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09/04/2020 às 15:00, atualizado em 07/04/2020 às 21:24
Servidora pública criada entre o Cruzeiro e o Plano Piloto, ela diz que, sim, o brasiliense, é um povo diferente. “Aqui a privacidade é preservada e os amigos são para toda a vida.”
[Numeralha titulo_grande=”12″ texto=”dias para os 60 anos de Brasília” esquerda_direita_centro=”centro”]
Em homenagem à capital federal, formada por gente de todos os cantos, a Agência Brasília está publicando, diariamente, até 21 de abril, depoimentos de pessoas que declaram seu amor à cidade.
Nasci em Brasília na década de 1970 e cá estou, desde então. É muito difícil definir minha cidade sem fazer alusão às suas ruas largas e arborizadas. Claro que isso, nos dias de hoje, se resume a uma pequena parte da cidade, mas porque não sonhar que esta arborização se estenda também nos dias de hoje?
Lembro-me que todas as casas ou prédios tinham árvores na frente dando aquele ar de aconchego que só a natureza nos concede. Sempre adorei andar pelas avenidas de Brasília só para observar nossos frondosos ipês, flamboyants e mangueiras que brotam por toda parte. Isso sem falar de outras árvores frutíferas que estão espalhadas pela cidade, como as jaqueiras que dividem o Cruzeiro do Sudoeste e as amoreiras espalhadas pelo Parque da Cidade.
[Olho texto=”Até hoje Brasília também é lembrada pelas excelentes bandas de rock e, como boa brasiliense que sou, também adoro esse estilo musical. Até hoje, por exemplo, cultivo o hábito de escutar Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude.” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Passei boa parte da minha infância e adolescência entre Cruzeiro, onde toda minha família residia, e Asa Sul onde estudava. Dentre os lugares que frequentava e até hoje adoro estão o INL, biblioteca que atualmente está em reforma na SQS 505; a loja Vitamina Central, sempre servindo sucos deliciosos e naturais; e o Parque da Cidade. E porque não lembrar também dos passeios após as aulas no ParkShopping?
Até hoje Brasília também é lembrada pelas excelentes bandas de rock e, como boa brasiliense que sou, também adoro esse estilo musical. Até hoje, por exemplo, cultivo o hábito de escutar Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude. As músicas iam além de uma melodia ritmada, passavam mensagens bacanas e muitas descreviam nossa cidade, nos sentíamos representados. Tantas letras contestadoras e que ainda fazem sentido.
De tempos em tempos ouço dizer que Brasília é uma cidade fria, que as pessoas não se cumprimentam e que muitos que vêm de fora não se adequam a essa aparente frigidez e ao fato de não termos esquinas.
No entanto, falo com sinceridade: nós somos um povo diferente. Primeiro, porque não queremos estar sempre atrelados à política. Estamos, sim, a alguns minutos do Congresso Nacional, da Esplanada dos Ministérios, dos Tribunais Superiores e, claro, da Presidência da República, mas temos nossa identidade.
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Somos um povo que respeita muito a privacidade alheia e, se pecamos por tal característica, fiquem tranquilos, após a amizade formada pode-se contar com ela para toda a vida. É comum a nós brasilienses encontrarmos um amigo após dez anos e começarmos a conversar como na semana passada tivéssemos almoçados juntos. Assim somos nós.
Por opção pessoal decidi nunca me mudar de Brasília. Cresci, me formei, construí minha rede de amigos, minha amada família e desejo que meus filhos possam desfrutar dessa cidade também fazendo o mesmo.
Como tudo na vida é cíclico, espero que voltem a dar atenção à arborização da cidade para que seu clima volte a ser como antes; que a segurança de voltar para casa de madrugada após uma festa seja frequente; que os amigos que meus filhos façam sejam eternos, assim como os meus; e que a vida econômica da cidade seja ascendente.
Fabiana Kelly Ferraz, 46 anos, servidora pública, mora em Águas Claras