09/03/2020 às 16:53, atualizado em 10/03/2020 às 15:26

Paciente com coronavírus tem equipe exclusiva de atendimento 

Mulher de 52 anos apresenta quadro agravado em virtude de doença preexistente e está em UTI de área isolada do Hran 

Por Jéssica Antunes, da Agência Brasília

A paciente diagnosticada com coronavírus no Distrito Federal tem uma equipe exclusiva para atendimento e está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da área isolada para tratar da doença no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Desde que foi transferida do centro de saúde particular, ela teve melhora no quadro, mas voltou a piorar. A situação é agravada por doença preexistente.

Segundo a Secretaria de Saúde (SES), a mulher, de 52 anos, apresentou melhora no quadro clínico nesta segunda-feira (9). Ainda em estado grave, mas estável, ela respira com ajuda de aparelhos e conta com suporte hemodinâmico. A paciente apresenta síndrome respiratória aguda severa e comorbidades que agravam a situação, razão pela qual se encontra sob cuidados intensivos da equipe multidisciplinar, com todo o suporte técnico-científico.

A mulher esteve recentemente no Reino Unido e na Suíça. Começou a apresentar os sintomas em 26/2 e deu entrada no pronto-socorro de uma unidade particular sete dias depois, com febre, tosse e secreções. Lá, ela testou positivo para coronavírus e chegou a ser internada na UTI, mas foi removida para o Hran depois de o hospital privado informar que não estaria preparado para atuar no caso. Amostras enviadas ao Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, confirmaram o diagnóstico.

Doença preexistente

De acordo com o infectologista Eduardo Hage, o agravamento da situação da paciente se deu pela doença preexistente. Não fosse por isso, conforme o protocolo internacional, ela poderia estar em isolamento domiciliar ou internada em leito comum. Quando deixou o hospital particular, a paciente não estava entubada – condição à qual precisou voltar, no Hran, onde, após teve leve melhora, voltou a piorar.

O Hran é unidade habilitada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratamento e possui um andar isolado exclusivo, onde a paciente está internada a paciente. Eduardo Hage conta que ela tem uma equipe exclusiva de atendimento.

“É uma situação diferente dos demais profissionais, que compartilham outros pacientes”, explica. Há cuidados padronizados de quem lida com pessoas em isolamento, como toda uma paramentação que é descartada ou higienizada quando o serviço termina.

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Alerta, mas sem pânico 

A SES concedeu entrevista coletiva para tratar do tema antes mesmo de o diagnóstico ser confirmado. O infectologista Eduardo Hage esclareceu que a pasta deu início ao protocolo de busca de pessoas com quem a paciente teve contato, seja durante a viagem, seja na chegada ao país.

Ela teve contato direto com dois familiares, que receberam recomendação de isolamento domiciliar. A lista de passageiros que compartilharam os voos foi solicitada à Anvisa. “Todos serão monitorados, acompanhados e, quando necessário, terão amostras colhidas e analisadas”, relata o médico, segundo o qual a notícia não justifica pânico: “Não há motivo para reação exacerbada. Tratamos o caso como importado, e não há transmissão local no DF”.

A capital federal está em situação de emergência no âmbito da saúde pública desde 29 de fevereiro. A medida tem como objetivo alinhar as ações de enfrentamento da doença. A situação permanecerá pelo período de 180 dias. Apesar disso, a pasta conseguiu antecipar as aquisições de insumos, o que, segundo o secretário Osnei Okumoto, torna a capital abastecida.