10/01/2020 às 10:58, atualizado em 11/01/2020 às 16:02

Em São Sebastião, goalball atrai paratletas do país

Modalidade é oferecida no Centro Olímpico e Paralímpico (COP) para deficientes visuais

Por Agência Brasília*

Max Diego Nascimento do Rosário, 29 anos, saiu de Belém (PA) especialmente para treinar a modalidade na unidade esportiva | Foto: Divulgação/Secretaria de Esporte e Lazer

O trabalho desenvolvido no Centro Olímpico e Paralímpico (COP) de São Sebastião com o goalball despertou o interesse de atletas deficientes visuais de todo o Distrito Federal e até de outras regiões do país. Atrás de praticar a modalidade em alto rendimento, vieram esportistas de Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Pará, além de moradores do próprio DF, como de Sobradinho, Areal, Samambaia e Ceilândia.

É o caso do jovem Max Diego Nascimento do Rosário, 29 anos, que saiu de Belém (PA) especialmente para treinar a modalidade na unidade esportiva. Após conhecer o professor Gabriel Goulart, do COP de São Sebastião, em Campo Grande (MS) durante um campeonato, ele decidiu que faria parte da equipe de Brasília.

A oportunidade surgiu em março de 2019, quando ele se mudou sozinho para São Sebastião, com o objetivo de conhecer a cidade e as pessoas que dividiria a quadra pelos próximos meses. A transferência deu tão certo que, em julho, Max retornou à capital paraense para buscar a esposa Ana Clara, 29 anos, e a filha Clarice, de 11 meses.

Diferentemente do casal, que perdeu a visão ao longo dos anos, a bebê não apresenta nenhuma deficiência nos olhos. Após seguidas cirurgias devido a um deslocamento da retina, Max perdeu a visão em função de um glaucoma irreversível, ainda no início da adolescência, aos 12 anos.

Superação

A situação deixou Max em depressão. Conseguiu superar a doença, após conhecer uma instituição que atendia deficientes visuais. “Fiquei totalmente cego de um dia para outro. Pensei que não tinha mais lugar para mim. Quando conheci a instituição, com tanta gente alegre, vivendo e praticando esportes descobri  que a vida continua e me adaptei à nova realidade”, diz.

Fez judô e futsal, mas se encontrou mesmo no goalball. Começou a atuar profissionalmente, viajou, competiu, ganhou títulos e conheceu sua esposa, também praticante da modalidade. Alcançou o ápice ao ser convocado para a seleção brasileira, perdendo a vaga após lesionar o ombro.

Conheceu o Gabriel, no meio dessa trajetória, e, desde então, começou a acompanhar o seu trabalho. “Ele é um professor que se dedica mesmo, corre atrás de conhecimento”, destaca. A adaptação não foi fácil, especificamente por conta do clima. O ambiente chuvoso e úmido de Belém contrasta com a secura do Planalto Central. Outra diferença que sentiu foi na quantidade de treinos. Enquanto lá, ocupava a quadra uma por semana, aqui a rotina pesada, de segunda a sexta, rende elogios. “Nosso próximo passo é encontrarmos uma creche para a Clarice, assim minha esposa pode voltar a treinar também”, completa.

Gabriel Goulart é o professor responsável pelo goalball no COP de São Sebastião. A turma tem 14 alunos. Formado em educação física, ele se especializou em modalidades paralímpicas.

Saiba mais

O goalball é uma modalidade desenvolvida exclusivamente para pessoas com deficiência visual. A quadra tem as mesmas dimensões das de vôlei – 9 metros de largura por 18 metros de comprimento. As partidas são divididas em dois tempos de 12 minutos. Cada equipe conta com três jogadores titulares e três reservas que são, ao mesmo tempo, arremessadores e defensores. De cada lado há um gol posicionado, de 9 metros de largura por 1,30 metros de altura. Com a proposta de balançar a rede adversária, o praticante faz um arremesso rasteiro com a bola. Há um guizo em seu interior para facilitar sua localização.