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22/05/2020 às 10:00, atualizado em 22/05/2020 às 11:24
Em entrevista à Agência Brasília, diretor-geral do órgão conta que, com redução de 45% no fluxo de veículos nas rodovias do Distrito Federal, autarquia consegue dar andamento a obras pela capital
As obras nas rodovias do Distrito Federal não param. Desde o início da gestão, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) entregou 35 obras, tem 17 em andamento e outras quatro previstas para serem lançadas ainda neste ano. Em tempos de limitações provocadas pela pandemia de coronavírus, todos os cuidados são tomados para garantir que as execuções sigam em segurança. Para o diretor-geral da autarquia, os serviços prestados são essenciais. Em entrevista à Agência Brasília, Fauzi Nacfur revela que ruas vazias são vantajosas para prosseguir com ações pela capital. Confira abaixo:
Estamos em um momento delicado com a pandemia de coronavírus. De que forma as limitações afetam os serviços do DER?
Desde o primeiro decreto assinado pelo governador, servidores do grupo de risco foram afastados, então perdemos um pouco o efetivo, o que diminuiu a produção. Por outro lado, a redução do fluxo viário em torno de 45% facilitou a execução de serviços, tanto de obras novas quanto de manutenção. E conseguimos tirar proveito da situações que causariam transtorno à população com movimentação maior. O DER não parou, muito pelo contrário. Entendemos que os nossos serviços de rua são essenciais. Podemos destacar as operações tapa-buraco, a troca do pavimento na saída do túnel do aeroporto e a recuperação de pontes que desabaram em áreas rurais.
[Olho texto=”Com a pandemia e redução do fluxo nas vias, há falsa impressão de que o motorista pode andar em alta velocidade. Não pode.” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]
Considerando as limitações e restrições, como o DER trabalha pelo Maio Amarelo?
Nosso lema neste ano é “Perceba o risco. Proteja a vida”. Pela atual situação, não podemos ter abordagens físicas, panfletagem, contato direto com motoristas, ciclistas e pedestres, então usamos outras estratégias para manter a conscientização. A tradicional iluminação dos monumentos em amarelo remete ao tema, mas, além disso, trabalhamos em campanhas nas redes sociais, em dez frontlights espalhados pelo DF e nos 50 painéis móveis veiculares que circulam pelas rodovias. Nesta semana, inclusive, teremos a doação de sangue de agentes. Diante das circunstâncias, trabalhamos com o possível para tratar de tema tão importante. Com a pandemia e redução do fluxo nas vias, há falsa impressão de que o motorista pode andar em alta velocidade. Não pode. Excesso de velocidade continua sendo a principal causa de acidentes, seguido por uso de celular e álcool, e isso não pode ser esquecido.
Recentemente, o DER adquiriu termômetros para aferir a temperatura dos servidores. Além do afastamento do pessoal do grupo de risco e essa medida, quais cuidados o departamento tem adotado para que os profissionais continuem tocando obras na capital?
Todas as medidas básicas foram adotadas, como presença de álcool gel em todas as equipes e uso de máscaras. A aferição de temperatura é constante em todos os postos de trabalho e, além disso, foi alterada a logística das equipes para manterem distância entre si, evitando aglomerações. Com tudo isso, o DER passa praticamente ileso ao coronavírus.
Segundo o último levantamento de receitas e despesas do DER, a autarquia arrecadou R$ 15.135.572,32 com multas de janeiro a março. Como essa verba é gerida?
Temos uma resolução do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) que indica exatamente o que podemos fazer com esse recurso: fiscalização, operação, educação e manutenção. Com essa fonte, fazemos sinalização horizontal e vertical, pequenas obras para melhorar a engenharia de trânsito. É muito útil porque conseguimos fazer bastante coisa nas nossas rodovias.
O maior investimento desses recursos é com conservação de rodovias – cerca de 30% do arrecadado (R$ 4.288.535,24). Em que consiste essa conservação?
A conservação de rodovias envolve um leque maior de possibilidades, então sempre terá mais valor investido. Vai desde um tapa-buraco até uma reconstrução. Envolvendo engenharia de trânsito, pode ser usada para fazer novo acesso para melhorar fluxo, por exemplo. Já esse recurso não pode ser usado na construção de uma nova estrada, por exemplo.
A operação tapa-buraco é uma das demandas mais pedidas pela população. De que forma o departamento tem atuado para atender todas as solicitações?
