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22/12/2019 às 12:15
Com a segurança hídrica do DF comprometida, agência age e até regulamenta o reúso do produto nas residências
O crescimento populacional, as mudanças climáticas e a ocupação desordenada do solo têm sido os principais responsáveis pelo comprometimento da segurança hídrica no Distrito Federal. Em 1999 o DF já era considerado a terceira pior Unidade da Federação em disponibilidade de água.
Hoje, com 3 milhões de habitantes e o volume de 930m³ de água por habitante/ano, o DF pode ser considerado zona de escassez hídrica, de acordo com os critérios da Organização das Nações Unidas (ONU).
[Numeralha titulo_grande=”10,1%” texto=”Volume a mais de água consumido no DF nos quatro primeiros deste ano em relação ao mesmo período de 2018″ esquerda_direita_centro=”esquerda”]
A recente crise de abastecimento – de janeiro de 2017 a junho de 2018 – não foi suficiente para a conscientização populacional em torno da necessidade de consumo racional da água. Pesquisa da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa), realizada após o período crítico da crise hídrica, mostra que só nos quatro primeiros meses deste ano o volume consumido foi 10,1% maior que o registrado no mesmo período de 2018, quando ainda vigoravam medidas de restrição hídrica.
Enquanto nos primeiros quatro meses de 2018 foram consumidos 46,3 milhões de m³, em 2019 o volume aumentou para 51 milhões de m³, muito próximo do que foi registrado em 2016 (52,7 milhões m³), antes da crise hídrica.
“A segurança hídrica vai muito além dos reservatórios cheios. Ela requer que a sociedade como um todo esteja preparada para eventuais retornos de crises hídricas, que são realidade no mundo. Para que se atinja a segurança hídrica é importante poupar na abundância”, afirmou o diretor-presidente da Adasa, Paulo Salles.
Uma das iniciativas tomadas pela Adasa neste ano, para minimizar o aumento do consumo de água pela população do DF, foi o lançamento da campanha de conscientização para o uso racional do recurso hídrico. Com o slogan Use, reuse, economize e repita, a mensagem foi transmitida em redes sociais, emissoras de rádio de TV e outdoors, enfatizando a necessidade de manutenção da prática no combate ao desperdício.
A ação foi reforçada pela regulamentação, inédita no país, das instalações do sistema de reaproveitamento das águas de chuva e de reúso nas residências. A resolução da Adasa estabelece diretrizes para o aproveitamento de água pluvial e reúso de água cinza (proveniente de chuveiros, banheiras, lavatórios, tanques e máquinas de lavar roupa).
Apesar da prática de aproveitamento de água não potável estar prevista em legislação federal, a Adasa foi o primeiro órgão regulador no Brasil a definir os critérios para a implantação do sistema de água não potável em edificações residenciais.
Depois de tratadas, as fontes alternativas de água não potável podem ser utilizadas na irrigação de jardins, na descarga de vaso sanitário, na lavagem de pisos, fachadas e veículos automotivos e para uso ornamental – como espelhos d’água e chafarizes. Para a lavagem de roupa é permitido apenas o uso da água da chuva.
Além de campanhas de conscientização e ações para estimular a racionalização do consumo, a Adasa tem investido em novas tecnologias, com o apoio da Inteligência Artificial (IA) para monitorar cenários e se antecipar a possíveis crises hídricas no DF.
[Olho texto=”A agência oferece serviços de qualidade nos setores de recursos hídricos, água potável, esgotamento sanitário, drenagem urbana e resíduos sólidos ” assinatura=”Paulo Salles, diretor-presidente da Adasa” esquerda_direita_centro=”direita”]
Para maior eficiência nesse trabalho de monitoramento, a Agência utiliza sensores instalados em diferentes pontos para medir os níveis de água em rios e reservatórios – além dos índices de chuvas, com medições programadas para cada 15 minutos.
Essas informações são transmitidas via satélite ao Banco de Dados SQL Server da Adasa, instalado na nuvem, e os dados são processados de forma automática e transferidos para ferramenta de análise.
Conscientização ambiental
A educação ambiental é outra frente de trabalho do órgão. Os programas Adasa na escola e Sala de leitura, dirigidos a alunos dos ensinos Médio e Fundamental, de escolas públicas e particulares, têm como foco a formação de multiplicadores da informação sobre a importância do uso racional da água.
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Também é discutido o combate ao desperdício, a necessidade da preservação do meio ambiente e da destinação correta dos resíduos sólidos. Com o mesmo propósito, promove eventos dirigidos à população como a Semana do Lago Limpo e a Corrida e Caminhada pela Água.
Práticas conservacionistas para a preservação do solo e da água também são estimuladas pela Agência. São projetos especiais desenvolvidos em parceria com órgãos distritais federais e instituições, como o Produtor de Água, no Pipiripau, e a semeadura de espécies nativas do cerrado às margens do Descoberto.
O trabalho incansável da Agência no sentido de orientar e procurar alternativas para garantir a segurança hídrica no DF lhe proporcionou o reconhecimento internacional. Hoje, a Adasa integra o Conselho Mundial da Água, como membro ativo na discussão de alto nível de temas relacionados a problemas com o produto no mundo.
A busca pela eficiência e qualidade tem pautado o trabalho da Agência na transparência, conhecimento, articulação institucional e na participação popular no processo decisório. Segundo Salles, a Adasa é reconhecida como uma das mais importantes agências reguladoras do país.