21/05/2020 às 08:00, atualizado em 01/08/2021 às 01:34

Benfeitorias em série nas escolas de Samambaia

Unidades de ensino público aproveitam ausência de aulas em razão da pandemia para melhorar o que já estava bom

Por Ary Filgueira, da Agência Brasília | Edição: Fábio Góis

| Foto: Lúcio Bernardo Jr. / Agência Brasília

Samambaia tem 42 escolas e todas já haviam tido algum tipo de reforma quando as aulas retornaram em fevereiro. Porém, com a ausência dos alunos, que cumprem isolamento em casa, a Coordenadora Regional de Ensino da cidade resolveu melhorar o que já estava bom. A coordenadora regional, Franquilene Silva Machado Fernandes, autorizou os diretores a realizar uma nova rodada de reformas. Atualmente, cerca de 20 unidades passaram por algum tipo de melhoria.

Um exemplo é o Centro de Ensino Fundamental 427. Tanto que a diretora, Claudelice Gonçalves de Freitas, acha que a escola merece ser reinaugurada, de tão diferente que ficou depois do trabalho. “Está mudando tudo”, explicou, sem esconder a satisfação. Com verba do Programa de Descentralização Financeira e Orçamentária (Pdaf) e o devido contrato de manutenção, ela reformou os banheiros.

Claudelice fez até um banheiro inclusivo, para pessoas com deficiência. “Parece de shopping center”, elogiou a coordenadora regional, durante visita à unidade.

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O colégio tem sistema de som moderno, que contempla a campainha de música, e uma central de monitoramento com imagens de 30 câmeras. Além disso, internet e salas de informática, algumas delas climatizadas. Para suportar essa carga, a empresa Burity está substituindo a fiação antiga por um tipo mais flexível. “Ela suporta mais carga que a outra”, disse o engenheiro Leonardo Leão.

Diante do novo cenário, com intervenções que alteraram a própria identidade estrutural colégio, Claudelice faz uma mea culpa: não fez fotos sobre o “antes”, para comparar com o “depois”. “Não tem importância. Quero olhar para a escola atual todos os dias. Assim, linda.”

Ainda em Samambaia, a direção do Centro de Ensino Médio 414 aproveitou a brecha no calendário escolar, em razão da pandemia de coronavírus, para executar as obras. Também surgiu a oportunidade de tentar resolver dois problemas que atormentam alunos e professores: o número de assaltos nas redondezas, além das agressões entre parentes de alunos dentro da escola.

| Foto: Lúcio Bernardo Jr. / Agência Brasília

A fórmula foi a seguinte: a biblioteca trocou de lugar com o portão de acesso dos alunos à escola, que ficava na parte dos fundos. A entrada dos alunos agora é feita pela região virada para as casas vizinhas ao colégio, onde há mais iluminação e movimento de gente.

A antiga entrada, para onde se mudou a biblioteca, fica ao lado de uma área deserta e com pouca iluminação. Isso facilitava a investida dos assaltantes, que aproveitavam o cenário escuro para atacar estudantes quando estes acessavam a escola por ali.

Outro benefício levado aos estudantes com a mudança da entrada – principalmente os que utilizam transporte público – é que o portão de acesso fica a poucos metros da parada. A mais ou menos 50 metros do ponto, o que diminui o percurso deles a pé. “Nunca mais teremos assaltos”, vaticina o diretor da unidade, Márcio Carvalho da Costa.

O espaço da frente, que se tornou a entrada dos estudantes, acomodou ainda a parte administrativa, que inclui a secretaria. Com isso, quem não é aluno da escola fica impossibilitado de entrar no colégio. “Antes, aqui, tínhamos várias agressões de pais de alunos a colegas dos filhos com quem se desentenderam lá fora. Como a secretaria era lá dentro, ou seja, perto das salas de aula, eles fingiam que iam para lá e mudavam o caminho para bater nos desafetos dos filhos”, explica Márcio.

Gestão

A mudança dos departamentos no CEM 414 faz parte de um pacote de obras que a direção executou com recursos próprios, ou seja, com verba que vem de fontes como o Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (Pdaf), ou com a empresa executora do contrato de manutenção, a Construtora Burity. Com R$ 380 mil, a direção construiu um bloco administrativo, fez um novo acesso dos alunos ao colégio e realizou várias benfeitorias.

| Foto: Lúcio Bernardo Jr. / Agência Brasília

Economista por vocação, Márcio, que é ex-policial militar e atual diretor de escola, instalou data-show em todas as salas, carteiras anatômicas – que se moldam ao corpo do aluno –, reformou os laboratórios de informática e ciência. Além disso, a empresa Burity trocou o quadro de escrever das salas, agora mais moderno – o novo equipamento dispõe de riscas verticais e horizontais que facilitam a didática. “Agora dá para escrever retinho e criar gráficos usando a sinalização”, explicou o engenheiro da Burity, Leonardo Leão.

O colégio tem 11 mil metros quadrados. A área está quase toda ocupada, mas de forma responsável. Tem auditório, espaço de convivência, quadra poliesportiva e até espaço destinado a funcionários terceirizados – cozinha, banheiros e lugar para descansar, por exemplo. Mesmo com tanto investimento, Márcio ainda conseguiu poupar dinheiro para eventuais emergências. “Tenho R$ 46 mil para eventualidades”, informou.