A gente tem um trabalho grande junto à Ouvidoria e recebemos demandas das administrações regionais. Temos os cinco distritos rodoviários e cada um é composto por equipe de tapa-buraco, que sempre percorre as regiões fazendo esse serviço. Algumas pessoas têm certo preconceito com esse serviço, mas a cobertura de buracos é forma de manutenção de rodovia em qualquer lugar do mundo e funciona. Quando tem pista com estado crítico e tanto buraco fechado que fica irregular e tem que partir para restauração asfáltica, que é mais caro.
Desde 2019, o DER finalizou 35 obras, tem 17 em andamento e quatro previstas para este ano. Quais são as prioridades?
O DER tem a característica de atuar, ao mesmo tempo, em pequenas e grandes intervenções, com o objetivo de melhorar a fluidez do trânsito e a harmonia entre os diversos modais de locomoção – veículos, ciclistas e pedestres. Talvez a maior entrega dos últimos tempos seja a o Trevo de Triagem Norte (TTN) e a ligação Torto-Colorado, mas há ações menores com ótimos resultados, como a criação da terceira faixa e agulha de acesso ao Parkshopping, os novos retornos nos Lagos Sul e Norte, novas ciclovias e as iluminações com energia solar de faixas de pedestres. Em fases de dificuldade, sem volume grande de recursos, trabalhamos com pontos críticos e uma saída são os viadutos. Temos autorização para a construção de cinco novos viadutos em pontos de entroncamento importantes – do Recanto das Emas com Riacho Fundo II, do Paranoá com Itapoã, e de acessos a Sobradinho, à Esaf, e ao Riacho Fundo.
A manutenção entra nessa lista de prioridades?
Não podemos esquecer jamais da manutenção, tanto do concreto quanto do pavimento. O DER é focado não só em construir, mas em manter o que tem. Temos várias obras de restauração e revitalização. Acabamos de entregar o Eixão completamente novo, recuperado e sinalizado, por exemplo. A mais importante rodovia está com cara de primeiro mundo. Com 60 anos de Brasília, temos rodovias que chegam ao fim da vida útil e precisam ser recuperadas. Temos dois contratos de execução de projeto – da Epig e do Pistão Sul – para que sejam restaurados.
[Olho texto=”Temos 56 passarelas em todas as rodovias e estamos restaurando todas, em um cronograma de dois anos.” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
O departamento fez o planejamento de manutenção das passarelas áreas das rodovias. Qual é o panorama atual?
Temos 56 passarelas em todas as rodovias e estamos restaurando todas, em um cronograma de dois anos. Já fizemos algumas no ano passado, como as Núcleo Bandeirante e da Candangolândia, depois seguimos para a Estrutural e para a EPTG. Temos em torno de 40% delas restauradas. Agora seguimos em pontos do Pistão Sul, em Taguatinga; na DF-005, em frente ao Varjão; na DF-003, na subida do Colorado; e na BR-020, em frente ao Condomínio Império dos Nobres. O objetivo é dar total segurança aos pedestres na travessia. Algumas delas estavam enferrujadas, com piso danificado, problema no guarda-corpo. Tudo está sendo recuperado.
A obra da Saída Norte foi uma das que recentemente foram entregues. Dá pra ter uma avaliação do impacto positivo para a vida dos motoristas que passam por ali?
Com certeza e verificamos isso com nossas câmeras de monitoramento e estatísticas de trânsito. Nós dobramos a capacidade geométrica da via. São duas pistas com três faixas cada, o que significa que conseguimos diminuir pela metade o movimento. Os benefícios chegam aos motoristas com redução do tempo de deslocamento, com mais fluidez e segurança viária com o Complexo Joaquim Roriz.
A Ponte do Bragueto foi outra obra muito demandada pela população. Qual era o estado dela quando a gestão iniciou e o que temos de resultado?
Essa ponte era objeto de polêmica há mais de 10 anos em função da condição da estrutura construída na inauguração de Brasília e que começou a apresentar danos. Quando assumimos a gestão, havia um um projeto de restauração. Fizemos ajustes e conseguimos começar, em outubro de 2019, a tão esperada restauração completa. Hoje podemos falar que a Ponte do Bragueto é nova, da fundação ao pavimento.
Ali ainda falta a ciclovia completa. Qual é a previsão de entrega dessa última etapa?
A obra da ciclofaixa é de nove quilômetros. Já temos três quilômetros prontos e agora, com o fim das chuvas, a empresa consegue trabalhar na execução das seis restantes. Esperamos que até o fim do ano consigamos entregar completa.