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11/02/2020 às 10:43, atualizado em 11/02/2020 às 11:19
Diretor de Bacurau e outros cineastas comentam as premiações no Oscar do filme sul-coreano. Película fica em cartaz até domingo (16)
As quatro estatuetas do Oscar de Hollywood obtidas no domingo (9) pelo filme sul-coreano Parasita (melhor filme, filme internacional, direção e roteiro original) se tornaram um motivo a mais para a manutenção do longa em cartaz no Cine Brasília até domingo (16), no horário nobre, às 20h15.
A história da família de desempregados que cava oportunidades passando por cima de outras pessoas, mentindo e tramando – e que já havia dado ao diretor Bong Joon-ho a Palma de Ouro de Cannes em 2019 –, sinaliza para o que muitos veem como uma crítica do diretor ao capitalismo selvagem em curso no mundo.
A tese de que uma revolta dos excluídos gerados pelas desigualdades do capitalismo no mundo teria se transformado em algo com apelo universal, traço comum entre películas como Parasita, Bacurau e Coringa, para citar três produções do ano passado, é algo que chama a atenção do diretor Juliano Dornelles. O pernambucano assina Bacurau ao lado de Kléber Mendonça, filme de maior bilheteria em 2019 no Cine Brasília.
[Olho texto=”De fato, esses filmes têm um parentesco entre eles e parecem refletir uma energia que está pairando sobre o mundo” assinatura=”Juliano Dorneles, coautor de Bacurau” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
O diretor aponta também outros dois elementos que podem explicar as estatuetas dadas ontem a Parasita. “Tenho a impressão de que a Academia de Hollywood está tentando se abrir ao mercado asiático, conquistar espaço lá”, acredita.
Ele também lembra do investimento do governo sul-coreano em produções culturais, apoiando a indústria nacional. “É algo que deveria nos inspirar aqui. O Oscar que receberam é resultado de um trabalho bem feito”, avalia.
O diretor brasiliense Gustavo Galvão diz que Parasita é uma crítica potente não só ao capitalismo, mas principalmente ao modo como abraçamos tudo que ele impõe, muitas vezes sem questionamentos. “O que torna este filme tão único é que ele não faz uma crítica direcionada ao sistema em si, ele aponta o dedo para o espectador”, comenta ele.
“Não diria que se trata da revolta dos excluídos necessariamente, vejo-o mais como uma tomada de consciência dos excluídos, o que é ainda mais interessante. Foi um momento histórico ver um filme tão contundente ser consagrado em Hollywood”, analisa Galvão, à frente de Ainda temos a imensidão da noite, em cartaz até quarta-feira (12) no Cine Brasília.
“Agora que as pessoas vão querer mesmo ver Parasita”, diz a cineasta Anna Karina de Carvalho, crítica da arte, curadora da 52ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro no ano passado. Ela elogia no filme “o roteiro de primeiríssima”, direção, atuações e temática. “Pessoalmente, concordo que foi o melhor filme do ano passado, talvez da década”, afirma.
Inaudito
A telona do Cine Brasília vai abrir ainda espaço exclusivo para um filme de corte mais experimental. Trata-se de Inaudito, do diretor paulista Gregório Gananian, autor de videoclipes, curtas e projetos intermídias.
O documentário conta a trajetória do guitarrista Lanny Gordin, cujo som eletrizou estrelas do porte de Gal Costa, Caetano Veloso e Jards Macalé. A revista Rolling Stones BR publicou há seis anos uma lista com os 30 maiores guitarristas de todos os tempos e incluiu nela o nome de Gordin.
Continuam na programação do Cine Brasília até domingo os brasileiro Inferninho e o documentário polonês Com amor Van Gogh – O sonho impossível.
Programação de 13 a 16 de fevereiro
15h30 – Com amor Van Gogh – O sonho impossível
16h45 – Inferninho
18h30 – Inaudito
20h15 – Parasita
Fichas técnicas, sinopses e trailers dos filmes
Parasita (título original Gisaengchung)
De Bong Joon-ho (2019, Coreia do Sul, ficção/suspense, 132 minutos, 16 anos)
Elenco: Kang-ho Song, Sun-kyun Lee e Yeo-jeong Jo
Sinopse: Todos os quatro membros da família Ki-taek estão desempregados, porém uma obra do acaso faz com que o filho adolescente comece a dar aulas privadas de inglês à rica família Park. Fascinados com o estilo de vida luxuoso, os quatro bolam um plano para trabalhar na casa burguesa. É o início de uma série de acontecimentos incontroláveis dos quais ninguém sairá ileso.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=m4jfE-TxC24
Inaudito
De Gregório Gananian (2017, Brasil, documentário, 88 minutos, 10 anos)
Elenco: Lanny Gordin, Dou Hei Mu e José Roberto Aguilar
Sinopse: O guitarrista Lanny Gordin foi um dos personagens fundamentais na transformação da música brasileira a partir da década de 60: eletrizou Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Jards Macalé entre outros. Ele revela seu processo libertário de composição e pensamento atual, embarcando em uma insólita odisseia pela China, local de nascimento, e Brasil, país onde vive.
Trailer: https://vimeo.com/201611494
Inferninho
De Guto Parente e Pedro Diógenes (2018, Brasil, comédia dramática, 82 minutos, 12 anos)
Elenco: Yuri Yamamoto, Démick Lopes e Samya de Lavor
Sinopse: Deusimar (Yuri Yamamoto) é a dona do Inferninho, bar que é um refúgio para devaneios e fantasias. Ela sonha em deixar tudo pra trás e ir embora. Jarbas (Demick Lopes), o marinheiro que acabara de chegar, sonha em ancorar e fincar raízes. O amor que nasce entre os dois vai transformar por completo o cotidiano do bar e a vida dos frequentadores.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=9o4_27BlPHY&feature=emb_logo
Com amor Van Gogh – O sonho impossível (título original: “Loving Vincent – The impossible dream”)
De Miki Wecel (2019, Polônia, documentário, 60 minutos, 10 anos)
Sinopse: Um documentário que mostra em detalhes a difícil jornada de dois cineastas para atingir um sonho que parecia impossível: criar “Com amor, Van Gogh”, o primeiro longa de animação da história feito completamente com pinturas.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=JVqWnKSDNKQ&feature=emb_logo
Serviço
Entrada paga, R$ 12 (inteira).
Bilheteria só aceita dinheiro, não cartões.
Endereço
Asa Sul, entrequadra 106/107
Telefone: (61) 3244-1660
* Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec)