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01/03/2020 às 09:00, atualizado em 01/03/2020 às 09:29
Com óculos 3D e simuladores, o Detran-DF apresenta riscos ao volante em realidade controlada
Visão turva, perda de coordenação motora, redução no termo de resposta, dificuldade de concentração. Impossível conduzir um veículo com segurança com todos esses sintomas. Para comprovar o perigo, a Sala de Realidade Virtual do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) permite vivenciar, de forma controlada, as consequências de aliar direção com consumo de álcool, outras drogas ou demais tipos de imprudência.
A sala que leva o condutor a outra dimensão fica na Diretoria de Educação de Trânsito, na 906 Sul. O acesso é gratuito e destinado a escolas, instituições e comunidade em geral a partir de 16 anos. Basta agendar um horário. A estrutura foi inaugurada em outubro de 2019 e mais de 200 pessoas já passaram por ali.
[Olho texto=”“Não é uma brincadeira. Trabalhamos com dados estatísticos, usamos um viés educativo de alerta”” assinatura=”Marcelo Granja, diretor de Educação do Detran-DF” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
O trabalho é feito com simuladores veiculares; videogames; óculos 3D que reproduzem riscos como ausência de cinto de segurança e uso de celular ao volante; e DrunkBusters, óculos que imitam efeitos do consumo de fadiga, álcool e outras drogas. Usada para trabalhar a educação de trânsito, a sala foi montada e equipada com recursos de multas, como determina a legislação pertinente.
A pessoa pode passar pela experiência de diversas situações no comando de um veículo, desde os resultados de consumo de ilícitos até em condições adversas de tráfego, como forte chuva ou neblina, em rodovias ou estrada de terra. Com as simulações, visitantes têm dificuldades de seguir uma linha pintada no chão, alcançar uma bola e até acertar uma cesta ou manter a condução virtual.
“Queremos demonstrar, dentro de um ambiente fechado e controlado, atitudes que poderiam levar a acidente, óbito, sequela permanente”, explica o diretor de Educação do Detran-DF, Marcelo Granja. A ideia, diz, é mostrar como a percepção é alterada quando há consumo dos ilícitos ou imprudência. “Não é uma brincadeira. Trabalhamos com dados estatísticos, usamos um viés educativo de alerta com conversa, explicação, provocação, perguntas, esclarecimento de mitos e verdades.”
O simulador veicular é semelhante ao que foi usado pelos Centro de Formação de Condutores (CFC). A diferença é a possibilidade de trabalhar a alcoolemia, considerando quantidade e tipo de álcool ingerido, idade, gênero e peso. Com quatro latas de cerveja, o bancário André Peixoto, de 38 anos, enfrentou certa dificuldade. Quando misturou uísque e vinho, percebeu que era impossível.
Ele também passou pelas outras experiências da sala de realidade virtual da autarquia. “No simulador, quando eu estava atravessando a rua, não vi a moto quando aumentou o nível de álcool. De repente, só vi o impacto do acidente”, conta o morador de Águas Claras.
“Eu achava que seria mais difícil simular essas sensações. Imaginava que a visão daria uma embaralhada com os óculos, por exemplo, mas foi surpreendente”, opina. Para ele, perceber os efeitos propostos é assustador. “Geralmente as pessoas não têm noção dos riscos, porque bebem gradativamente e não sentem os efeitos. Aqui, vem tudo de uma vez. Bate um susto”, destaca.
A instrutora Antônia Nogueira revela que, na maioria das vezes, condutores garantem que não há problemas em conduzir veículo após um par de goles de álcool. “Aqui nós estimulamos a experiência em estado sóbrio e, imediatamente, com a simulação de ingestão de álcool ou drogas. O efeito imediato permite a comparação e a percepção de que não é bem assim”, assegura.
Com a estratégia, adolescentes em idade próxima da permitida para conduzir podem verificar, na prática virtual, a realidade que mata nas ruas. Para quem já conduz, é oportunidade de relembrar e enfatizar todos os riscos. Todos os cursos oferecidos pelo Detran-DF têm vivências na sala de realidade virtual, como os de Direção Defensiva, de Reciclagem de Condutores e de Medo de Dirigir.
“Fazemos de tudo para que a pessoa possa questionar e perceber suas limitações. O condutor pode achar que consegue, mas não vai conseguir, porque há interferência no tempo de reação, na visão, no equilíbrio, no reflexo. Se afeta o cérebro, afeta todo o organismo”, ressalta o diretor de Educação, Marcelo Granja.
As visitas podem ser agendadas pelo e-mail direduc@detran.df.gov.br. As simulações são realizadas de segunda a sexta-feira, durante todo o dia. A orientação é que seja informada a quantidade de pessoas interessadas e que sejam fornecidos números de telefone para contato. A participação é acompanhada e orientada por instrutores da autarquia.