23/05/2020 às 16:38, atualizado em 24/05/2020 às 23:36

Hospital no Complexo da Papuda atenderá em regime normal

Inicialmente idealizada para atendimento específico a pacientes de Covid-19, unidade ficará como legado e terá sua estrutura ampliada  

Por Jéssica Antunes, da Agência Brasília | Edição: Chico Neto

A estrutura do hospital, inicialmente destinado  aos pacientes de Covid-19, será ampliada após a pandemia | Foto: Renato Alves / Agência Brasília

O Complexo Penitenciário da Papuda terá uma unidade de saúde implantada em caráter definitivo. Idealizado como espaço para atendimento a casos de Covid-19, o hospital de campanha que está sendo construído no local ficará para a população carcerária, dos servidores e dos trabalhadores do meio prisional. A expectativa é que o modelo seja replicado na Penitenciária Feminina.

[Olho texto=”“Ficará como um hospital definitivo para atender não só detentos, mas aqueles que trabalham e podem precisar de atendimento aqui”” assinatura=”Governador Ibaneis Rocha” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

“Vamos deixar um legado para o sistema penitenciário do DF”, declarou o governador Ibaneis Rocha, em visita ao local, neste sábado (23). “Ficará como um hospital definitivo para atender não só detentos, mas aqueles que trabalham e podem precisar de atendimento aqui. Isso é uma cidade que tem mais de 15 mil residentes, e temos que dar atenção. É trazer dignidade.”

Estrutura completa

Com investimentos em torno de R$ 5,9 milhões, a obra prevê cerca de mil metros de área construída, dez leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com equipamento avançado para ventilação mecânica e outros 30 leitos de enfermaria com suporte.

[Numeralha titulo_grande=”R$ 5, 9 milhões” texto=”Total aproximado de investimentos na obra” esquerda_direita_centro=”centro”]

Será possível separar os ocupantes pelo perfil– como integrantes de facções e ex-policiais – ou por doença, sendo a unidade adaptável a qualquer patologia após a pandemia de Covid-19.

Já foram concluídas as fundações das obras e da infraestrutura para a rede elétrica e cabeamento de dados, assim como a montagem dos módulos pré-fabricados – semelhantes a contêineres, feitos de material resistente a fogo.

O projeto prevê sistema de isolamento térmico e acústico, além de uma rede de fibra óptica para se interligar ao sistema da Secretaria de Saúde (SES), com suporte para as câmeras de vigilância.

Demanda antiga

A visita do chefe do governador ao Complexo da Papuda foi acompanhada pelos secretários de Saúde, Francisco Araújo; de Segurança, Anderson Torres e pelo subsecretário do Sistema Penitenciário, Adval Cardoso.  De acordo com eles, a necessidade de atendimento médico no complexo é alvo de reclamação há anos. Conforme o governador, a intenção é levar o mesmo modelo ao presídio ocupado por mulheres.

“Apesar de ser investimento, representa uma economia para o sistema penitenciário – no deslocamento de presos pela cidade, nas escoltas, nas viaturas”, explica Anderson Torres. “Facilita nosso trabalho, dá mais segurança para a população.”

Gerenciamento 

A mudança de Hospital de Campanha para unidade definitiva é decisão administrativa. O subsecretário de Infraestrutura em Saúde, Isaque Albuquerque, explica que a escolha por materiais técnicos sólidos e resistentes permite a mudança.

Sob gestão da SES, o modelo de contratação adotado, inicialmente, será o de gestão integrada de leitos prontos, como no Mané Garrincha e no Hospital da Polícia Militar. Isso porque o caráter emergencial para atendimento da pandemia e do crescimento de casos que atingem servidores e apenados exige celeridade no funcionamento.

“O equipamento já vem no pacote com enfermeiro, médico, fisioterapeuta, e todos os serviços são contratados com gestão integrada dos leitos”, adianta o subsecretário. “No fim, todos os ativos, mobiliários e equipamentos ficam para a Secretaria de Saúde.”

De acordo com Isaque, o primeiro desafio de construir um hospital dentro do complexo penitenciário é o prazo, diante do cenário da pandemia no meio prisional, que demandou solução rápida. Além disso, é preciso aliar fluxos de saúde e segurança.

“O ambiente precisa estar preparado para assistir o paciente e, ao mesmo tempo, reproduzir aspectos de segurança de uma unidade prisional, desde grades, materiais usados, posicionamentos das equipes de segurança e de áreas administrativas das equipes de enfermagem, para que não fiquem expostas”, explica.

Mané Garrincha 

Já em funcionamento, o hospital de campanha instalado no Estádio Nacional de Mané Garrincha recebeu, na sexta-feira (22), os cinco primeiros pacientes transferidos do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A estrutura foi equipada com 197 leitos, sendo 173 de enfermaria adulto sem suporte de oxigenoterapia, mais 20 de suporte avançado e quatro de emergência.

Os pacientes internados na nova estrutura estão em leitos com suporte de oxigênio. A previsão é que outros 15 pacientes, em fase de recuperação, sejam transferidos neste sábado (23).