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06/01/2020 às 10:26, atualizado em 06/01/2020 às 10:30
Produtor de grãos implanta sistema com “boi safrinha” em Planaltina-DF e ganho estimado por animal chega a R$ 300
Na integração lavoura-pecuária (ILP) o uso da terra é alternado, no tempo e no espaço, entre lavoura e pecuária. Na propriedade de Guilherme Nepomuceno Filho, em Tabatinga (Planaltina-DF), um trabalho multidisciplinar da Emater-DF, composta por agrônomos, veterinário e zootecnista, obteve lucro líquido de 4% ao mês na atividade de terminação de bovinos de corte, com adoção do semiconfinamento em sistema de integração Lavoura-Pecuária (ILP). Como comparação, o lucro foi estimado em cerca de 8 vezes o rendimento da caderneta de poupança. Por animal, o lucro estimado foi de aproximadamente R$ 300,00.
O “boi safrinha” refere-se à alimentação de bovinos na entressafra, aproveitando o resto da forragem acumulada em consórcio com milho ou soja e plantas forrageiras como a brachiaria ruzizienses, após a safra dos grãos. O trabalho tem como objetivo otimizar o uso da terra, visando atingir patamares cada vez mais elevados de qualidade dos produtos, bem como a sustentabilidade ambiental, social e econômica.
Após a colheita dos grãos a terra fica ociosa, em pousio, esperando a próxima chuva para um novo plantio de safra. Nessa janela de 70 a 80 dias, que no DF acontece de julho a outubro, a Emater-DF fez um planejamento para a engorda do gado em sistema de semiconfinamento.
O produtor demonstrou interesse na proposta de adotar a integração lavoura-pecuária e a Emater-DF foi visitar a propriedade e fez um plano de trabalho. “Durante o período do projeto, visitas periódicas avaliaram o andamento, a saúde dos animais, o manejo, peso e outros aspectos”, explica a médica veterinária da Emater-DF em Tabatinga, Adriana Lelis, pós-graduada em ciência e tecnologia de alimentos, na área de concentração em tecnologia e processamento de carnes.
Na entressafra, durante a engorda, os animais se alimentaram com ração elaborada com os grãos cultivados na propriedade, adicionando um núcleo mineral vitamínico e ureia para mistura, além de, na área de pastejo, consumirem volumoso composto pelos restos do plantio de grãos e a forragem, que é usada posteriormente como cobertura de solo para o plantio direto na palha.
[Olho texto=”Com nosso planejamento e acompanhamento zootécnico, no sistema de semiconfinamento, conseguimos um ganho de 900g por dia” assinatura=”Adriana Lelis, médica veterinária da Emater-DF em Tabatinga” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
O zootecnista Maximiliano Cardoso explica que, no período da seca, em um manejo convencional, o gado mantém o peso ou tem um ganho pequeno, por volta de 100 a 150g por dia, com o uso de suplementação proteica. “Porém, com nosso planejamento e acompanhamento zootécnico, no sistema de semiconfinamento, conseguimos um ganho de 900g por dia, atendendo ao que foi planejado para 70 dias. Esse sistema barateia o custo da arroba produzida na entressafra e o produtor aproveita áreas que ficam ociosas com ‘boi safrinha’”, conta.
O agricultor Nepomuceno elogiou o trabalho da Emater-DF e disse que houve redução de custo na criação. “A assistência e o acompanhamento da Emater-DF foram muito bom. Tivemos uma resposta boa, dentro do esperado”, conta.
Adriana ressalta que o trabalho pode ser replicado em outras regiões produtoras de grãos como PAD-DF e Rio Preto. “É possível a Emater contribuir para profissionalização da pecuária de corte junto a esses produtores”, diz.
Integração lavoura-pecuária
Este sistema de produção integrado consiste na implantação de diferentes sistemas produtivos de grãos, fibras, carne, leite, agroenergia e outros, na mesma área, em plantio consorciado, sequencial ou em rotação. Os principais benefícios são melhoria das propriedades químicas, físicas e biológicas do solo; redução da pressão de doenças, insetos-praga e plantas daninhas; maior produtividade dos componentes (planta e animal) e redução de riscos, de produção e financeiro, pela diversificação de atividades.
* Com informações da Emater-DF