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11/04/2020 às 15:00, atualizado em 11/04/2020 às 16:42
Francisco Joaquim de Carvalho, que completa 60 anos neste sábado (11/4), chegou em 1975 à Universidade de Brasília. Lá, vendeu livros, fez gerações de amigos e deu lições de vida
[Numeralha titulo_grande=”10″ texto=”dias para os 60 anos de Brasília” esquerda_direita_centro=”centro”]
Em homenagem à capital federal, formada por gente de todos os cantos, a Agência Brasília está publicando, diariamente, até 21 de abril, depoimentos de pessoas que declaram seu amor à cidade.
“Hoje (sábado, 11/4), completo 60 anos, a idade de Brasília. Tudo começou quando meu pai faleceu no Piauí e minha mãe colocou seus oito filhos no pau de arara e veio para a capital recém-inaugurada em busca de melhores condições de vida. Atrás de trabalho, oportunidades. A viagem durou 10 dias. Era 1969 para 1970. Aqui nos instalamos em Sobradinho, onde moro até hoje e gosto muito daqui.
Comecei a vender jornal, um jornal que não existe mais, chamava Diário de Brasília. Então, promoveram um concurso para eleger o maior vendedor do jornal e eu consegui vender 500 exemplares no mês. Ganhei até uma bicicleta Caloi.
Nesse tempo, conheci a dona Chica, que já morreu. Foi ela que me levou para a UnB, em 1975 (ela tinha uma banca de jornal na universidade), o que mudou o meu destino. Eu era um jovem de 15 anos. Antes, eu vendia jornal para um público mais popular e lá, na Universidade de Brasília, o público era diferenciado. Eles não queriam ler só os jornais locais. Me pediam o Jornal do Brasil, a Folha de São Paulo, o Estadão, de circulação nacional. Pra mim esse início foi muito importante.
[Olho texto=”Acho que o grande diferencial na minha história é, além do amor pelos livros, essas amizades e a lealdade delas. Meu grande tesouro são os leitores e os amigos que fiz. Faz diferença ter essas amizades, ainda mais em tempos de internet.” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Fiquei com a dona Chica até 1979. Aí, arrumei emprego em uma livraria, já extinta, chamada Galilei, e, depois, trabalhei em outra livraria chamada Literatura. Isso fora da UnB. Nisso conheci um livreiro que tinha vindo do Rio de Janeiro e que me ensinou muita coisa, o Nelson Abrantes. Ele me dava tanta informação sobre literatura brasileira e estrangeira que eu até sonhava com os livros à noite.
Ele me falava de Lima Barreto, de Graciliamo Ramos. Foi a partir desse momento, nos anos 1980, que comecei a ter proximidade com esses autores. Aí, eu li O Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, um livro importantíssimo para a minha formação.
Então, voltei para a UnB, fiquei desempregado e comecei a vender livro de mão em mão. O professor pedia uma bibliografia, eu corria atrás e conseguia o livro. Comecei a frequentar a universidade, ia no Departamento de História, e no de Economia, via os livros que os professores pediam para os alunos lerem, fui pegando amizade e ganhando a confiança dos professores.
Trabalhei assim, informalmente, até os anos 1990, quando consegui o espaço onde eu tenho a livraria até hoje. Foi uma luta muito grande. Mas as amizades que fiz foram muito importantes. Até hoje mantenho contato com quem conheci naquela época. Eu sou privilegiado de ter conhecido três gerações de estudantes da UnB.
Estou vendendo livros lá há quase cinco décadas. Eu conheci o pai, que hoje deve estar com 70 anos, o filho, que tá com 40 e o neto de 20. Muita gente ainda lembra de mim de quando estudou na UnB. Por exemplo, quando os netos prestam vestibular, o avô leva para fazer matrícula, lembra de mim, me apresenta e eles viram novos leitores.
Acho que o grande diferencial na minha história é, além do amor pelos livros, essas amizades e a lealdade delas. Meu grande tesouro são os leitores e os amigos que fiz. Faz diferença ter essas amizades, ainda mais em tempos de internet.
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Houve um distanciamento muito grande entre as pessoas e a gente sofre muito com essa questão. A juventude hoje gosta mais da internet do que do livro. Eu fico muito preocupado com as gerações futuras. É preciso voltar ao livro físico, à leitura diária. O livro causa um encantamento que não dá para explicar.
O sonho de Dom Bosco foi concretizado por JK. E acho que foi muito difícil transferir a capital do Rio de Janeiro e construir uma cidade no meio do nada. JK, Lucio Costa, Oscar Niemeyer, o calculista Joaquim Cardoso – e mais tarde, em 1962, com a fundação da UnB, o Darcy Ribeiro e o Anísio Teixeira -, entraram para a história e mudaram o Brasil ao construir Brasília, juntamente com Israel Pinheiro e Bernardo Sayão.
Brasília vai fazer 60 anos e eu espero que ela chegue aos 600 dando a mesma alegria para seus moradores. Os grandes centros hoje no Brasil estão problemáticos e Brasília ainda é segura, confortável e muito boa de morar. Vida longa para a nossa capital.”
Francisco Joaquim de Carvalho, o Chiquinho da livraria da UnB, 60 anos, morador de Sobradinho