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02/03/2020 às 15:36, atualizado em 02/03/2020 às 16:37
Advogada e moradora da Asa Norte, ela considera um desatino alguém falar que os brasilienses são impassíveis. “A minha experiência e a de tantos daqui prova justo o contrário”, diz
[Numeralha titulo_grande=”51″ texto=”dias para os 60 anos de Brasília” esquerda_direita_centro=”centro”]
Em homenagem à capital federal, formada por gente de todos os cantos, a Agência Brasília está publicando, diariamente, até 21 de abril, depoimentos de pessoas que declaram seu amor à cidade.
“Recentemente, assisti a um documentário no canal Curta! sobre arquitetura, no qual um arquiteto francês, depois de elogiar a riqueza de conhecimento que as construções de Brasília proporcionam, e mostrar sob diversos ângulos o que considero ser um dos lugares mais bonitos do planeta, errou feio ao falar que a cidade é fria e que as pessoas são esquisitas.
Talvez por influência de sua conterrânea Simone de Beauvoir, que aqui esteve em 1960 e afirmou que Brasília nunca teria alma, coração ou sangue. Esse ato falho da escritora está registrado no livro Brasília-z: cidade-palavra, do querido poeta Nicolas Behr.
Brinco que falar mal de Brasília é como criticar um amigo ou familiar querido e isso eu não admito. É uma pena ele, o francês, não ter tido bons olhos pra enxergar o calor que provém dessas lindas edificações e a chama que cada criatura que vive aqui emana.
Esse engano foi o mesmo cometido por um professor, estrangeiro, de sua língua materna, que tinha enorme dificuldade de entender o nosso português. Durante a aula, ele disparou a mencionar a frieza do povo daqui. Sabe o que fiz? Contra-argumentei de todas as maneiras que a minha limitação linguística permitia e o convidei a almoçar, para provar que o calor da cozinha daqui de casa iria virar aquela chave.
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Esse, o convite, foi o meu melhor argumento. E tudo bem que ele, talvez, tenha confundido as coisas, provavelmente pela barreira da língua, e achado que aquele almoço teria segundas intenções. Mesmo tendo sido esclarecido que não era o caso, saiu, sim, com outra impressão. Infelizmente, o francês não teve a mesma oportunidade.
E, já que mencionei esse cômodo da casa, a cozinha, trata-se, sim, de um enorme desatino ousar falar que os candangos brasilienses são impassíveis. Especialmente quando a minha experiência e a de tantos daqui prova justo o contrário, porquanto o lugar preferido é a cozinha e a conversa é animada, ruidosa e acolhedora. Cozinha em Brasília é o aposento favorito do aconchego do lar.
Falo agora um pouco de mim. Filha de goianos que já moravam aqui quando aqui nem era, ainda, o Quadradinho de Goiás, cresci com a secura que deixa o céu e o meu cabelo mais bonito e com as ruas que nos permitem passear de bicicleta ou de patins curtindo uma das paisagens mais lindas que se possa imaginar: planejamento urbano misturado com excesso de verde, o que nunca incomoda, e uma natureza nativa que obriga a sentar para admirar.
[Olho texto=”Eu amo Brasília! E, para quem ainda não ama, vai o meu convite: bora almoçar na minha ou, por que não?, na sua cozinha?” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
E tenho conhecimento para falar: Brasília prospera a cada dia. Tanto na riquíssima cultura – e ressalto a música, em uma constante ebulição –, bem como a poesia, em um verdadeiro alvoroço de ideias e artistas, quanto no povo querido e acolhedor e, também, na culinária igualmente rica e advinda de todo lugar. E nossa linda capital não deixa de ter esse viés calmo e tranquilo, sendo, por isso, considerada um dos melhores lugares para morar.
Aqui fiz e faço amigos de qualidade indescritível! Neste lugar existe a maior diversidade de gentes de todas as regiões do país e cada vez mais do globo que se possa imaginar. E, se o brasileiro tem a cara de todo mundo, com o passaporte mais requisitado do planeta, Brasília tem a cara de todo brasileiro e é justo nessa pluralidade que se encontra a razão de tamanha riqueza de recursos humanos nunca jamais vista!
Eu amo Brasília! E, para quem ainda não ama, vai o meu convite: bora almoçar na minha ou – por que não? – na sua cozinha?”
Christianni Viegas Zago, 48 anos, advogada, mora na Asa Norte