses?”” assinatura=”Carla Antloga, pesquisadora da UnB” esquerda_direita_centro=”direita”]

Uso do tempo

De acordo com a pesquisadora Luana Pinheiro, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), IPEA, trabalhos nessa área ainda carecem de reforço. “Não existem, no Brasil, pesquisas específicas sobre o uso do tempo”, disse. Ações com esse alvo, lembrou ela, são importantes para que a administração pública atue avaliando a questão do uso do tempo como primordial no debate de igualdade de gênero.

“A realização da pesquisa é um passo importante rumo ao estudo minucioso do uso do tempo na vida das mulheres, e a riqueza do processo de construção com diversas instituições, produtoras de informação e de análises, eleva o Governo do Distrito Federal a um patamar de referência nacional”, concluiu a subsecretária de Políticas Públicas para as Mulheres e idealizadora da oficina, Mariana Meirelles.