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31/03/2020 às 13:00, atualizado em 31/03/2020 às 19:25
O dramaturgo baiano visitou a capital pela primeira vez em 1995 e se apaixonou. Anos depois, o destino o traria novamente à cidade. Então, a paixão virou amor com direito a muitas cenas felizes
[Numeralha titulo_grande=”21″ texto=”dias para os 60 anos de Brasília” esquerda_direita_centro=”centro”]
Em homenagem à capital federal, formada por gente de todos os cantos, a Agência Brasília está publicando, diariamente, até 21 de abril, depoimentos de pessoas que declaram seu amor à cidade.
Quando cheguei em Brasília, em 1995, pisei pela primeira vez no Minhocão da Universidade de Brasília. Vim de ônibus de Salvador para o Encontro Nacional de Estudantes de Comunicação. Discutir a profissão, dormir no chão em colchonetes, comer na hora errada e ir para todas as festas nos endereços mais mirabolantes.
Foram 10 dias ao lado de estudantes de todo o Brasil entre debates, aulas de rádio e muitas descobertas. Era tão bom que não queria sair do mundo UnB para conhecer turisticamente a capital federal.
Até que meu amigo André Manta me fez um convite: encontrar nossa colega Maíra Cristina, que estava temporariamente na cidade, hospedada num cinco estrelas do Setor Hoteleiro Norte e com um carro alugado na garagem.
[Olho texto=”Saímos em tour pela cidade monumental. Parecia uma cena de filme europeu. Posso me lembrar de cada detalhe daquele passeio de ruas retas e paisagens curvas.” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Saímos em tour pela cidade monumental. Parecia uma cena de filme europeu. Posso me lembrar de cada detalhe daquele passeio de ruas retas e paisagens curvas. Sob as nossas cabeças, havia aquele céu que mais parecia uma projeção cinematográfica. Gritei pela janela: “Oh, Brasília, quero morar aqui”.
Seis anos depois, Brasília mandou me chamar. Chegava de Salvador para trabalhar na cidade num convite que veio de forma completamente enviesada. Não conhecia ninguém. Quase 20 anos depois, tenho ao meu redor um patrimônio de amigos e sete gatinhos adotados. Brasília me ensinou a me encontrar com o outro, a recebê-lo em casa, ir pro fogão para cozinhar, dividir o prato, as dores e as alegrias.
Quase 20 anos depois, não me dedico unicamente à apaixonada função de jornalista. Sou também um diretor e dramaturgo de teatro com produção continuada. Estreei em Brasília, que me deu a oportunidade de buscar sonhos engavetados e soltá-los ao ar como borboletas que hibernavam num longo casulo.
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Quase 20 anos depois, descobri a delícia e a diversidade de morar e correr pelas cidades do DF. Brasília me deu esse salvo-conduto de transitar por entre os tantos territórios e testemunhar essa mistura de brasilidades e de outras nacionalidades.
O maior patrimônio que herdei de Brasília foi mesmo a coragem. A cidade nasceu sob esse signo e acredito que, numa conexão mágica, quase espiritual, aspirei esse sentimento-fé.
Brasília, a única forma sincera de retribuir a esses quase 20 anos depois é te dizer que “corajosamente, te amo.”
Sérgio Maggio é jornalista, diretor-dramaturgo do coletivo Criaturas Alaranjadas Núcleo de Criação Continuada