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26/04/2020 às 10:26, atualizado em 26/04/2020 às 10:31
A exposição está na Ceasa e os trabalhos são dois artistas da cidade
Imagine se as águas do Lago Paranoá virassem hortênsias azuis e os arcos da Ponte JK, folhas de palmeiras. Ou se as conchas do Congresso fossem feitas não de ferro e concreto armado, mas de coité (cabaça) e bambu. E se a Torre Digital de Sobradinho se transformasse num imenso arranjo de ipês amarelos a partir de um tronco chamuscado encontrado na rua?
Pois, graças à habilidade e sensibilidade de dois artistas florais e a generosidade dos produtores de flores da cidade, essa arte pode ser vista até o dia 30 numa exposição na Associação Brasiliense de Produtores de Flores e Plantas do DF, a Central Flores, localizada na Ceasa. A iniciativa é uma homenagem da categoria aos 60 anos da nossa capital.
“Brasília é a capital da esperança. E é nisso que acreditamos, em esperança de que tudo vai melhorar. E nós produtores, funcionários, artistas florais reforçamos a importância das flores em nossas vidas”, destaca a empresária e produtora de flores, Márcia Jakubowski, idealizadora do projeto.
“Essa pandemia veio para nos ensinar que o amor ao próximo é essencial, então através da minha arte eu tento passar para as pessoas amor, paz de espírito, leveza e muita fé em Deus” ensina o designer floral, Higor Lima, há 18 anos emprestando seu talento à essa técnica milenar. “Tento, por meio do meu trabalho, realizar sonhos e levar alegria para as pessoas”, emenda o artista, que dividiu os trabalhos com o colega Rogério Firmino Salustiano.
Ao todo, serão expostos no local, seis trabalhos, todos feitos com as flores e plantas produzidas no cerrado brasiliense e comercializadas pelos empresários do ramo na Ceasa. A ideia inicial era promover um concurso de arte floral tendo como inspiração os 15 monumentos mais representativos da cidade. Mas devido às limitações impostas pelo crise do coronavírus, que impende aglomerações de pessoas, o evento foi readaptado. Por enquanto.
“Tivemos que readequar o evento ao momento em que vivemos, mas no ano que vem a ideia e transformar essa exposição num concurso”, avisa Mária Jakubowski.
Flores solidárias
Além da Ponte JK, do Congresso e da Torre Digital outros espaços icônicos da cidade ganharam uma versão. Os deslumbrantes vitrais da artista pernambucana, Marianne Peretti, por exemplo, foram representados por um belo arranjo feito por uma flor tropical, chamada Heliconia Sassy. O Jardim de Burle Marx, paisagista que decorou com beleza alguns pontos da cidade, foi feito com diversas folhagens do cerrado num painel.
“A gente gosta de trabalhar com material diferente, mas não estranho, o trabalho foi fluindo e assim nossos arranjos foram nascendo”, conta Higor. “Há uma simbologia por trás de cada trabalho. O tronco queimado encontrado na rua, por exemplo, é para as pessoas verem como Brasília fica na época da estiagem, quando não tem chuva e o ipê, que um símbolo da cidade, a grandeza”, explica o artista.
Não é a primeira vez que a Associação Brasiliense de Produtores de Flores e Plantas do DF se solidariza com a pandemia. Em março, a categoria doou flores a hospitais da cidade, em apoio aos profissionais da saúde.